O presente de Yule

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Aquela dança era demais para que seu coração aguentasse. Já tinha visto Fili despido, isso era verdade, porém o que estava presenciando ali, com aqueles movimentos, ritmo musical quase que hipnotizante, suor, sentimento. Aquilo era uma nova faceta de Fili que não imaginara ver. Ali, diante da plateia que assistia o espetáculo, Fili não parecia só um príncipe e sim um belo Rei anão. Pelo menos, era o que Legolas pensava. Fili novamente o havia conquistado. O príncipe elfo sentia totalmente a mercê do seu amado anão. Seu corpo parecia vibrar, em ressonância com a música, gestos e olhares de Fili. O anão loiro o mirava com tamanha intensidade que...

— Excitado? — A voz de Elladan em seu ouvido fez com que o príncipe elfo quase saltasse de sua cadeira.

— O que disse? — Sussurrou Legolas para o elfo moreno que, por sua vez, o observava com uma sobrancelha levantada.

— Você estava com essa cara que os cachorrinhos fazem quando veem um grande filé suculento, sabe? Algo muito nojento, já que como sabe, nós elfos somos vegetarianos... Mas, não consegui imaginar uma boa comparação com algum animal herbívoro. Você estava com essa cara que as vacas fazem quando vêem uma grama fresquinha? Tipo, que cara? As vacas parecem ter a mesma cara de tédio...Sempre! Cachorros são tão expressivos, logo, vamos ficar com os eles!

— Elladan... Você está me comparando a um cachorro?

— Uma analogia, meu querido irmão, não precisa ficar todo irritadinho por isso! Você não seria um cachorro pulguento, mas um com pedigree, sabe? Afinal, você é um elfo! Temos classe!

— Por favor, não me chame de irmão. — Praticamente rosnou, mas como sempre, Elladan o ignorou e continuou a tagarelar.

— Enfim, só queria saber se você estava bem...Pois, seria muito estranho ficar ao seu lado enquanto você tinha uma ereção ou algo do tipo. Podemos ser agora família, mas existe limites de familiaridade, entende?

Legolas corou, sentia uma imensa vontade de socar Elladan, esse tipo de familiaridade deveria ser permitido em ser compartilhada entre irmãos, não é mesmo?

— Além disso... — O elfo de Valfenda ainda não tinha terminado — Se seu pai te ver todo vermelho e ofegante deste jeito, imagino qual desculpa você iria inventar. Provável, que o rei de Mirkwood se tornasse um obstáculo para o que você e o príncipe anão pretendem fazer após a dança...

— Como? Digo...Eu e ele não pretendemos... — Gaguejou, seu olhar, automaticamente, voltou-se para a dança. Encontrou Fili com facilidade. Observou seus movimentos, sentiu o olhar do anão sobre si. Só aquele cruzar de miradas foi o suficiente para reviver uma chama em seu peito. Um verdadeiro incêndio parecia se alastrar por seu corpo.

— Não pretendem, é? — Elladan disse em um tom jocoso — Posso encobrir o seu repentino sumiço, sabe?

Isso fez com que Legolas voltasse seu olhar para o outro elfo, claramente surpreso com a oferta.

— Você faria isso? Mas...Por que?

O outro apenas sorriu.

— Somos irmãos. E se te ajudo agora, quiçá no futuro, você também me ajude. — Falou isso arqueando as sobrancelhas de forma sugestiva.

— Claro. — Legolas deixou escapar uma risada. Elladan podia ser inconveniente e intrometido, mas...Talvez... Não fosse tão ruim tê-lo como irmão.

— Então, vá! Será mais fácil inventar uma desculpa sem a sua presença excitada aqui. Indicarei ao seu bobo príncipe anão aonde te encontrar. — Enxotou, literalmente, Elladan, com direito a um gesto de xô-xô com as mãos.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora