O despertar
A rotina tinha mudado. Bilbo já previa que algo assim iria ocorrer, afinal, um bebê costumava ocasionar uma grande reviravolta quando chega a um núcleo familiar. Para exemplificar essa mudança, um choro alto cortou a madrugada. Antes, o Bolseiro podia desfrutar de um boa noite de sono, mas agora com a chegada de Frerin, dormir era uma luxo que raramente conseguia. Já estava se preparando para levantar, todavia, pôde sentir que alguém fora mais rápido.
– Meu pequeno, o que queres? – Bilbo não pôde esconder seu sorriso ao abrir um dos olhos para observar a cena; o coração sempre derretia com aquela visão, que também estava se tornando comum em seu cotidiano: Thorin mostrando suas habilidades paternas. O primeiro rei já tinha levantado e retirava Frerin do berço, começando já acalentá-lo.
– Está com fome? – Inquiriu o rei anão, e o bebê apenas o encarou com o rosto úmido devido as lágrimas. Infelizmente, Frerin tinha apenas alguns dias de vida, logo, não sabia falar. Sendo assim, aquela pergunta não tinha lógica nenhuma em ser feita. Contudo, Thorin ignorava a lógica e continuava a conversar com o seu filho.
– Ou talvez tenha feito algo bem desagradável... - Nisso riu e cheirou o pescoço do recém-nascido; este já tinha esquecido do choro e estava totalmente entretido, tentando pegar as tranchas e cachos negros dos cabelos do Durin.
– Gosta disso? – Indicou um broche que o pequeno tinha capturado em suas pequenas mãos e já levava a boca para "provar" o seu tesouro – Esse broche é o símbolo dos Bolseiros, do Condado. Ganhei-o no dia que me casei com o seu papai. Um dos mais preciosos broches que disponho. Mas logo terei mais um broche igualmente importante que irei adicionar a minha coleção. Sabe qual é?
O bebê fez sons ininteligíveis enquanto babava todo o broche. Talvez tentando responder o seu pai.
– Será o broche que te representa, meu filho. E quando seus outros irmãos ou irmãs chegarem...
Bilbo, naquele momento, pigarreou.
– Só quero saber quantos filhos você planeja ter comigo? – Inquiriu, cruzando os braços diante do seu peito.
Thorin se virou, com Frerin em seus braços, tendo um sorriso nervoso estampado no rosto. Definitivamente o primeiro rei de Erebor foi pego em flagrante.
– Você estava acordado?
– Meio difícil dormir com os talentos vocais de nosso filho. – Disse se aproximando. O bebê rapidamente o reconheceu, emitindo um choramingo e abandonando o broche.
– Acho que ele deve estar com fome.
– Não tente mudar de assunto, senhor Durin. – Bilbo não pode conter um meio sorriso ao ver o quão embaraçado Thorin estava – E eu acho que o Frerin só quer atenção dos papais, tão pequeno e já tão manhoso. Lógico, ele é seu filho, afinal. – Falou isso lançando um olhar acusativo ao rei anão.
– E-eu não sou manhoso! – Era raro ver Thorin corando, mesmo que a penumbra do quarto obscurecesse a visão das bochechas do anão – Um guerreiro anão não poderia ser manhoso... Isso é uma afronta e...
– Claro que não. Fale o que quiser para se sentir melhor, querido, mas eu sei o seu segredo. – Piscou e deu um sonoro beijo na bochecha avermelhada do Durin – Sei que adora os meus mimos...
Thorin sorriu.
– Só seus mimos. – Murmurou, beijando os lábios do hobbit com fervor, porém, eles não podiam esquecer que havia algo entre eles que os impedia de ir mais além naquelas investidas. Frerin começou a choramingar mais alto, talvez se sentindo excluído da conversa.
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Os dois reis sob a Montanha
FanfictionExistia uma aliança antiga entre o reino de Erebor e o Condado, em que o Reino dos Anões era responsável por proteger os hobbits. Contudo, o que o pequeno e pacífico Condado poderia oferecer? Do que se trata realmente essa aliança? Ela poderá ser...