Daín Pé-de-Ferro, Senhor das Colinas de Ferro

2.6K 340 53
                                    

Em negrito - língua anã (Khuzdul)

~***~


– Você não precisa ir...

Mesmo falando aquilo, sabia que não estava sendo ouvido. A figura se movia na sala, enchendo sua rústica mochila com mantimentos. Sequer permitirá que o ajudasse. Os movimentos eram metódicos e automáticos. Parecia ignorar os ferimentos, ainda frescos por debaixo das ataduras.

– Pelo menos, poderia até que...

– Daín, quanto mais espero, mais meu povo de dispersa pela Terra Média. É necessário que lutemos para nos manter unidos. – Respondeu, mais pareciam palavras ensaiadas e decoradas do que uma fala espontânea.

– Mas, a proposta de seu avô é por demais prematura. Reconquistar Moria? Isso parece algo louco de se fazer, logo após a queda de Erebor! Muitos de vocês ainda estão doentes e feridos... Não possuem anões o suficiente para lutar contra os Orcs que enfestam aquelas montanhas! – Tentou argumentar, mas logo se arrependeu ao receber o olhar penetrante do primo. A raiva e a dor da perda ainda estavam bastante expressos naqueles olhos azuis.

– Daín, você não sabe como é...Seu reino ainda existe. Seu povo ainda vive. Seus tesouros ainda estão salvos. Você tem algo a ser chamado de seu. Um lar. Esse é momento de tentarmos buscar o nosso...

– Thorin... – Daín não sabia o que dizer, aquela batalha estava fadada ao fracasso. Contudo, não podia tinha argumentos fortes o suficiente para dissuadir o seu primo, muito menos teria poder para isso. Era apenas um príncipe e seu pai tinha dado o divido apoio a empreitada de Thór, rei da montanha solitária, ou o rei louco, como ultimamente era conhecido.

– Sou mais forte do que imagina. – Garantiu o jovem anão, forçando um sorriso, mas aquilo não dispersou as preocupações que dominavam o coração de Daín.

– E ele não está sozinho! – Exclamou um anão sorridente, que se entrelaçou os braços os ombros dos dois anões mais velhos. O rapaz esbanjava energia – Eu, Frerin Dúrin, irei protegê-lo! Afinal, nós três sabemos quem é o melhor guerreiro, não é mesmo? Alias, a rabugice de Thorin pode ser um problema! Não se vence orcs lançando olhares mortais, tão pouco, resmungando pelos cantos.

– Frerin... – Thorin tentou se afastar do irmão mais novo, mas este persistiu no abraço forçado – Você não precisa ir.

– Ohhh? Só por que sou jovem? Se notou, meu querido irmão, já tenho barba grande o suficiente e sei manejar uma espada...

– Uma guerra não se mede pelo o tamanho de sua barba, tão pouco a sua habilidade como espadachim. Você só lutou contra o nosso mestre e não com orcs de verdade!

– Sério? – Frerin não parecia desmotivado, continuava a sorrir, seus olhos azuis, tais como Thorin, faiscavam como diamantes brutos sob a luz do luar – Engraçado, adorável irmão, pois sei que você está na mesma situação que a minha... Ambos nunca participamos de guerras propriamente ditas! Ou seja, seu argumento não é válido!

– Ele tem certa razão... – Teve que admitir, Daín.

Como resposta, Thorin soltou um resmungou. Algo que lhe era bem característico. Frerin gargalhou e Daín não pode segurar soltar algumas risadas. O otimismo de Frerin Dúrin estava adormecendo suas dúvidas e receios, ao ponto que o fez acreditar que, quiçá, pudesse rever os primos são e salvos...Sem nenhuma cicatriz horrenda do combate eminente.

Infelizmente, estivera errado...

– Majestade?

Daín submergido do obscuro lago que era suas lembranças. O vento morno acaricia sua face, fazendo levantar com leveza os seus cabelos cor de brasa. Por alguns segundos ficou confuso, não reconhecia a paisagem aonde se encontrava. Ali era mesmo Erebor?

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora