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O andar era rápido, os sons de suas botas ecoavam pelos corredores iluminados por tochas, ao seu lado Balin tentava acompanhar o seu rei, mas não tinha o folego a estamina de quando era mais jovem de modo que tinha que correr para conseguir ficar pelo menos alguns passos atrás de Thorin, além disso, havia mais uma força que impulsiona o Durin, a fúria podia gerar um bom combustível para impulsionar o corpo rumo a batalha e essa seria travada na sala de reuniões do conselho.

— Eu vou raspar a sua barba... Glorin terá o rosto que nem um bumbum de bebé! — resmungava Thorin cerrando o punho no cabo de sua espada. Balin sabia que um ato de extrema humilhação para um anão é ter sua barba cortada, é como extirpar de sua honra, além de ter que conviver com a marca de sua vergonha, afinal, até a barba crescer todos verão a face raspada e saberão que aquele individuo deve ter feito um ato imoral para receber tamanha reprimenda.

— O que ele pretende com tudo isso? Retirar o meu trono? E que outro Durin ele pretendo colocar no lugar? — Thorin continuava a resmungar, fazendo pergunta ao ar, sem esperar uma resposta.

— Talvez ele só esteja querendo forçar você dar mais liberdade ao conselho... — sugeriu Gloin que também os acompanhava, um pouco atrás.

— Mais liberdade? Eles já têm liberdade mais do que suficiente... Aqueles anões gananciosos! Se eu lhes entregasse Erebor, aposto que outro dragão logo iria nos atacar novamente, atraído pela avareza! A doença que meu avô tinha se propaga por esses ditos nobres burgueses anões!

Balin assentiu concordando em silêncio, os anões poderiam ser conhecidos por sua sovinice, mas isso estava diretamente relacionado com o trabalho que gastaram para produzir o seu próprio tesouro, os filhos de Mahal eram artesões e mineradores, moldavam as rochas e seus frutos, gemas e outros metais preciosos, gerando produtos maravilhosos e únicos que era um reflexo de seu esforço e cultura. Um anão prezava por sua forja e aquilo que descobriam nas entranhas das montanhas e colinas, por dar o devido valor a isso, acabam por não querer se desfazer das suas moedas de ouro, colares, broches e enfim, aquilo que para ele detinha um valor mais profundo do que apenas a riqueza. Contudo, anões como Glorin, que nem ao menos sujaram suas mãos com a fuligem, suou devido o calor das forjas, usou seu martelo contra o metal fervente, lapidou gemas, adentrou em tuneis sombrios e inexplorados buscando segredos ocultos da montanha ... Não conhece o valor do que Erebor produz, apenas deseja acumular e acumular.

Thorin chegou diante da porta do conselho e a empurrou com tamanha força que a mesma, quando aberta, fez um grande estrondo que ecoou pelos corredores e fez tremer o candelabro de critais e diamantes que adornava o teto da ampla sala. Os anões que ali estava se sobressaltaram ao verem o primeiro rei, alguns se curvaram, outros evitavam o olhar fulminante do Durin, todavia havia outros que tinha a audácia de parecerem altivos diante de tudo, esses estavam ao redor do pomposo Glorin que não expressou surpresa ou mesmo medo com a presença do governante de Erebor.

— Estão vendo? — comentou tranquilamente — Um rei movido pela a emoção claramente não consegue nem ser educado diante do conselho que representa o seu povo.

— Representa o meu povo? — Thorin deu uma risada seca — Alguns de vocês sim representam Erebor, outros, como você, Glorin, filho de Gognus, só representam os seus próprios interesses, tamanho seu egoísmo e orgulho que se torna cego as necessidades do povo... Sendo capaz de trair seu próprio rei.

Os anões soltaram resmungos e exclamações. Seus olhos ora se detinha no primeiro rei, ora em Glorin.

— Isso é uma acusação séria... — analisou o comerciante, mirando sua taça de ouro repleta de vinho — Fala de traição, mas isso depende do ponto de vista.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora