Conhecendo o bebê

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O ambiente estava tão tenso e o ar tão pesado que Drogo sentia dificuldade de respirar. Sabia que poderia usar a sua espada (a que roubou de Kili durante a batalha com o orc e que agora a tinha tomado para si) para cortar a camada de ar tal como cortava uma fatia de queijo, tamanha era a densidade da tensão. Estavam todos na ante-sala, diante do quarto de Bilbo e Thorin. Esperavam notícias do parto, claro. Observavam inúmeros servos entrando e saindo, algumas vezes com panos limpos e outras com sujos de sangue. Isso fazia o pequeno hobbit temer pela saúde de seu querido primo e do bebê que iria nascer. Mas outras preocupações também eram adicionadas, como por exemplo, os olhares desconfiados e raivosos que eram lançados a Legolas e a Fili, de um pequeno grupo de anões que se aglomerava ali. Kili lhe tinha sussurrado os seus nomes: Balin, Dwalin, Ori, Nori, Dori, Bifur, Bofur, Bombur e Glóin. Drogo sabia da rivalidade entre as duas raças, afinal, presenciara várias situações, em sua pequena viagem, nas quais elfos e anões discordavam e quase se enfrentaram. Temia pelo o futuro do casal de príncipes... Como Erebor iria reagir ao descobrir que seu príncipe herdeiro está cortejando um elfo, ainda mais o filho do rei elfo que eles pareciam tanto odiar? Drogo sabia que, independente do que ocorresse, estaria ao lado de seus amigos! Sabia também que Bilbo iria apoiá-los. Mas isso não aliviava o nervosismo que sentia.

Pelo menos Dís, a mãe dos príncipes anões, ainda não tinha comparecido ao evento - o que, em parte, parecia trazer certo alívio a Kili e Fili, pois de acordo com os jovens anões, a princesa de Erebor era muito parecia em temperamento com o seu irmão Thorin; ou até mesmo pior. Contudo, Dís não estava presente. Segundo o que Balin tinha lhes informado, o Conselho não quis adiar a tão importante reunião sobre o comércio de diamantes. Ainda de acordo com o conselheiro real, um dos anões, Glorin, foi o único a insistir e convencer os outros anões da perpetuação da dita reunião; logo, a princesa se viu obrigada a ficar até o final.

"Realmente, existem anões parecidos com aquele horrível Leoamros Justa-Correia... Cobiça e maldade tem representantes em todas as raças." Pensou. Como alguém não entendia como aquele evento era importante para a família real? Sinceramente, deveria ter uma pedra de gelo no lugar do coração.

Um grito de dor fez soar do quarto, fazendo todos se sobressaltarem.

– Primo Bilbo... - Choramingou Drogo, temoroso. Não sabia como era o parto de um breeder; na verdade nunca presenciara, pessoalmente, muitos partos. Durante a época dos ataques dos orcs, muitos hobbits optaram por não terem filhos, temendo que o pior ocorresse com seus bebês; além disso, era um período em que o futuro era incerto e temoroso: trazer um novo hobbit para um mundo de dor e sangue não era uma opção atrativa para as jovens famílias. Mas, nos últimos meses, essa ideia pessimista do futuro foi abolida. A esperança foi restabelecida... Provavelmente, dali a alguns anos, o Condado se tornaria novamente populoso, compensando as almas perdidas nas épocas sanguinolentas do passado. Mas essa falta de conhecimento deixava o Bolseiro mais novo inseguro. Queria poder ser mais útil, deveria estar ajudando médico anão, mas como?

–... Você é o culpado por tudo isso que está acontecendo! Maldito anão pervertido! – A voz de seu primo foi novamente ouvida. Drogo não pode conter o rubor que dominou o seu rosto. Os anões, ao ouvirem, aquilo começaram a rir, e alguns até assobiaram e falaram o que pareciam ser incentivos e elogios, na sua própria língua, já que ele não entendeu nada.

"Pelo menos o primo Bilbo está forte o suficiente para brigar com o seu marido, logo, essa perda de sangue não deve ser tão preocupante assim..." Pensou, se sentindo um pouco mais tranquilo.

– Vai ficar tudo bem... - Sussurrou Kili em seu ouvido. O príncipe anão colocou a sua grande mão por cima da do hobbit, que tremia levemente.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora