Mensagens gravados na rocha

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Fili e seus companheiros se esgueiraram pelo corredor que ligava a seção de arquivos a antessala circular, donde se encontrava a grande porta talhada na própria rocha com uma riqueza de detalhes que por milagre havia sobrevivido sem muitos danos ao ataque do dragão, essa porta era a entrada do conselho.

— Onde estão os guardas? — Sussurrou o jovem príncipe ao evidenciar a falta dos mesmos na antessala. Se recordava que sempre existia pelo menos dois guardas reais posicionado diante das portas.

— Algo está errado... Posso sentir o cheiro de problemas. — Comentou Bombur farejando o ar — E meu nariz é muito bom para prever essas coisas. Consigo verificar se o carregamento de alimentos tem algo podre a metros de distância!

— E o que seu nariz está dizendo? Que tipo de cheiro ele está identificando?

— Sangue. Morte. — Com aquela resposta Fili sentiu um calafrio percorrer a sua espinha.

Bifur , que estava logo atrás de seu primo cozinheiro, tinha seus olhos semicerrados, como que tivesse concentrado em algo. Suas grandes mãos calejadas tocaram a parede lisa como que buscando algo...Ou tentando sentir algo.

— O que foi?

O anão mudo fez gestos com a mão e indicou uma porta entreaberta diante deles, sim, havia uma pequena sala a qual era usado para os servos guardaram instrumentos de limpeza e outros utensílios. O grupo se esgueirou em direção a dita a porta e com dificuldade adentraram na pequena sala. Havia uma lamparina a óleo sobre uma rustica mesa, a pequena chama azulada não era o suficiente para afastar a escuridão da sala para que se pudesse identificar com clareza o que se escondia nas sombras, Fili se aproximou da mesma, talvez pudesse aumentar a chama e trazer um pouco de luz ao mistério, mas acabou por tropeçar em algo.

— Pela a barba de Mahal... — Sua voz quase se perdeu quando por fim identificou o que o havia feito cair. Um corpo.

Oín prontamente se aproximou para verificar a pulsação, em poucos instantes fez um sinal negativo com a cabeça, não havia mais vida naquele anão.

— Um guarda. — Disse pesaroso Bombur, Fili ainda estava um pouco abalado com a descoberta. Sim, já havia vivenciado a morte de perto, mas ali em Erebor, imaginava que estava seguro ao ponto que não tropeçaria em um corpo.

Bifur fez novos gestos o que culminou em apontar para as paredes.

— Desculpe...Não entendi o que quis dizer. — Confessou envergonhado, sabia que o amigo dissera algo sobre eles não estarem sozinhos, mas indicar as paredes a sua volta não parecia fazer sentindo.

— Eu também não entendi muito bem. — Bombur coçou a cabeça com a ponta da colher de metal.

— O que vocês estão resmungando? E por que Bifur parece estar tendo uma espécie de ataque de fúria?— Oín inqueriu ajeitando a sua corneta de metal no ouvido, Bifur pegou essa mesma corneta e a colocou na parede (ignorando os protestos feitos pelo anão ancião) e indicou que se aproximassem para escutar...Fili tomou a iniciativa tentando entender o quer que seja que o companheiro queria explicar e mostrar.

E então... Pode escutar algo...

Algo se arrastava por dentro das paredes!

Com os olhos arregalados, fitou Bifur que detinha as sobrancelhas levantadas e um olhar que dizia claramente "entendeu agora?!"

— Amigos... — Antes que pudesse emitir uma ordem o som que antes estava tão baixo que só a audição prodigiosa de Bifur foi capaz de captar, aumentou e se concentrou na parte obscurecida do sala, de lá também se ouviu algo se abrir...O que era impossível! Só existia uma porta para aquele recinto!

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora