Os dois reis sob a Montanha

Capítulo extra Parte VI: Pengwaedh Cúmaen

"Que vergonhoso!" foram as palavras de Legolas, proferidas enquanto ele encarava a multidão de homens, anões e elfos com um olhar tão intenso que poderia rivalizar com o de um dos mais ferozes dragões. "Parece que já esquecemos o propósito desta competição e também das alianças feitas! Na verdade, parece também que, embora me tenham escolhido como o principal organizador do Pengwaedh Cúmaen, não tenho nenhum respeito por parte de vocês!"

"Não, isso não é verdade, Vossa Alteza..." uma elfa ousou falar, apenas para silenciar-se sob o peso do olhar que não só Legolas, mas também o mago lançava sobre ela.

"Bem..." pigarreou Gandalf, olhando ao seu redor. "O que o mestre Legolas diz contém muita verdade. Como vocês podem ver," ele indicou com seu longo cajado, cuja ponta emitia uma tênue luz, a figura do príncipe herdeiro de Erebor, Fili Durin, que naquele momento embalava uma criança elfa nos braços, "aqui está o seu companheiro, um exemplo da união de amor entre um elfo e um anão. Suas críticas claramente menosprezam os sentimentos de nosso anfitrião."

Com essas palavras, muitos elfos pareceram genuinamente envergonhados. Thranduil abriu caminho entre a multidão para, por fim, se aproximar de Fili e pegar seu filho, Eldafin, nos braços.

"Gandalf está correto," falou o rei de Mirkwood. "Legolas e Fili são um casal e a personificação da aliança entre as raças. Sei que os anões podem ter muuuuitos defeitos..." disse isso, enfatizando e alongando a palavra "muitos" ao ponto de Thorin emitir um resmungo irritado e Elrond pigarrear.

"Mas eles são nossos aliados e podem ser nossos amigos," completou Duil, recebendo um aceno de concordância de seu filho Legolas.

"Nós pedimos as mais sinceras desculpas," disse um elfo, curvando-se em uma reverência graciosa que foi prontamente imitada por seus pares. A luz do entardecer filtrava suavemente através das copas das árvores altas, lançando sombras longas e douradas sobre a assembleia reunida.

"Nós também pedimos perdão," ecoou Théoden, governante dos Rohirrim, com uma solenidade que reverberava o respeito pelo evento. "Fomos convidados para este prestigioso evento, para fortalecer nossos laços e não para criar discórdia."

O mago assentiu para o monarca, apesar de seu olhar eventualmente recair sobre Denethor, que optou por se manter distante das desculpas, preferindo saborear seu vinho e comer algumas uvas em silêncio.

"Pois bem..." Legolas exalou um suspiro e, com um gesto instintivo, levou a mão levemente à sua barriga. Esse gesto foi prontamente acompanhado por Fili, cujos olhos refletiam apreensão. "Aceito as desculpas de vocês, e com isso, podemos de fato começar a competição!"

Ao dizer isso, o som melodioso e poderoso das trombetas prateadas elficas ecoou. O som vibrante se propagou pela floresta, fazendo com que uma revoada de pássaros alçasse voo no céu azul de verão da Terra Média, enchendo o ar com um espetáculo de cores e movimento.

E assim, finalmente, teve início ao Pengwaedh Cúmaen.

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Fili estava preocupado e excessivamente desconfiado, tanto que mal conseguia prestar atenção na competição à sua frente. Ele notou, com certo orgulho, que seu irmão, Kili, se destacava entre os rivais. Era evidente o descontentamento e surpresa dos elfos ao verem um anão arqueiro superando alguns de seus mais habilidosos arqueiros. No entanto, Fili estava tão distraído que apenas captava fragmentos do evento.

O que realmente intrigava Fili era a ausência de Legolas entre os arqueiros. Embora ele fosse o coordenador do evento, esse papel não o impedia de participar, já que não estava envolvido diretamente no julgamento dos competidores. Fili notou que seu parceiro estava profundamente envolvido na competição de uma maneira diferente, torcendo fervorosamente por Tauriel e Elladan. Legolas reagia com grande intensidade aos sucessos e falhas — exclamando e até soltando palavrões em élfico, o que surpreendeu Fili, pois ele não esperava que os elfos demonstrassem tal ardor e expressividade em seu vocabulário.