Extra: Eldafin

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O aroma adocicado de flores recém-desabrochadas se espalhava pelo ar, inundando os campos e vales da Terra Média. Esse perfume embriagante atraía abelhas de todas as regiões, incluindo algumas de proporções gigantescas, tão raras que sua mera presença era uma visão de tirar o fôlego.

Essas abelhas gigantes eram conhecidas apenas em lendas e sussurros, mas agora zumbiam por entre as flores, suas asas batendo com um ritmo profundo e hipnotizante. Suas cores eram vivas, variando entre tons de ouro e bronze, e seus corpos reluziam ao sol da primavera.

Foi descoberto que tais criaturas eram resultados de uma criação e seleção meticulosa efetuada pelo povo troca-peles, uma tribo com a peculiar habilidade de falar com animais e trocar de pele, ou seja, transformar-se em um deles. A comunhão entre esse povo e as abelhas era algo de beleza e mistério, e sua relação com esses insetos majestosos se estendia por gerações.

Desde que esse povo se instalou na montanha dos anões, em cavernas esculpidas nas rochas à beira da montanha, as abelhas parecem ter seguido seus antigos mestres. Elas dominavam a paisagem primaveril, tornando-se sentinelas da natureza, e suas presenças adicionavam um toque mágico e etéreo aos campos floridos e colinas suaves.

Os prados eram salpicados de cores vivas, desde o violeta delicado das violetas até o vermelho profundo das rosas selvagens, e as gigantes abelhas dançavam entre elas, realizando sua eterna tarefa de polinização. O som do seu zumbido ecoava pela paisagem, uma melodia constante que ressoava com a vida e a beleza da Terra Média.

Com o fim do inverno e o início da primavera, muitas mudanças ocorreram, transformações que não se limitavam apenas ao ambiente, conforme descrito anteriormente. Essas mudanças reverberavam tanto no reino dos anões, Erebor, quanto no reino dos elfos, Mirkwood, e envolviam uma questão muito específica: bebês.

A floresta de Mirkwood, antes sombria e enigmática, agora florescia em beleza. Suas árvores, antigamente rígidas e despidas, estavam agora cobertas de flores delicadas e perfumadas. Esse fenômeno era raro, algo que há muito tempo não ocorria. Desde que as grandes aranhas invadiram as fronteiras da vasta e antiga floresta, ela parecia adoecer, sua vitalidade minguando como uma chama sob o vento.

Mas desde que a aliança dos elfos com Erebor foi refeita, a vitalidade da velha floresta parecia retornar aos poucos, uma renovação que se entrelaçava com um evento mágico: o rei estava grávido.

Essa condição de gravidez era algo temporário, um estado transitório que estava prestes a cessar. Thranduil, filho de Oropher, rei elfo de Mirkwood, estava em pleno trabalho de parto.

A ampla antessala onde ocorria o parto era uma obra de arte da natureza e da arquitetura élfica, com troncos contorcidos de árvores formando arcos e colunas, seus ramos entrelaçados em padrões complexos, criando uma atmosfera misteriosa e ao mesmo tempo acolhedora.

— E por que estamos aqui? — questionou Thorin, sua voz um murmúrio rouco no silêncio tenso da sala. Ele podia ouvir o grito de Thranduil se propagar pela sala, um som agudo e penetrante que se misturava com o perfume das flores e a luz suave que se filtrava através das folhas frescas.

— Eu já expliquei, Thorin. Os elfos têm uma tradição sagrada quando se trata do momento do parto — elucidou Bilbo, visivelmente impaciente. Suas mãos habilmente organizavam um cesto repleto de tecidos de linho alvejados e reluzentes à luz tênue da antessala.

— Os parentes próximos do casal são compelidos a estar presentes durante o processo. Como parente distante de Elrond, a responsabilidade recai sobre mim — continuou ele, lançando um olhar atento ao portão quando outro hobbit entrou no recinto. Drogo exibia uma barriga proeminente, um sinal inegável do avançado estágio de sua gravidez. A despeito disso, seu primo tinha vindo, e ao seu lado, Kili segurava uma cesta recheada de ervas medicinais e frascos de óleos essenciais. Bilbo e Drogo haviam passado semanas coletando ervas capazes de aliviar dores e servir como antibióticos naturais, seguindo receitas ancestrais transmitidas pelas gerações dos Breeders da família Bolseiro, no Condado.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora