O casamento (Parte 1)

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Ser um arqueiro requeria determinadas habilidades, como concentração e primorosa visão. Um eximo arqueiro seria calculista, pois não era só a questão de encontrar o ponto fraco do inimigo e acertá-lo há metros de distância. Também deveria levar em consideração a direção e velocidade do vento. Contabilizar quantas flechas ainda tinha em sua aljava. E se o inimigo estava por demais próximo, de modo que usar seu arco seria inútil, deveria saber quando era necessário trocar sua tática de combate para o corpo-a-corpo. Muitas variáveis e tudo deve ser analisado no calor da batalha. Logo, um bom arqueiro também era frio e paciente. Era por tais características que muitos estranharam Kili Durin ter escolhido o arco como sua principal arma.

Kili era inconstante, distraído e impulsivo. Não pareciam ser qualidades próprias de um arqueiro, mas, pelo visto, não se deve estereotipar um guerreiro. O príncipe Durin demostrou ter uma destreza admirável naquela arma...Quase podendo ser comparado a um elfo. Quase.

Novamente Kili surpreendeu a todos quando ainda em tenra idade para um anão, pediu Drogo em casamento.

O encrenqueiro Kili iria casar-se? Aquele mesmo anão que passava mais tempo fugindo das responsabilidades associadas ao seu título de príncipe, agora assumiria um compromisso tão sério como o matrimônio? E não era um casamento comum... Era com um Breeder, o que significava entrelaçamento das almas entre ele e seu noivo Hobbit.

Kili não estava brincando. Iria sim se casar. Estava pronto para se entregar àquela nova aventura...Talvez a aventura mais épica de sua vida.

– Acho que vou vomitar... – choramingou o "bravo" Kili quando estava prestes a sair do quarto, para assim se dirigir ao salão cerimonial.

– E por que será? – questionou Fili que dava alguns retoques na sua própria roupa, alisando a sua túnica azul escura, além de avaliar seu aspecto no espelho – Nervoso?

– Talvez um pouco...

– Bem, deveria estar mesmo. Comparado com a cerimônia de casamento dos nossos tios Thorin e Bilbo, a sua será bem superior em termos de convidados como também de festividades. Digo isso, pois só agora temos formalizada e fortalecidas as nossas alianças com o reino dos Homens de Dale, os elfos de Mirkwood e de Valfenda, ademais dos Hobbits do Condado. Representantes desses povos estão todos presentes no grande salão cerimonial de Erebor... Imagine só, caso você faça alguma besteira, tipo tropeçar nos próprios pés, por exemplo, todos irão presenciar tamanho feito!

Kili encarou o seu irmão com olhos arregalados.

– Isso era para me fazer sentir melhor? Diminuir o meu nervosismo?

Fili deu um meio sorriso.

– Ora, obvio que não. Só estou destacando os fatos, querido irmão.

Kili soltou um palavrão e empurrou o ombro do outro.

– Me admira que você não esteja nervoso como eu!

O príncipe mais velho soltou um suspiro.

– Hoje é o noivado, mas tarde haverá um casamento para se preocupar. E como digo me preocupar, não é tão somente com a organização da cerimônia ou como será meu futuro com Legolas...Não. Nossa preocupação é política e, se posso dizer, racial.

– Hã? Como assim? Pensei que o Rei de Mirkwood tinha aceitado sua relação com o Legolas...

– Ele pode ter aceitado, mas isso não significa que todos os elfos compartilham da opinião de seu governante. Legolas me informou que muitos nobres da corte de seu pai se recusam aceitar a mistura do sangue elfo com o anão... E por eu ser o herdeiro ao trono de Erebor tendo um futuro segundo rei elfo, seria de afronta aos elfos, de alguma forma. Um elfo subordinado a um anão, segundo o contrato que rege os dois reis da montanha solitária.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora