Apartam-se

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Harry e eu nos afastamos imediatamente. A cor púrpura em suas bochechas denunciou seus pensamentos. Minhas mãos suavam tanto...

— O que foi que te aconteceu? — Renie disse para a minha mão avermelhada e os pingos de sangue debaixo do meu pé.

Ele examinou os ferimentos e os curou usando feitiços muito eficientes, concentrado. Estranhamente concentrado demais.

— Você tá bem? — perguntei ao perceber isso.

Renie manteve os olhos longe de mim. Caminhou para se afastar e ficar perto da lareira. A pouca luz do sol bateu estranho no rosto dele, deixando sua palidez ainda mais mórbida.

Tive um mau pressentimento do que ele ia dizer. Ele não sabia o que fazer com as mãos e suas costas estavam dobradas de modo que seus ombros ficavam muito baixos.

— Você recebeu alguma herança do Sirius? — ele disse para o chão num tom amargurado. Depois de alguns segundos de silêncio me encarou.

— Recebi... um colar — respondi.

— Só isso? E você, o que recebeu?

Harry hesitou por um momento quando Renie o olhou com a pergunta.

— Ele me deixou o número 12 do largo Grimmauld — Harry disse.

Renie sustentou o olhar dele sem dizer nada e eu tive medo de que ele fosse virar um coiote e atacá-lo. Era a cara dele ficar irritado por essa discrepância entre as heranças. Eu não me importava com isso. Eu amava minha casa e o colar dos Black era lindo; mais do que querer uma herança gorda de Sirius, eu queria que ele ainda estivesse conosco.

— Que bom para você. Recebi um diário, uma luva maldita e uma esmeralda falsa — Renie retrucou para Harry.

— Tenho certeza que Sirius teve boa intenção... — eu disse. — E tenho certeza que somos bem-vindos na casa que ele deu ao Harry, não é, Harry?

Eu implorei com os olhos para que ele concordasse.

— Claro que sim — Harry disse, acenando positivamente.

— Eu duvido que Sirius tenha prestado atenção no que tava me dando — Renie insistiu.

— Pra quê ficar tão ressentido com isso? — questionei.

Esperei por um grito de raiva ou uma tirada de escárnio, como ele sempre fazia.

Mas Renie apenas olhou, distraído, para a janela.

Merlin! cadê meu irmão?

— O que Dumbledore tem feito, Harry? — ele perguntou.

Harry franziu os lábios enquanto o encarava de volta, mas era óbvio que não ia dividir tal informação.

— Não é culpa dele se Dumbledore não quer que a gente saiba o que ele tem feito — eu disse. — Não descarregue sua raiva nele...

— Eu pareço com raiva? — Renie perguntou com o tom de voz controladíssimo e o semblante inexpressivo. — A verdade é que nós dois temos o direito de ficar bolados com esse favoritismo, mas tô superando. Fui atrás daquelas profecias pra seguir em frente...

Sua voz falhou e era claro por trás dos olhos dele o quanto doía ter fracassado naquela invasão.

— Astlyn não conseguiu te ajudar enquanto estavam lá? — eu disse.

— Não era pra Astlyn ter ido comigo. Ela me seguiu até o Ministério e não consegui me livrar dela por nada, mas eu tinha um plano pra seguir. Ou eu deixava ela participar ou perdia a chance...

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