Amores passados e atuais

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Quantos dias já tinham se passado? Legolas presumia que quase uma semana havia se transcorrido desde que fora jogado em seu cárcere. Bem, na verdade, sua cela mais parecia um quarto de hóspedes, com direito a uma confortável cama e três fartas refeições diárias. Todavia, não dispunha janelas e a única porta estava fortemente guardada. Seu pai realmente pensava que o deixaria trancafiado daquela maneira por 300 anos? Aquilo o levaria a loucura! Um elfo precisa de espaço, principalmente contato direto com a natureza, algo que aquele quarto não conferia. Como iria praticar o arco e flecha? Sem dúvida aquela prisão era uma verdadeira tortura.

– Legolas? – Um sussurro foi ouvido advindo de espécie de buraco que havia no alto de uma das paredes, onde se permitia a circulação do ar. O príncipe elfo olhou para os lados, tentando avaliar se os guardas que estavam do lado de fora não tinham ouvido o chamado e esperou. Vendo que não teve nenhuma reação, correu até a parede e pegou uma cadeira, subindo na mesma para se aproximar mais do seu único contato com o exterior.

– Tauriel? – Sussurrou, incerto.

– Lógico que sou eu! Só alguns dias no cárcere foram o suficiente para afetarem sua cabeça e diminuir sua inteligência? - Resmungou sua fiel amiga e Legolas sorriu; algo que não fazia desde muitos dias.

– Eu só queria ter certeza.

– Bem, eu peço desculpas por não ter conseguido te visitar antes; digamos que nosso amável rei me conferiu diversas tarefas para me manter bastante ocupada, além de negar meus pedidos de visita.

– Já imaginava que ele iria nós manter afastados.

Houve uma pausa e depois Tauriel reiniciou a conversa.

– Seu pai te ama muito, você sabe disso, não?

– Sim, eu sei... Mas o modo como está agindo é errado. Me trancafiar aqui não irá me fazer parar de amar Fili. Na verdade, tem o efeito bem contrário – comentou, com certo desespero na voz.

– Acho que seu pai teme exatamente isso...

– O que? Fili? Por ele ser um anão?

– Não. O amor.

– Como assim?

– Pense bem, Legolas. Seu pai perdeu a sua alma gêmea há muitos anos; ele sabe a verdadeira dor de perder alguém que compartilhou parte de sua alma. Se não fosse pela a magia élfica, ele também teria morrido junto com o seu amado, mas você sabe por que isso não ocorreu? O que o impediu de seguir com esse destino?

– Ele estava grávido de mim... - Balbuciou o príncipe elfo. Sabia daquilo, apesar de Thranduil nunca ter mencionado qualquer coisa sobre o falecimento de seu outro pai. Na verdade, o rei elfo evitava de todas maneiras recontar aqueles fatos passados, que pareciam ainda lhe causar tamanha dor.

– Seu pai, creio eu, teme que você sucumba no mesmo sofrimento que ele hoje sofre. Não quer que você escolha um parceiro ou parceira em que está fadado a morte. Um anão pode viver muitos anos, contudo, não é um ser imortal.

– Meu outro pai, Laeroth, era um guerreiro elfo detentor da imortalidade, mas isso não impediu de sucumbir a morte em batalha.

– Sim, eu sei. Por isso Lorde Thranduil também não deseja que Mirkwood se envolva em assuntos além de nossas fronteiras. Quer, de todo modo, evitar algum conflito que leve a um confronto físico.

– Meu pai quer fugir de todo o modo da realidade!

– Seu pai quer te proteger, você é a única coisa que o mantém vivo... O fruto do seu amor passado.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora