Chegada a Valfenda

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Drogo pensava ter se acostumado com o cavalgar, afinal, já fazia mais de uma semana que tinham começado a jornada. Contudo, agora, enquanto corriam para se salvarem dos orcs sedentos por sangue, sentia que, infelizmente, não tinha de fato se preparado para aquelas mudanças bruscas de velocidade, entre saltos e desvios.

– Legolas! Quão perto estão? – Gritou Fili, que cavalgava ao lado do grande corcel do elfo.

– Estão muito perto. – Respondeu o elfo, extremamente sério. O pequeno hobbit tremeu com o tom de voz. A rapidez do galope o impedia de ver com clareza a paisagem a sua volta, mas sabia que estavam em um bosque. As árvores passavam rapidamente e tudo parecia amedrontador - a penumbra gerada pelo o pôr do sol, os uivos e urros sem um ponto certo de origem.

– Estamos perto de Valfenda? – Perguntou Glóin, sem ao menos adicionar um comentário maldoso sobre a morada élfica, e isso só demonstrava o quão séria estava a situação.

– Eles estão nos cercando! – Agora era a vez de Kili gritar, com certa urgência. Drogo se virou para encará-lo; talvez a visão de seu amado amenizasse o medo que dominava o seu coração. Contudo, uma flecha surgiu da escuridão e acertou, certeiramente, o pônei de Kili, fazendo o príncipe ser lançado ao chão.

– KILI! – Gritou o jovem Bolseiro em desespero. Fili já estava dando meia volta para ajudar o irmão, Legolas praguejava em élfico e Glóin já desmontava de sua montaria, pegando o seu machado e se preparando para a batalha que, agora, parecia inevitável.

– Venham, seus vermes nojentos... Produtos da diarréia de um troll! – Bradou o anão mais velho.

Legolas também saltou do seu cavalo e ajudou Drogo a descer, este rapidamente correu para o lado de Kili. O príncipe anão tentava, em vão, se levantar. Um filete solitário de sangue escorria de sua testa, e além disso, atrás de si o pônei relinchava agonizante. A queda em alta velocidade deve ter causado ferimentos graves no pobre anima – mais do que a própria flechada.

– Acho que torci meu calcanhar... Ou o quebrei. - Resmungou o jovem anão, mal humorado. Drogo mordeu o lábio inferior, aflito até de mais. Seu coração apertou ao ouvir aquelas palavras. Tentou ajudar o seu amado a se levantar, mas este o afastou sem demoras. Drogo não titubeou - a teimosia e orgulho dos anões perduravam mesmo – principalmente - em situações críticas como esta.

Agora era a vez de Fili praguejar em sua língua. O hobbit tentou se fazer útil, retirando rapidamente algumas ervas de sua mochila. Estava trêmulo e não ousava olhar ao redor.

– Eu posso tratá-lo – E realmente podia; tinha um grande conhecimento sobre ervas medicinais.

– Não temos tempo! – Cortou Fili, já empunhando a sua espada.

– Drogo, fique atrás de mim. - Falou Kili, se levantando com dificuldade, mas mesmo assim segurando seu arco e algumas flechas. Demorou até parasse, estável, no chão, mas Drogo tinha perdido a paciência.

– Tolo! Achas que tens condição de me dizer isso? Eu que deveria estar te defendendo e não o contrário! – Falou o menor, então, puxando uma espada que estava na cintura do anão, para surpresa do jovem príncipe.

– Você só teve uma aula! Acha que você tem condições de lutar contra inimigos de verdade? – Bradou Kili, furioso, sem querer.

– Pois tão pouco tens condição de lutar! – Esbravejou Drogo.

– Já chega vocês dois! – Interpôs Fili, mais irritado e preocupado que todos os dois – Esse não é o momento para brigar.

– Ele tem razão... – Legolas, de flecha já alinhada à corda de seu arco, disse. A flecha foi lançada rumo ao breu da noite, que agora já avançava sobre eles. Não tinham luz! Tinham que ter acendido alguma tocha ou algo do tipo – mas na urgência de apagar os vestígios do acampamento, não pensaram nisso. Mesmo assim, na escuridão, um grito de agonia se fez, e Legolas soube que tinha acertado o seu alvo. Um deles, pelo menos.

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora