Capítulo extra Parte IV: Pengwaedh Cúmaen

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Os arqueiros se organizavam na grande clareira, meticulosamente arrumando seus arcos e flechas. Os alvos estavam dispostos em diversos pontos, espalhados pelos galhos robustos e troncos das majestosas árvores de Mirkwood, criando um mosaico de desafios com tamanhos variados para testar a precisão dos competidores. Legolas observava com um misto de orgulho e expectativa a organização do evento Pengwaedh Cúmaen, do qual ele tinha sido o principal administrador. Tudo parecia fluir conforme o planejado.

O príncipe elfo se acomodou em uma cadeira que parecia ter sido esculpida diretamente no tronco de uma gigantesca e centenária árvore, uma das que formavam o auditório natural onde os convidados se acomodariam para assistir à competição. Sentado ali, Legolas soltou um profundo suspiro, tentando relaxar um pouco. Ele refletia sobre o sucesso do evento até então e ponderava sobre o que viria a seguir. Sua mão deslizou suavemente por sobre sua barriga, e um novo suspiro, agora mais alegre, escapou de seus lábios.

"O que está fazendo? Está com dodói da barriga?" A voz vinha de um pequeno elfo de longos cabelos negros e cativantes olhos azuis, que espiava curioso por trás de um imenso tronco de árvore que arqueava formando uma entrada natural para a seção onde Legolas se encontrava. A criança elfa vestia uma elegante túnica prateada, adornada com um delicado cinto de cor bronze que envolvia sua cintura. O cinto, finamente trabalhado, parecia mimetizar os intrincados galhos de uma roseira, refletindo os detalhes artísticos típicos da cultura elfa.

"Eldafin! O que está fazendo aqui?" questionou Legolas, surpreso e um tanto alarmado ao ver seu irmão caçula ali, não esperando sua presença tão próxima ao coração da organização do evento e longe de seu pai.

O pequeno Eldafin se aproximou de Legolas com passos rápidos, e logo estendeu os bracinhos pedindo colo, algo a que Legolas não resistiu e prontamente o acomodou em seus braços.

"Então?" insistiu o príncipe elfo, esperando que o pequeno príncipe respondesse.

"Escondendo de Atar..." revelou Eldafin com um sorriso travesso nos lábios. Legolas conteve um riso, já imaginando seu pai, o rei de Mirkwood, revirando o palácio na busca de seu filho caçula. Thranduil deveria estar bastante irritado e sequer imaginava que Eldafin havia escapulido de propósito.

"Isso não é certo..." repreendeu Legolas, embora um leve sorriso brincasse em seu rosto. "Atar deve estar muito preocupado..."

"Mas... Ficar sentado é muuuuuuito chato!" protestou o elfo, fazendo um adorável biquinho.

"Eu entendo, mas logo Frerin e Frodo virão para te fazer companhia, e... Cadê Aragorn? Ele não estava com você?" perguntou Legolas sobre o humano adotado por sua família, que havia sido entregue por Gandalf sem muitas explicações.

"Ele também fugiu... Foi atrás de Elladan," revelou o menor, algo que, de fato, não era uma grande surpresa. Legolas sabia que Elladan ficaria bem irritado com o infante o seguindo como um patinho segue sua mãe pata pelos cantos.

"E sua barriga? Está dodói?" Eldafin voltou a inquirir. Legolas às vezes se surpreendia com o quão rápido seu irmão tinha aprendido a falar e articular as palavras. E ainda mais, falando tanto na linguagem comum quanto em Sindarin. Elrond parecia bastante orgulhoso com a habilidade de seu filho nas línguas, mas também informou que o mesmo fenômeno ocorreu com seus outros filhos, talvez sendo algo relacionado à sua herança élfica.

"Não estou com dor, só estou com um pouco de náusea..." começou a explicar Legolas.

"Você está doente?!" alguém interrompeu, fazendo Legolas sobressaltar-se. Ao se virar, seu coração, que antes batia forte devido ao susto, agora continuava a bater acelerado ao ver seu amado se aproximando. Sim, Fili finalmente havia chegado.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora