Charadas no escuro

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Glorin andava para o lado e para o outro, tal como uma fera enjaulada, não era uma visão que expressava total controle da situação e pelo visto o ardiloso anão percebeu, tarde demais, esse fato e parou de se mover para encarar seu público.

— Logo teremos a confirmação do cativo do seu hobbit e filho. — Disse se aproximando de Thorin — Me impressiona o quão tranquilo estás, não percebes que posso simplesmente mudar de ideia quanto toda essa situação. Podia, digamos, eliminar a concorrência... Se é que me entende. Contudo, sou um anão honrado e o infanticídio seria uma atitude covarde para alcançar o poder.

O primeiro rei cerrou o punho, como desejava quebrar os dentes tão brancos daquele anão... Mas se controlou, afinal tinha a lâmina de uma espada de um mercenário de encontro a sua garganta.

— Sim, você é muito honrado ao ponto de não desejar matar meu filho, afinal, você sabe tão bem quanto eu que um Durin deve governar, o povo nunca te aceitaria como um governante, logo se esconder por trás de um infante é a posição mais adequada...Ainda mais, não deves esquecer de meu primo Daín, das Colinas de Ferro que ficaria extremamente chateado em saber que seus familiares foram brutalmente assassinados. Uma guerra entre anões iria se iniciar, tenho certeza que isso não seria tão bom para os negócios, não é mesmo?

Um soco. Glorin deferiu o golpe contra o rosto do primeiro rei, arrancando exclamações de assombro e surpresa dos outros membros do conselho. Gloin teve que ser contido por mais de dois mercenários, já que o anão guerreiro urrou de fúria ao ver o seu rei e amigo tratado dessa maneira. Balin observou tudo, impassível, confiava que Thorin soubesse o que estava fazendo... Pelo bem de todos!

— Ponha-se em seu lugar. — Rosnou o anão traidor — Não entendeu que a sua vida está nas minhas mãos!? Como ousa me provocar? Estou sendo compassivo! Lhe dando muitas oportunidades, outro, em meu lugar teria se aproveitado e feito uma grande besteira! Eu, por outro lado, estou negociando, oferecendo alternativas...Deixando seu Breeder e filho viverem! Você devia me agradecer por minha generosidade!

Thorin lambeu o lábio ferido pelo golpe, encarou Glorin com seus olhos azuis, o primeiro rei não precisava falar, aquele olhar já traduzia tudo... Glorin sentiu seu corpo tremer, conhecia a fama do olhar de Thorin Escudo-de-Carvalho Durin, contudo, nunca fora alvo de um olhar como aquele... As palavras não pronunciadas eram bastantes claras:

Eu não serei compassivo quanto a sua punição. Não serei generoso. Não existirá negociação...Somente dor e mais dor.

Glorin engoliu em seco, deu alguns passos para trás, quase tropeçando nas próprias pernas. Aquele olhar permanecia fixo sobre ele, mesmo estando rodeado por seus aliados mercenários, se sentiu encurralado. Não, devia se recompor! Era ele, Glorin filho de Gognus e estava no controle! Não devia temer um rei caído! Na verdade, todos eles deviam estar o agradecendo por tomar a iniciativa para mudar Erebor. Não conseguiam ver que do jeito que as coisas estavam se encaminhavam, a glória da grande montanha estava sendo ofuscada pelos outros povos? Thorin, de início, até o ouvia... Aceitava suas sugestões, criando embargo sobre produtos élficos e humanos. Um anão só devia comprar de outro anão! Isso era tão lógico de entender! Todavia, desde que aquele breeder chegou na corte da montanha solitária, Thorin não mais o ouviu, aliás, percebeu que tudo iria mudar ao receber aquele soco e ser forçado a se desculpar com o reprodutor do Condado. O primeiro rei foi fisgado pela o já conhecido poder sedutor dos breeders, entendia em parte, pois ansiava ter o jovem Drogo atado a sua cama, mas não iria permitir que um reles hobbit e ainda mais breeder opinasse sobre os seus assuntos! O lugar desses seres foi e será sempre ao lado da cama, saciando seus senhores, ou seja, os poucos anões importantes o suficiente para provar daquele exótico fruto. Erebor iria crescer sobre o seu comando...Já podia ver os outros povos terem que se humilhar para conseguir comprar seus produtos exclusivos. Os anões sempre foram os responsáveis por prover os humanos e elfos os metais necessários para suas armas, armaduras, construções... Sim, alguns humanos tinham minas, mas essas pouco se comparavam as minas construídas pelos anões. Thorin não via o potencial que podiam alcançar?! Quanto ouro podiam conseguir?! Não seria nada comparado com o tesouro já existente na montanha, acumulado pelo glorioso avô do atual rei...

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora