O decreto Real

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    O destaque em negrito seria a língua Khuzdul 

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O salão de julgamentos em Erebor se encontrava no mesmo andar que o salão do trono e sala do conselho, contudo, fora construído e talhado na roça de modo que ocupasse também andares inferiores, de modo que ao final parecesse um anfiteatro, uma escavação profunda e em forma de semicírculo, em que em sua base se encontraria o acusado que seria disposto a frente a uma tribuna esculpida em mármore a qual exibia anões carregando em seus ombros uma grossa tábua lítica negra, sob ela se erguia tronos de igual coloração, ali se encontraria os juízes e a família real. Havia Também uma série de assentos dispostos em filas sucessivas, em vários planos, que permitiam que o público visualizasse o julgamento.

— ... Meu senhor? — Um anão de longa barba branca (tão longa que se arrastava pelo chão) chamou a atenção de Thorin que estava imerso em pensamentos enquanto observava seus súditos se acomodaram nos assentos do anfiteatro.

— Desculpe, Lorde Juiz Ardosius. — Falou o rei dando um meio sorriso nervoso, aquele ancião era um dos poucos remanescentes da época do governo de seu avô (ou mesmo antes dele!), uma relíquia viva sem sombra de dúvidas.

— Só estava lhe recordando a sua função como juiz desse julgamento em específico, vossa majestade. Eu posso te auxiliar, mas em um caso de traição o encargo do processo é conferido ao primeiro rei. — Informou Ardosius com severidade, Thorin engoliu em seco, aquele velho também fora seu professor da legislação anãs quando ainda era uma criança, se recordava de como sofrera naquelas aulas intermináveis de leituras de longos pergaminhos e livros empoeirados, além das perguntas constantes e punições com uma vara caso o jovem príncipe Thorin errasse a resposta.

"Eu ainda sinto a dor daquela maldita vara!" Pensou enquanto olhava de relance para o Juiz verificando se o mesmo não trazia a vara consigo.

— Esse julgamento não terá muitos contratempos legais. Glorin não tem como se defender em relação aos seus atos. —Argumentou Thorin.

— Isso é verdade. — Assentiu acariciando a sua longa barba — A verdade é que não me preocupo com os tramites legais em si, o que desejo saber é se terás coragem em fazer o que deve ser feito.

O primeiro rei se voltou ao seu antigo tutor portando um sorriso feroz.

— Eu não vacilarei em minha espada, Lorde Juiz Ardosius. Glorin irá sofrer e servirá de exemplo para outros que cogitam por Erebor em perigo...Por a minha família em perigo. Não, não haverá clemência nem relutância de minha parte. Farei o que devo fazer, muito além do meu dever como primeiro rei, mas por honra a aqueles que amo e devo proteger.

O ancião sorriu, o que era raro de ocorrer, de modo que pegou Thorin desprevenido.

— Você realmente cresceu, não é mais o príncipe manhoso e incapaz de aguentar minhas leves punições... Se tornou um Durin que terei orgulho de servir. — Falando aquilo fez uma pequena reverência e se afastou, arrastando sua longa barba atrás de si.

— Pelo visto, passou no teste de nosso Lorde Juiz. — Comentou Balin — Thorin, recomendo fechar a boca... Não é uma visão adequada para um rei.

O Durin fez o que lhe foi pedido com certo embaraço.

— Ele estava me testando? — Sussurrou estarrecido.

— Sabe como o velho Juiz é... Sempre seremos seus pupilos e logo, sempre estaremos sob a sua avaliação constante.

— Sim... — Thorin ajeitou a sua coroa de prata sob a sua cabeça, saber que Ardosius o apoiava e lhe era fiel lhe dava maior confiança sobre a sua própria regência, afinal, aquele ancião já tinha presenciado Erebor no seu auge e glória, sabia o que aquele reino tinha sido em comparação com o presente.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora