A despedida

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Bilbo tocou a parede, na verdade estava mais para uma caricia. Tinha voltado para o Bolsão para arrumar suas coisas e se preparar para a longa viagem para Erebor, contudo nunca pensou que fosse tão difícil assim... Estava se demorando o máximo, retardando um processo inevitável. Sobre a sua cama havia algumas poucas roupas que tinha escolhido, Balin disse para evitar de levar muita coisa, garantiu que o rei iria lhe oferecer tudo que necessitasse, a viagem seria longa e não poderia carregar todos os seus pertences... Porém, falar era algo fácil, como poderia abandonar tudo aquilo? O Bolsão era a memória de sua família, principalmente dos seus pais, se sentia protegido naquela grande toca.

– Por que fui assinar aquele contrato idiota... – Suspirou encostando a cabeça na parede e fechando os olhos, talvez aquilo tudo fosse um sonho, ou um pesadelo...Quando acordasse tudo estaria bem, seus pais ainda estariam vivos...Estariam felizes! Já imaginava a sua mãe o chamando para comer e seu pai estaria lendo seus livros na frente da lareira, fumando seu cachimbo e expelindo nuvens de fumaças diversas que as vezes assumiam formas, como anéis, esferas... Era quase mágico.

– Bilbo...Você está bem? –A voz de Drogo fez com que o Bolseiro mais velho despertasse de suas divagações.

– Estou... De certa forma...– Suspirou novamente e forçou um sorriso, contudo temia ter saído mais como um expressão de dor do que de fato um sorriso amável.

– Ainda não arrumou sua mochila de viagem? –Apesar de ser uma pergunta, na verdade era uma afirmação.

– Estou arrumando... –Resmungou Bilbo voltando a atenção para suas roupas, dobrando algumas camisas e casacos, logo notou as roupas sujas do primo –Drogo? Aonde estavas?

– Ah! E– eu...Espera! Aqui! – O menor retirou algo do bolso, era vários saquinhos de tecido escuro e sujo de terra – São as sementes de seus tomates premiados, tomei a liberdade de pegar sementes de aboboras e outros legumes... Coloquei nesses saquinhos... E– eu...Queria lhe dar um presente de despedida, algo que fizesse lembrar do Condado e do nosso lar... –Nesse momento lágrimas começaram a rolar do rosto do menor –Algo que te faça lembrar de mim...

– Drogo...– Bilbo sentiu uma pontada de dor em seu coração com aquela confissão, deixou suas roupas e foi abraçar o jovem primo – Como eu iria esquecer de você? És minha única família... Para mim, você é como um irmão mais novo...

– E– eu... Queria ir com você! –Choramingou.

– Não... Seu lugar é aqui, no Condado, o Bolsão precisa de um Bolseiro para cuidar dele, não é mesmo? – Sorriu Bilbo limpando as lágrimas do rosto de Drogo, sentindo também lágrimas se formaram nos próprios olhos– Você agora será o responsável por isso... Assim poderei partir tranquilo sabendo que essa casa estará em boas mãos... Prometes cuidar de nossa casa?

– Eu prometo cuidar bem dela! – Disse o menor ainda fungando –Mas você tem que prometer voltar...Para me visitar!

– Bem...Acho que não posso prometer isso...– Suspirou tristonho Bilbo se afastado do menor pegando os saquinhos de sementes de sua mão – Nem sei se posso plantar isso em Erebor...Vou viver em uma montanha... Mais precisamente, dentro dela... Terei uma vida muito diferente daqui...

– Sei que dará um jeito! O Bilbo que eu conheço sempre arranja uma solução...Luta por seus sonhos e por expor suas opiniões! – Falou Drogo sorrindo otimista –Mesmo quando éramos órfãos e ainda crianças você nos protegeu e reconstruiu o Bolsão! Você mesmo me disse que nós somos os instrumentos para...

– ...Mudar a nossa realidade...– Completou Bilbo compartilhando o sorriso otimista do primo –Minha mãe sempre dizia isso... "Se a realidade que vivemos não nos traz a felicidade. Mude– a, pois nós somos os instrumentos para mudar a nossa realidade" essas foram as palavras dela!

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora