Sopas e Flores

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– Fico feliz que tenham o trazido tão rápido... – Falou Vovó Tûk, retornando do quarto aonde Drogo fora deixado. Os príncipes anões, bem como Adalgrim, ali estavam esperando notícias do jovem hobbit enfermo – Ele diz que não é parecido com seu primo, mas age de forma impulsiva e não leva em consideração a sua segurança, tal como Bilbo. Esses dois hobbits, se eles ainda fossem crianças, receberiam umas belas de umas palmadas; aliás, acho que nada me impede de castigá-los! Se Drogo não tivesse doente e Bilbo longe, eu os faria lembrar quem é a Vovó Tûk!

– Hehe... - Fili riu meio nervoso, pois sentia o imenso poder que emanava daquela velha senhora. Sua aparência pequena, frágil e debilitada pela idade, de nada diminuíam a autoridade e temperamento forte da matriarca do clã Tûk. O jovem príncipe tinha total certeza de que a anciã seria capaz de fazer o que prometia e não queria ser alvo de sua fúria – Bem, ele tinha que ir ao conselho para se defender e expor a sua opinião... Não podia se ausentar daquela votação que iria decidir, de forma errada, o seu futuro.

– Eu até posso compreender as suas intenções, mas se ao menos ele tivesse tomado os seus remédios ou se alimentado... Se vocês não tivessem chegado. qual seria o seu destino? Cairia desmaiado na frente do conselho! Isso só provaria que aquele bastardo do Leoamros estava correto em relação a sua dita "fragilidade"! – Para enfatizar sua irritação a hobbit anciã bateu com a sua bengala no chão, fazendo todos na pequena e confortável sala do Bolsão se sobressaltarem. Todos, menos um.

– O que o Drogo tem? Ele está mesmo doente? O que devemos fazer? Tem cura? – Perguntou Kili ansioso, seus olhos se voltavam para a porta do quarto do jovem Bolseiro como que esperasse que o mesmo saísse dali a qualquer momento.

A vovó Tûk sorriu, dando a entender que sua raiva de momentos antes tinha se esvaído.

– Você deve ser Kili, não é mesmo?

– Sim... - Concordou o anão, ainda distraído olhando para a porta.

– Drogo me falou muito de você...

– Falou? – Agora sua atenção se alterou para a matriarca dos Tûks.

– Sim. - Disse cordial – Irei responder às suas perguntas, jovem príncipe. Como vocês já devem saber pela a carta escrita pelo primo Ada, Drogo sofreu uma tentativa de assassinato. A balsa em que ele se encontrava junto com Prímula, outra protegida minha, foi sabotada. Órfãos, Drogo e ela foram criados juntos e se tornaram grandes amigos. Enfim, durante o passeio de balsa, essa começou a afundar, justamente quando a dupla estava no meio do rio Brandywine... Eles tentaram, em vão, chegar à margem, mas a sorte não os estava abençoando naquele dia. Choveu muito aquela tarde fatídica, o que só os prejudicou ainda mais... Prímula foi jogada da balsa e Drogo pulou nas águas turbulentas do rio para salvá-la. Entretanto, ambos não sabiam nadar.

A velha Tûk parou sua narrativa para enxugar com o seu lenço bordado uma lágrima solitária que escorria por seu rosto enrugado.

– Graças aos Valar que uma patrulha de anões estava por perto e saltaram no rio para resgatá-los. Drogo foi salvo, contudo nossa amada Prímula não...

– Eu sinto muito por sua perda... – Falou Fili em um tom de pesar, sabia muito bem a dor de perder um ente querido, ainda mais daquela forma. Não fora em um campo de batalha, devido a uma doença ou velhice, mas sim resultante de um plano vil que extirpou a vida de alguém que ainda tinha anos de vida pela frente.

A velha Tûk sorriu tristemente.

– Drogo ficou doente, tinha engolido muita água e o trauma do evento o enfraqueceu. Dormiu durante dias, mas ao acordar a primeira coisa que perguntou foi por Prímula e... Vocês entendem que não podíamos esconder a verdade dele, deste modo, contamos; o que desencadeou na sua piora. Drogo se culpou pelo falecimento dela, se recusou a comer e a sair do quarto. Isso durou dois meses, ele nunca poderia se curar totalmente se não se alimentasse e, pelo menos, respirar ar fresco! Hoje, finalmente ele parece ter vencido esse luto auto-imposto... E infelizmente teve que enfrentar outro entrave: esse casamento insano! Devem imaginar o estresse que ele deve ter sofrido com o corpo e a mente ainda fracos.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora