A Chegada da Carta

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O alvo estava a sua frente. Tratava-se de uma estrutura de madeira coberta com feno na sua parte superior, e coberta com um tecido de couro. Podia-se ver a pintura em formato circular com coloração variando entre branca e vermelha. Kili podia ver claramente o seu objetivo: acertar o centro do alvo com suas flechas. Seus olhos já estavam bem treinados para aquilo, pois desde que era apenas criança se especializou no uso do arco, mesmo não sendo uma das armas preferidas pelos anões. Muitos até a consideravam uma arma muito élfica, e desta forma, feminina e fraca; contudo, Kili não ligava para aquelas opiniões e por muitas vezes já demonstrara a sua habilidade e como suas flechas salvaram seu tio e irmão durante os combates com orcs antes da conquista de Erebor. O básico de usar o arco é ter concentração, limpar o pensamento de preocupações e tensões... Se concentrar... Acertar o alvo...

– Mais uma caravana chegando a Erebor – Falou um anão que estava no campo de treinamento, em um dos andares mais baixo da montanha. O local era um dos poucos lugares da montanha em que podia-se ver o céu azul e sentir a brisa fria das montanhas. Todos ali podiam ter uma visão privilegiada do portão principal da entrada de Erebor, desta forma observavam quem saia e adentrava com facilidade.

– Caravana? – Kili, que estava segurando a flecha por sobre o fio tensionado do seu arco, acabou por soltá-la ao virar a cabeça para mirar o que acontecia abaixo, nos portões.

– Belo tiro, irmão - Riu baixo Fili, o anão loiro manejava sua espada para os lados, cortando o ar e emitindo um som fino e até mesmo irritante.

O príncipe mais novo voltou sua atenção para o alvo, vendo que sua flecha tinha voado longe e acertado a parede de pedras do outro lado do campo.

– Tsc... – Resmungou, perdera uma flecha. Seria muito difícil recuperá-la naquela altura – Só foi um erro de cálculo.

– Sei... Era mais fácil você justificar o seu erro pela distração. – Nisso, o loiro apontou com a lâmina da espada para a caravana que se aproximava a Erebor, passando pela a ponte de pedra.

– Besteira...

– Toda vez que alguém grita "caravana" você fica todo animado... Mas infelizmente essa caravana veio das Montanhas Azuis e não do Condado.

– C-como se eu ligasse de onde e para onde vão os comerciantes! – Deu os ombros, fingindo desinteresse.

– Bem, tais caravanas trazem cartas... – Provocou o mais velho, rindo ao ver que o irmão tinha corado, mas fingia se concentrar em analisar o seu arco – E uma destas cartas podem ser de um certo hobbit do Condado, primo do tio Bilbo... Qual é mesmo o nome dele?

– Fili! Já chega! – Se voltou para o irmão, evidentemente irritado – O nome dele é Drogo e você sabe! Afinal, recebes carta dele também!

– Oh, calma irmão! – Levantou as mãos em sinal de rendição – Eu recebo cartas dele sim... Mas não fico todo alegre quando vejo uma caravana se aproximando!

– Mas se fosse uma comitiva de elfos...

Agora era a vez de Fili ficar irritado, com um certo rubor que se fez em seus bochechas.

– O que quer dizer com isso?

– Nada. Só que... Toda vez que os elfos de Mirkwood visitam Erebor você fica todo animadinho... – Falou, fingindo analisar as unhas das mãos – Tal como procurasse alguém, talvez um certo elfo de nome Lego...

– SHHH! – Fili cobriu a boca do irmão com a sua mão e olhou para os lados, nervoso. Por sorte, nenhum anão parecia estar ouvindo a conversa dos príncipes – Estás louco?!

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora