Capítulo extra Parte II: Pengwaedh Cúmaen

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"Onde está aquele lindo manto que Erolnd te deu? Aquele cinza e..." Bilbo falava enquanto vasculhava o vasto armário, retirando diversas peças de roupa de um azul profundo, a cor do rei, em outras palavras, a cor favorita de seu marido, o rei de Erebor. Entre elas, apareciam tons mais suaves como laranja e verde claro, cores que Bilbo tinha adotado para si e que, de vez em quando, persuadia seu esposo a usar, quebrando a monotonia do azul predominante.

"Aquela que parece que estou usando lantejoulas?" resmungou o rei anão, enquanto se observava no grande espelho com uma túnica azul escura (não sendo uma grande surpresa).

"Não eram lantejoulas, Thorin... Ele tinha explicado que era um tecido élfico, bordado com fios cintilantes que brilhavam como as estrelas no céu! Você sabe como as estrelas são importantes para os elfos; trata-se de um presente importante!" reclamava o segundo rei, empurrando para o lado mais tecidos azulados e quase mergulhando inteiramente no grande armário.

"Bem, com um manto tão brilhante vão pensar que estou me fantasiando de diamante," continuou a resmungar Thorin.

"Ora, e eu que pensei que vocês anões gostavam de suas gemas e joias! Você me faz usar tantos colares, braceletes..."

"Bilbo, isso é diferente..."

"Diferente, por quê? Por ser élfico? Pois você mesmo me deu uma túnica de mithril que, diga-se de passagem, é bastante brilhosa... E não vi essa crítica tão azeda de moda!" Bilbo por fim desistiu de procurar, encarando seu amado e teimoso anão, colocando as mãos na cintura.

"Bilbo, mithril é um metal mais leve que a seda, mas muito mais forte que o aço! Não se trata de uma simples peça de roupa... é uma armadura para proteção! Não se compara à malha de mithril que te dei com aquele manto..." disse Thorin, com uma expressão que mesclava orgulho e consternação pela comparação.

"Sim, sim... Então, você jogou fora o manto ou o quê?" insistiu Bilbo, agora cruzando os braços diante do peito e batendo o seu grande pé peludo no chão.

"Bem..." Thorin agora parecia encontrar grande interesse em alisar sua barba negra, adornada com elegantes broches de prata trançados nas pontas.

"Papa! Papa! Olha!" subitamente a porta do quarto se abriu e um afoito anãozinho adentrou, usando uma túnica laranja e calças azuis escuras. Nas mãos, ele segurava um arco e uma flecha, uma miniatura da arma para uma criança usar. Isso inicialmente chamou a atenção de Bilbo, afinal, não permitia que seu filho, Frerin II, andasse por aí com armas, mesmo que fossem pequenas e adaptadas ao seu tamanho. Contudo, seu foco logo mudou para a longa capa que seu filho usava e que se arrastava pelo chão, uma peça bordada com fios de prata, com delicadeza e leveza...

"Aha! O manto que estava procurando!" disse Bilbo triunfante, e depois franziu o cenho e lançou um olhar nada ameno a seu marido. "Você deu para Frerin?"

"Oh! Essa é minha capa mágica, Papa!" exclamou Frerin, rodopiando pelo quarto. Ele tropeçou no longo manto e caiu no chão, soltando uma risada, ignorando a tensão entre seus pais.

"Olhem só... O manto que pedi para Frerin trazer para cá, muito bem, filho!" exclamou Thorin, prontamente ajudando seu confuso filho a se levantar após a pequena queda.

"Trazer? Mas, Adad... Você me deu esta capa mágica de presente!" protestou o jovem anão, fazendo biquinho, a desilusão evidente em seu rosto.

"Sim, mas... Agora você poderia me 'emprestar'?" sussurrou o rei, tentando parecer casual.

"Oh! Você também quer usar os poderes especiais de minha capa mágica?" perguntou Frerin, seus olhos brilhando com excitação.

"Er... Sim, gostaria... Você me permite?" Thorin forçou um sorriso, plenamente ciente do olhar reprovador de Bilbo sobre si.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora