Despertar e Despedidas

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Um vazio.

Na verdade, a descrição correta da sensação era leveza. Bilbo levou a mão à barriga e ao invés de encontrar a já esperada proeminência em seu ventre, viu que não havia nada ali...

Desespero.

Abriu os olhos e fitou onde deveria estar sua barriga grávida, abrigando seu primeiro filho, e deu de encontro com sua magra fisionomia, na verdade, nem parecia que estivera grávido! O que está acontecendo?

Givasha? Você está bem? – A voz de Thorin o fez despertar de seu estado de puro pânico. Mas ao ver o seu marido acalentando um bebê nos braços pode finalmente relaxar. Então, não fora um sonho... Finalmente o seu amado filho chegou.

– Oh, por Yavanna... - Lágrimas rolaram de seu rosto, após o susto repentino no instante em que acordou. Estava tão feliz que mal pôde conter a emoção, porém, para Thorin, as lágrimas significavam alerta. Veio andando muito rápido para o encontro de Bilbo.

– Está sentindo dor? Algum mal-estar? – Quem entrava em pânico era o primeiro rei anão.

– Estou me sentindo ótimo – Sorriu o hobbit, apesar de as lágrimas ainda deixarem sua visão meio turva. – Venha para a cama, sim? E traga Frerin...

Thorin se aproximou, e parecia extremamente preocupado quando sentou na beirada da cama de casal. O bebê estava adormecido com uma mão em sua boca, e usava o casaco azul que Bilbo tinha costurado muitos meses atrás, quando revelou a sua gravidez ao rei anão. Além do casaco, o pequeno hobbit-anão usava um pano branco arrumado em forma de fralda na parte de baixo de seu corpinho. Aquela visão de seu filho fez seu coração derreter totalmente. Tinha sido capaz de gerar um ser tão fofo e perfeito? Talvez, todos os pais pensassem assim de seus filhos, mas não iria negar a beleza e fragilidade de Frerin II, e um novo tipo de amor o dominava... Um amor paternal.

– Quanto tempo estive dormindo? – Inquiriu acariciando as bochechas rechonchudas do pequeno príncipe.

– 9 horas, creio eu. – Respondeu o anão.

– Tudo isso?! Como você se virou, sozinho? Pediu ajuda a Dís ou aos criados?

– Óbvio que não! – Havia certo tom ultrajado em sua voz – Nunca pediria ajuda a minha irmã e muito menos aos criados. Frerin é nosso filho, nós que devemos criá-lo, sem interferência de terceiros.

Bilbo ficou meio surpreso com a resposta defensiva do seu amado.

– Thorin, pedir ajuda não irá te tornar menos pai do nosso Frerin. – O hobbit puxou delicadamente o anão para que se deitasse ao seu lado, com o bebê agora disposto sobre o peitoral amplo do primeiro rei – Lembre-se que temos muitos amigos e familiares que irão participar direta ou indiretamente da criação do nosso filho – e, na verdade, isso não deve ser considerado algo ruim! Uma criança crescer em um lar cheio de pessoas que já o amam, e um ambiente perfeito para o seu desenvolvimento.

Thorin ficou em silêncio, parecendo ponderar aquelas palavras.

– Meu pai... E meu avô... Eles nunca estiveram presentes durante a minha criação. – Revelou depois de um tempo. Bilbo estava entretido, acariciando os cachos castanhos escuros de Frerin, e se sobressaltou com a fala do outro, já que pensara que o marido não iria se pronunciar em relação ao assunto – Não é como se eles não me amassem, mas eles regalaram a "tarefa" para minha mãe e os criados; contudo, minha progenitora também tinha responsabilidades e. por ser casada com o herdeiro ao trono, tinha que sempre estar ao seu lado nas festas e reuniões... No final das contas, durante a minha infância, me vi muito solitário. Se não fosse pela a chegada dos meus irmãos mais novos, minha infância teria sido triste e tediosa. Eu não quero repetir os mesmos erros dos meus antecessores, quero estar presente na vida do meu filho e também estar sempre ao lado do meu amado esposo. – Terminou o relato com um meio sorriso e o hobbit lhe deu um leve beijo nos lábios, como resposta a declaração.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora