Revelações

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A música era uma verdadeira mistura, não só de sons, mas também de raças. Havia uma orquestra formada por anões, hobbits, humanos e elfos. Apesar da clara discrepância de raças, instrumentos musicais e estilo musical, todos pareciam conseguir encontrar um equilíbrio. Uma harmonia. Conseguiram produzir uma melodia única. Essa não era a única demonstração de confluência entre as raças da Terra Média, no imenso salão de Erebor, todos dançavam, independente da origem, da raça, da língua falada.

Gandalf observava tudo aquilo com satisfação. Se imaginara que a união de Bilbo e Thorin seria o catalizador daquela mudança? Não teria uma resposta para tal questão. Sua intuição indicava que Bilbo seria uma peça essencial para o avançar de uma nova era para a Terra Média...Pelo visto, já estava vislumbrando o que essa nova era significava. União entre as raças.

"E precisaremos dessa união para que iremos enfrentar..." Pensou receoso pelo que estava por vir. Esperava que aqueles casais e famílias formandas não fossem afetados negativamente pela tempestade que se formava em Mordor, o reino até então renegado por toda a Terra Média.

– Dizem que quando ficamos mais velhos, nossos músculos faceais começam a travar e ficamos com uma expressão permanente de quem comeu algo azedo e não gostou. – comentou alguém colocando uma caneca de cerveja a frente do mago.

– Não estou tão velho assim. – resmungou o mago aceitando a bebida e olhando de soslaio para o segundo rei de Erebor que se sentava ao seu lado.

– Sério? Quantos anos você tem?

Gandalf pigarreou.

– Essa cerveja não de é origem anã. – comentou, claramente tentando mudar de assunto.

Bilbo sorriu, talvez o mago estivesse naquela fase da vida em que revelar a sua idade se tornava algo embaraçante, logo resolveu não insistir naquele assunto. Afinal, tinha que respeitar os idosos e suas peculiaridades.

– Certamente. Trata-se de uma cerveja oriunda de Hobbiton.

– Humm... – Gandalf bebeu a caneca demonstrando apreciação para a bebida fermentada – Eu tinha quase me esquecido de como era o gosto...Os hobbits são verdadeiros mestras na fermentação da cevada!

Bilbo assentiu, orgulhoso.

– Com sorte outros irão apreciar a bebida e acordos comerciais serão feitos. Posso ser rei de Erebor, mas não esqueci de minhas origens. Também não esqueci como minha raça é menosprezada por outros reinos...Até mesmo os anões. Acham que não temos nada a oferecer e que precisamos de proteção constante. Pois bem, hoje pretendo mudar a visão de todos em relação aos Hobbits!

Nisso apontou para a festa que ocorria ao redor da mesa aonde estavam sentados. Aliás, a mesa em que se encontravam lhes era permitido uma visão privilegiada de todo o evento. Gandalf notou a presença dos Hobbits, alguns serviam as mesas dos convidados, mas não como servos e sim como comerciantes apresentando amostras grátis dos seus produtos. Vegetais, frutos, bolos, bebidas e até mesmo flores.

– Você planejou isso? – questionou o mago com um sorriso nos lábios.

Bilbo apenas assentiu, claramente orgulhoso.

– Muito bem pensado. No passado, os anões ignoravam as evidentes virtudes dos hobbits. Subestimando suas capacidades... Podem não ser guerreiros, contudo, nem tudo nesse mundo deve ser resolvido por meio de guerras, violência e músculos.

– Não poderia estar mais de acordo. – Sorriu o segundo rei.

– Ficou impressionado. Na verdade, não. Já deveria saber o quanto você é capaz de fazer grandes feitos. Inclusive em situação de tensão, como foi ataque que Erebor sofreu, meses atrás.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora