Os verdadeiros inimigos estão próximos

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Drogo estava mirando os próprios pés enquanto seguia pelos longos corredores de Erebor. Deveria estar com a cabeça levantada - sabia disso, pois essa era uma oportunidade de decorar os caminhos, já que seu primo o estava acompanhando – contudo, não conseguia encarar Bilbo depois de ele tê-lo flagrado naquele momento tão íntimo com Kili e, para piorar, Thorin também estava presente. Aquele era só o seu segundo dia em Erebor e já estava ansiando fugir, envergonhado.

– Teve uma boa noite de sonho, presumo? – Bilbo inquiriu, talvez tentando puxar assunto enquanto caminhavam. Drogo lambeu os lábios, pensando em uma resposta adequada e, principalmente, neutra. Não queria entrar no assunto delicado sobre o seu romance, apesar de saber que é só uma questão de tempo... Cedo ou tarde o flagrante embaraçoso seria relembrado.

– S-sim. Mesmo que fiquei meio confuso, não tinha janelas em meu quarto então não sabia se o sol tinha levantado ou não.

– Te entendo, sempre estivemos acostumados a guiar nossas atividades de acordo com o ciclo do sol. Antes do amanhecer cuidávamos do jardim, com o nascer do sol voltávamos nossa atenção para a preparação do primeiro café da manhã, o sol ainda está firme no horizonte quando saímos para fazer compras da feira de Hobbiton. Bem antes que o nosso astro solar estivesse no meio do céu, voltávamos para preparar o segundo café da manhã... E assim vai. Mas os anões vivem debaixo da montanha, na escuridão de seus túneis de pedras preciosas; seu ritmo é diferente dos hobbits.

– E como eles se guiam então? Digo... Eles devem ter uma hora de dormir e acordar...

– Veja! – Drogo levantou os olhos para poder ver o que o seu primo o estava apontando: era um instrumento cheio de engrenagens, fincado na parede de mármore bem no meio do corredor. O estranho objeto fazia um barulho constante e periódico. Tinha uma grande placa com desenhos variados, duas setas, sendo uma longa e outra curta que estavam dispostas em meio a placa arredondada. Havia desenhos nas bordas desta mesma placa, e escritos em uma estranha língua, a qual deveria ser Khuzdul – Os anões, além de serem conhecidos por suas habilidades de mineração e guerreiros fortes e resistentes, são perfeitos engenheiros e artesões. Isso é só mais uma de suas obras, chama-se relógio. Eles mensuraram o dia; nós também fizemos isso usando medidores solares, lembra-se? Havia um no meio da praça em Hobbiton. Também temos ampulhetas, contudo esse relógio é bem mais preciso. Existem as horas e estas são divididas em minutos, minutos em segundos... Com isso, sabemos exatamente em que momento estamos durante o dia. Por exemplo agora trata-se de 10 horas e 15 minutos da manhã. – Explicou, apontando para as setas. Drogo estava totalmente maravilhado com aquela invenção, talvez ainda mais surpreso em saber que anões - tal como Kili– poderiam criar algo tão útil.

– Agora, lembre-se: isso é segredo. – Sorriu Bilbo ao primo – Os anões não gostam de compartilhar suas descobertas, são extremamente possessivos e desconfiados. Contudo, até que alguns relógios dos mais simples e menos precisos são comercializados com os homens, mas os melhores ficam retidos em Erebor.

O jovem Bolseiro assentiu com a cabeça, concordando, então os dois recomeçaram a caminhar pelo o corredor.

– Irá perceber outras invenções interessantes em seu quarto, mais tarde. O banheiro é abastecido com água quente! Creio que essa é uma das melhores invenções!

– Isso é incrível! – Exclamou, imediatamente ansioso por tomar um longo e relaxante banho quente. Já iria perguntar sobre mais invenções quando Bilbo parou subitamente; Drogo pode ver que o seu primo ficara tenso e segurava o pequeno Frerin de encontro ao peito. Um outro anão estava logo a frente e guardas o acompanhavam. Será que ele seria da família real? Tinha tantas joias nos dedos e nos cabelos que o Bolseiro ficou impressionado; nem Thorin e muito menos Dís usavam tamanha fortuna no corpo.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora