Desolação de Glorin & Festival Yule

3.6K 396 106
                                    


Quando ocorreu o primeiro corte sentira muita dor, mas, depois, o sofrimento por ter sua carne rompida e seus dedos decepados foi substituído por uma sensação e torpor. O sentimento de dor persistia, mas tudo parecia tão distante, era mais como estivesse assistindo tudo de camarote. Um convidado especial para o show que era a sua própria condenação... Talvez sua mente estivesse, por fim, entrando em colapso.

A lâmina desceu, com firmeza e precisão. O golpe foi limpo... Demorou para que constatasse o fato que acabara de perder mais um dedo.

— Esse é pelo o sofrimento desnecessário que fez ao meu filho. — Um anão de cabelos castanhos quase ruivos, balbuciou contendo a fúria que claramente o dominava.

Glorin fitou sua mão, praticamente não havia mais dedos ali... Era uma visão horrenda, aqueles tocos vertendo sangue, podia vislumbrar o branco dos ossos de seus metacarpos. Talvez devesse agradecer que, ao fim, perderia a visão e desse modo não vislumbraria aquele horror.

— E quem você seria mesmo? — Inqueriu, sua voz podia estar débil, mas o seu tom de escárnio que lhe era característico, permanecia — Quem seria o seu filho? Se me recordo bem... O único infante que realmente importava no meu plano era o príncipe Frerin, se seu filho se envolveu foi por puro acaso...Não perderia meu precioso tempo capturando um filhote de classes inferiores.

— Como é que é? Meu Gimli não é importante? Como ousa dizer... — O anão levantou o seu machado, o mesmo que usou para decepar o dedo de Glorin.

— Glóin! — Thorin, o primeiro rei de Erebor, prontamente segurou o pulso do anão cujo o discernimento estava envolto em uma nuvem densa de cólera — Não se deixe enganar pelas palavras lançadas por essa víbora...

— Mas você ouviu o que ele disse do Gimli? — Glóin rosnava, tentava se libertar, mas o rei anão era deveras forte.

— Sim, ouvi. Mas se você acabar com a vida dele agora... Estará fazendo um favor. Esqueceu que ainda falta que seus olhos sejam arrancados e sua língua? E do exilio? Se ele morrer agora, não passará por esse sofrimento...

Thorin sentiu os músculos de seu amigo relaxarem e a expressão de seu rosto suavizou.

— Tem razão! Não desejo uma vingança efêmera. Ele merece essa expiação...

Com essa declaração Glóin foi libertado, mas não antes de cuspir nos pés do anão condenado.

— Devia medir o que falas... Aproveitar o tempo que tens a sua língua intacta. — Comentou o Durin, estavam em uma espécie de fosso, construído tão somente para situações como aquela. Na parte superior, vastamente aberta, os anões de Erebor se amontoavam para assistir a tortura/condenação de Glorin.

— Como se isso fosse realmente importante. Nada que eu diga poderá tornar o suplicio menos penoso. — Resmungou.

— Talvez, mas poderia conservar o pouco de dignidade que ainda lhes resta.

— Dignidade? Eu estou pobre! — Urrou o anão, saliva escorria de seus lábios ressecados — Sem sua fortuna... Que dignidade tem um anão?

— Quando Erebor caiu, eu não tinha nada. Nem por isso perdi minha honra. Trabalhei para sustentar a minha família e recuperei o que tinha perdido. Não é os bens materiais que acumulas que irá definir o que você é. Ouro e diamantes não compram virtudes.

— Já chega... — Rosnou Glorin — Não quero ouvir mais lições de moral!

O rei anão assentiu, fez um gesto com a cabeça permitindo que alguns guardas vestidos de armaduras totalmente escuras se aproximassem.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora