Nova Aventura - Missão de Resgate

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— Desculpe... — Sussurrou o jovem hobbit, segurando nervosamente a borda de sua camisa, evitando olhar para o primo. Estava envergonhado por seu total fracasso em tentar ocultar a verdade de Thorin, mas o rei anão podia ser persuasivo - ainda mais com aquele olhar avassalador, pior que o fogo do mais terrível dragão. Só bastou um curto olhar para que Kili e Drogo se desesperassem, perdessem a fala e se tornassem incapazes de executar o plano – Eu devia ter feito mais. Digo... Você confiou em mim, e...

A mão quente de Bilbo se colocou sobre a do primo, fazendo com que esse levantasse seu olhar. Ficou surpreso ao ver a feição sorridente e gentil de Bilbo – então, não havia decepção em sua expressão, algo que esperava encontrar no segundo rei.

— Não precisa se preocupar! Sei que você fez o seu melhor. Contudo, também sei que poucos tem imunidade ao olhar fatal do meu querido Thorin. Eu não te culpo!

— Ele parecia muito irritado e triste... Depois de saber que você foi para Dale. Na verdade, nunca o vi tão- Bem... Eu não o conheço há muito tempo, mas ele parecia extremamente decepcionado.

Seu primo soltou um suspiro. E indicou para que Drogo o servisse chá. Estavam sentados em um salão no qual Bilbo tinha denominado "de visitas"; tratava-se de uma sala que servia de passagem para o corredor no qual se encontravam todos os quartos destinados a família real. Antigamente, era só um compartimento sem nenhuma decoração e tampouco iluminação. Tinha um ar um pouco depressivo. O segundo rei resolveu mudar tal ambiente. Um hobbit de respeito deve reverenciar o seu lar e aproveitar os espaços disponíveis, tornando-os úteis, arejados e convidativos. Os anões sabiam ser grandes construtores, mas eram totais ignorantes em relação a decoração. Logo a sala antes morta ganhou vida. Flores frescas. Quadros de paisagens primaveril e outonal. E o toque final: comida fresca. Bilbo sempre fazia chá e biscoitos e trazia para ali, compartilhando com os guardas, alguns servos e membros da família.

Drogo serviu o chá e retirou uma rosquinha para si.

— Thorin pode ser meio... Digo... Totalmente cabeça dura, mas desta vez, a culpa foi minha. Ele estava certo. Me arrisquei muito nessa pequena excursão... Mesmo que... — Bilbo deixou um sorriso transparecer em seus lábios enquanto bebia o seu chá — Uma aventura nunca será algo que conseguirei evitar. Deve ser o sangue Tûk... Mas, enfim, eu não pensei que minhas ações teriam consequências tão negativas, ainda mais levando-se em consideração a marca.

Ao ouvir aquela palavra Drogo levou sua mão ao meio do peitoral, onde deveria se encontrar a dita marca. Lógico que agora não tinha nenhuma letra élfica antiga escrita em sua pele alva. Ainda. Falar da marca gerava a direta associação com Kili. Sabia que um dia teria sua alma compartilhada com o príncipe anão. Aquele destino lhe causava receio pela simples possibilidade de influir no tempo de vida do seu amado... Todavia, aquela marca também era como uma demonstração extrema de amor. Estariam juntos. Na vida e na morte.

— Se algo ocorresse, mesmo que fosse altamente improvável, colocaria em risco não só a minha vida, mas a de Thorin também. E quem iria sofrer mais? O nosso pequeno Frerin! Eu senti a dor de ser órfão... De ter meus amados pais retirados de mim de forma abrupta. Você também compartilha esse sentimento, Drogo... Logo, não desejo um destino assim para o meu filho.

O jovem Bolseiro assentiu em silêncio. Não desejaria um futuro obscuro como esse para ninguém, principalmente o seu primo-segundo.

— Então, vocês brigaram? — Inquiriu, curioso.

— Sim, de certa forma. — Bilbo deu os ombros — Nós sempre discutimos, mas rapidamente nos reconciliamos e... — Um leve rubor dominou o rosto do hobbit mais velho — Digamos que foi uma boa reconciliação.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora