Bard - Rei e Barqueiro

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–... O mel realmente dá um gosto especial ao chá. – Analisou Bilbo bebericando o líquido adocicado de sua xícara.

– Eu te disse. Ainda mais, viu a cor dourada? Isso é que por que coloco as folhas para ferver em uma certa temperatura, não quando a água começa a borbulhar, e os pigmentos se desprendem e colorem o líquido. – Explicou, entusiasmado, Bard.

– Impressionante!

Fili realmente não via nada de especial no chá, a não ser que era demasiado doce. Não entendia o porquê daqueles dois estarem tão fascinados. Dwalin, por sua vez, segurava tão forte a sua xícara que uma hora ou outra o frágil utensílio iria se quebrar em mil pedaços.

– Não viemos aqui para discutirmos sobre chá – Disse, rangendo os dentes –Bilbo, temos um tempo muito limitado, não esqueça disso!

O segundo rei soltou um suspiro resignado. O seu guarda-costas – babá - estava certo; apesar de finalmente ter um tempo para conversar com o seu amigo humano sem os olhares fulminantes do seu marido, não podia se dar ao luxo de perpetuar ali.

– Presumo que vieram aqui por um motivo. Algo muito importante e que o primeiro rei não deveria saber a respeito? – Questionou sabiamente Bard.

– Thorin, de certa forma, sabe o que irei pedir. Na verdade, era para ele tomar a iniciativa desta visita, mas você sabe como é o primeiro rei. Cabeça mais dura que o mais bruto diamante. Simplesmente cansei de esperar e resolvi, eu mesmo, tomar conta do problema. – O hobbit sorriu ao amigo, mas depois tomou uma postura séria – Eu vim aqui pedir um grande favor, algo que não envolve política ou tratados comercias. Te peço esse favor como Bilbo Baggins do Bolsão e não como o segundo rei de Erebor, entende?

Bard assentiu.

– Dependendo da natureza do favor tentarei lhe ser útil; sabe que aprecio e muito a nossa amizade.

Bilbo novamente sorriu com aquela resposta e depois lançou um olhar a Dwalin - era claro que queria evidenciar que estava certo sobre participar pessoalmente daquela missão. O guarda anão rolou os olhos e resmungou algum palavrão em sua língua.

– Pois bem, primeiro vou resumir a situação meio que critica que estamos vivendo em Erebor...

– Seria referente ao anão que está apaixonado por um elfo? – Inqueriu o humano com um certo interesse.

Fili cuspiu o chá que acabara de beber. Todos o miraram surpresos.

– C-como você sabe disso? – Gaguejou o jovem príncipe, sentindo-se subitamente envergonhado por sua postura.

– É uma fofoca que ouvi pela rua. Parecia mais uma história inventada em uma taberna para entreter os tolos, ou mesmo contos fantásticos que as mães contam as suas crianças. Vocês sabem? Como a história que os Hobbits surgem da terra, como plantas. – Explicou Bard dando um meio sorriso.

– Como é que é? Eu posso gostar de jardinagem e agricultura mas isso não me faz de mim uma planta! – Bilbo reclamou, abismado com a falta de informação do povo. Daqui a pouco vão pensar que Frerin nasceu como? De um vaso de sua estufa?

– Bilbo, se acalme. – Pediu Dwalin, vendo como o pequeno rei reagiu. Bem possível que lhe viesse outra ideia insana de sair pelas ruas da cidade explicando para cada humano sobre o que era um hobbit, detalhadamente.

– Foi apenas um exemplo. O mestre anão está certo, não precisa levar tão a sério. – Bard bebericou o chá, tentando ocultar o sorriso nos lábios. O guarda anão também escondeu o seu próprio sorriso. Era difícil não se divertir com os ataques de fúria do segundo rei - principalmente quando não se era o alvo deste dito ataque.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora