Inimigo à espreita

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O ar frio dominava a noite e ainda era mais congelante com a proximidade do inverno. Contudo, o clima pouco afetou o líder do estranho grupo que jazia sobre uma das colunas do ermo. Ele se destacava dos seus companheiros por ter uma pele esbranquiçada, e as várias cicatrizes em seu corpo indicavam experiência em batalhas diversas, o que devia lhe conferir o respeito e o temor dos outros membros de sua raça. Seus olhos azuis pálidos vasculhavam o terreno a sua frente; montado em seu warg albino ele se sobressaía no espaço, mas com a chegada eminente da neve talvez não se destaque tanto assim... O inverno seria a época perfeita para aquele orc assassino aterrorizar seus inimigos.

Os rastros dele são difíceis de seguir... Os wargs não estão acostumados com o seu cheiro. – Falou em um tom grutal um dos orcs para o seu líder, que apenas meneou a cabeça.

Uma criatura que viveu por muito tempo na escuridão das Montanhas Sombrias acabou por perder o seu cheiro, sendo impregnado pelo o odor fedido das profundezas da montanha e dos corpos de suas vitimas. Ele tem mais de 400 anos... Muito tempo para mudar, muito tempo para permanecer oculto dos olhos e servos do grande mestre. – Disse o orc albino, olhos ainda vagando pelo ambiente.

O que faremos?

Eles irão se acostumar com seu cheiro... – Nisso acariciou a pelagem branca de seu lobo gigante – Vamos encontrá-lo... Ele não tem onde se esconder. Conseguimos expulsá-lo da montanha, o único caminho a se seguir será rumo a Erebor.

Isso é um problema! Os anões... E ainda mais os elfos... Não! Não devemos chegar à fronteira deles! Devemos retroceder! – Um dos orcs falou afoito e nervoso. Tinha perdido o olho direito para um machado anão e, além disso, algumas de suas cicatrizes nas costas são fruto de flechas élficas - apesar dos machucados serem de anos atrás, a dor ainda era persistente.

Tem medo dos anões? Elfos? – O líder gargalhou com escárnio, e subitamente chutou o companheiro, o fazendo cair do seu warg – Eu decapitei um rei anão... Pretendo fazer o mesmo com o maldito rei atual. Thorin... Aquele maldito...– Rosnou levantando sua mão decapitada agora substituída por um gancho de metal retorcido – Não temo os anões e tampouco os elfos. Ainda terei a chance de matá-los e consumir suas carnes, mas esse combate não será hoje. Não admito covardes em meu grupo. Não devemos temer a ninguém, somos nós que devemos causar o medo!

Desculpe... E-eu... – Tentou falar o orc caído, mas foi calado pelo rosnado do warg albino.

Nossa missão é capturar a criatura gollum... Mas para fazermos isso – Sorriu o orc igualmente albino – Nossos farejadores devem estar bem nutridos, não achas?

Não! Azog! M-misericórdia! – Clamou, mas antes que pudesse suplicar ainda mais, os lobos o atacaram. Seus membros foram arrancados, e seus urros de dor e desespero se propagaram pelo ermo, cortando a noite.

Misericórdia? O que pensa que sou? Um humano? – Riu Azog, limpando respingos de sangue negro que caíram em seu rosto devido ao "jantar" dos seus wargs. Os outros orcs permaneceram calados. Compartilhavam uma expressão de apreensão e admiração, e não queriam ser as próximas refeições, desta forma, teriam que se esforçar mais ainda para alcançar seu objetivo: Gollum seria achado e trazido ao mestre.

Erebor... - Falou Azog, olhando para o horizonte, na direção que deveria estar a grande montanha – O reino desgraçado dos anões. Eu ainda irei destruí-lo com as minhas próprias mãos. – Levantou o gancho – Eu serei o novo rei sob a montanha, essa foi a promessa de nosso mestre. Terei a cabeça de Thorin, bem como de toda a sua linhagem medíocre.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora