Extra: Festa de aniversário de Frerin II - Parte 2

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– Como você pode pensar que nós não iremos te aceitar? – A pergunta foi feita em meio a choro e lágrimas. De fato, foi difícil de discernir algumas palavras, pois os soluços e gemidos. E para completar o drama, Nori enxugava o nariz com a própria barba.

– Somos uma família! – Exclamou Dori, colocando as mãos sobre os ombros de Ori e o sacudindo Nós te amamos! Não faremos nada que te faça sofrer!

Nori tentou falar alguma coisa, mas o choro tornou a sua fala (desta vez) totalmente inteligível. Talvez para expressar o que sentia de outra maneira que não palavras, Nori também se somou a seu irmão mais velho (Dori) em sacudir o pobre Ori.

"Anões parecem ser mais físicos na demonstração de seus sentimentos..." analisou Bilbo um pouco preocupado com o seu amigo, afinal, toda aquela sacudida não devia ser algo saudável para o cérebro!

– Concordo com Nori e Dori – Balin, por sua vez, parecia menos emotivo que seus companheiros anões – você não deveria duvidar de nossos sentimentos como família. Posso até entender a hesitação inicial com base no preceito de nossa raça com uniões do mesmo sexo, a exceção de breeders. Entretanto, acredito que nunca demonstramos ser tão conservadores assim... Francamente, Dwalin!

Dwalin parecia, algo que era raro de se ver, embaraçado. Era a primeira vez que Bilbo notava essa expressão em seu guarda-costas/babá. Aí estava a prova que Dwalin podia assumir a posição de irmãozinho mais novo recebendo sermão do irmão mais velho.

– Bem, parece que... Tudo se resolveu de forma melhor do que o esperado, não é mesmo? – Questionou ao seu esposo que estava estranhamente quieto diante de toda aquela cena.

Esperou, mas não obteve resposta. Bilbo, franzindo o cenho se virou para finalmente encarar o Primeiro rei de Erebor. Tamanha foi a sua surpresa ao encontrar o seu adorado anão discutindo em um tom de sussurro com Bifur, Bombur e Bofur. Eles estavam trocando pedras preciosas.

– O que vocês estão fazendo? – Quis saber o segundo rei desconfiado.

– Ora, Bilbo em quem você apostou? – Questionou Bofur, mas logo recebeu uma cotovelada de Thorin para que se calasse. Tarde demais, a pergunta já fora feita.

– Aposta? Vocês estavam apostando em... – Bilbo arqueou as sobrancelhas – não me diga que vocês estavam apostando algo em relação ao pobre Ori e Dwalin?

A ausência de resposta por parte dos quatro anões confirmava a pressuposição de Bilbo.

– Thorin, será que pode oferecer uma explicação sobre essa questão?

– Bilbo, trata-se de uma aposta amigável entre amigos.

– Amigável entre amigos? – Repetiu e esperou por uma continuação que não obteve, pelo menos não de seu marido. Voltou seu olhar para os outros três anões e esperou.

Bifur fez alguns gestos com as mãos, de forma lenta para que o hobbit pudesse entender.

– Vocês apostaram quem iria revelar primeiro o relacionamento secreto a todos da companhia? Oh! Então vocês já sabiam?

Bifur assentiu e exibiu um meio sorriso.

– Obvio que sabíamos! Só um troll cego não notaria como aqueles dois estavam estupidamente apaixonados, um em relação ao outro. E quanto a tentativa de "ocultar" de nós... Eles eram tão sutis quanto um Balrog sofrendo de azia! – Completou Bofur.

– Apostamos quando eles por fim iriam contar para nós...E especialmente quem iria tomar a iniciativa. – Bombur disse meio descontente entregando alguns diamantes para Thorin, além de um pedaço de salsicha e presunto.

– Oh! Sim... – Bilbo reparou que todos os anões daquele pequeno grupo de apostadores estavam entregando valores preciosos ao seu marido.

– Você apostou no Ori? – Por fim perguntou – E não no Dwalin?

Os lábios de Thorin estampavam um arrogante sorriso, sorriso esse que despertava sentimentos contraditórios em Bilbo. Queria beijá-lo como também desejava esbofeteá-lo. E para completar, Thorin teve a audácia de não o responder.

– Você sabia que Ori iria tomar a iniciativa? – Insistiu o hobbit. Afinal, tal atitude por parte do seu amigo o surpreendeu. Ori quase desmaiou depois de confessar seu amor por Dwalin ao fim da festa de aniversário de Frerin II, mas se manteve firme (mesmo que tremendo) para enfrentar as consequências de seu ato. Dwalin ficou ao seu lado, dando o suporte moral, mas foi Ori que fez a maior parte do trabalho.

– Ori é bastante diligente e corajoso. – Começou a falar Thorin – Sim, corajoso é a palavra correta. Não devemos confundir timidez com covardia. Não devemos esquecer que ele, um jovem acadêmico, se prontificou a acompanhar os irmãos mais velho rumo ao desconhecido... Em me apoiar na jornada da reconquista da Montanha Solitária, na luta contra o Dragão. Ori não vacilou mesmo diante dos obstáculos e perigos mais obscuros e intensos...Por isso imaginei que se alguém fosse tomar a dianteira diante de uma situação possivelmente ameaçadora, esse anão seria o Ori.

Bilbo piscou uma e mais uma vez mais. Se Ori o havia surpreendido antes, Thorin acabara de ocupar o lugar do bibliotecário no quesito surpresa. O hobbit não imaginava que seu marido detinha tal opinião em relação ao Ori. A surpresa sentida por Bilbo logo foi substituído por culpa, afinal, ele mesmo tinha subestimado a força de vontade de seu amigo.

–...E eu também sei que Dwalin é um valoroso guerreiro no campo de batalha, mas também sei que ele é um grande medroso quando se trata de assuntos amorosos. – Revelou o primeiro rei em tom de confidência.

– Ora, é mesmo? – Bilbo sorriu, animado por saber mais sobre tal assunto.

– Sim, é verdade. Quando éramos jovens anões. Tão jovens que nossas barbas sequer haviam nascido, ele desenvolveu uma paixonite por uma das nossas tutoras e escreveu uma carta confessando o seu amor para ela. No momento de entregar a tal carta a anã, ele ficou com tanto medo que a comeu. Sim, ele enfiou a carta na boca e engoliu logo na frente da professora. O problema é que na carta não havia só papel, sabe? Ele também tinha forjado um colar de brilhantes e um anel...Ele engoliu tudo. –Bilbo estava se deliciando com a fofoc... Com as informações privilegiadas que seu amado marido o estava revelando. Quiçá poderia utilizá-las em seu favor no futuro.

– Você deve imaginar... – Thorin tentou manter a expressão estoica no rosto, mas era possível que ver pelo leve tremor no canto de seus lábios que o monarca Durin estava tentando não rir – Como foi difícil depois, no momento que ele foi ao banheiro e tentou caga...

– THORIN ESCUDO-DE-CARVALHO BOLSEIRO-DURIN! – Dwalin exclamou do outro lado da sala, era como se o anão soubesse das intenções de seu suposto melhor amigo.

Uma coisa Bilbo admirava em seus anões: os laços de amizade. Anões forjavam laços com seus companheiros com habilidade de um experiente ferreiro. Eram laços fortes e quase que indestrutíveis. A prova do poder desses laços estava bem ali...Dwalin empunhou seu machado para atacar Thorin. A "amizade" parecia ser superior a nobres títulos e hierarquias. Thorin parecia saber disso, pois logo empunhou a sua própria espada em meio a uma gargalhada.

Os amigos se enfrentavam, recebendo palavras de incentivo de uns (os anões da companhia) e uma expressão reprovadora de outro (especificamente Bilbo).

– Esses anões são excessivamente violentos! – Comentou Duil a Elrond enquanto embalava o afoito Frerin II em seu colo. O principezinho batia palmas, animado com a confusão que assistia. Sua festa de aniversário estava ficando cada vez melhor.


~~**Palavras da autora **~~

A festa ainda não acabou!! Ainda temos a terceira parte...Mais uma revelação a caminho!

Viva Dwalin e Ori! Casal oficialmente oficial kkkk

Desculpe pela a demora na atualização!

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Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora