O noivado (parte 2)

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Thranduil Greenleaf, rei de Mirkwood, estava utilizando a sua melhor vestimenta. Uma túnica bordada em prata com um manto translúcido tecido em seda produzida pelas lagartas endêmicas da floresta. O elfo também portava uma coroa que parecia ter crescido naturalmente para cumprir sua funcionalidade como adereço real de Duil, afinal era formada por galhos crescidos pelas árvores centenárias de Mirkwood, tais como essas árvores tivessem oferecido ao governante da floresta aquela coroa como um presente. Sim, ele estava formidável, de tal modo que...

– Você sabe que é o meu noivado, não é mesmo? – questionou Legolas avaliando criticamente o seu pai. A comitiva élfica se organizava em outro salão, se preparando para adentrar no salão cerimonial por outra entrada, quebrando com o protocolo da rígida tradição anã, contudo aquilo era compreensível afinal seria a primeira vez que um elfo noivaria com um anão. Logo, algumas peculiaridades em relação a cerimônia deveriam ser aceitas e aplicadas...Pelo menos essa era a justificativa de Thranduil.

– Infelizmente, eu sei. – Confirmou o elegante rei dando os últimos retoques em seu penteado – Ainda tem uma ínfima chance de se arrepender, sabe? Podemos nos esgueiras pelos corredores e fugir da montanha sem que esses tolos anões percebam.

Alguns desses referidos tolos anões eram os guardas reais de Erebor que se encontravam dipostos em pontos estratégicos do salão aonde se encontravam. Pelo visto, Duil não os notava, talvez os considerando parte da mobília... Mas os anões tinham ouvido e trocavam olhares confusos e críticos.

– Pai... Eu não irei me arrepender. – Garantiu o príncipe – Estou preparado para me unir a Fili.

– Céus, não fale em unir, pois logo irei imaginar você e ele...Em um momento íntimo!

– Bem, você nem precisa imaginar. – comentou Elrond soltando um pigarro para chamar atenção para si, o lorde elfo de Valfenda também usava o seu melhor traje, uma combinação de tons austeros que ressaltavam um aspecto sério e altivo – Meio que já os flagramos em um desses momentos íntimos.

– AHH! – gritou Duil levando as mãos aos olhos – Não me lembre! A imagem daquela cobra gigante! Coitado do meu filho! Como irá sobreviver? Ou melhor...Como irá se sentar?

– PAI! – exclamou Legolas, sentindo suas bochechas corarem – Pare de falar isso aqui. Não estamos sozinhos!

De fato, não estavam. Além dos guardas anões, também estavam rodeados por vários elfos de Mirkwood e Valfenda. Não eram muitos, mas era os que prontamente se voluntariado para acompanhar Legolas em seu noivado. Muitos se mantiveram neutros ao evento, entretanto outros se opuseram veemente. Sequer tinham comparecido as reuniões sobre o assunto em Mirkwood. Legolas tentava permanecer paciente com o seu povo, mas não ocultava a sua decepção...Supostamente um povo imortal deveria ser mais sábio e menos rancoroso, não é mesmo?

– Não, continue. Quero saber mais. – Insistiu uma elfa de cabelos castanhos.

– Tauriel, não o incentive. – Repreendeu.

– Concordo com o meu irmão. – Elladan se pronunciou, fazendo uma careta de nojo – Imaginar anões nus? Prefiro me abster desses traumas.

– Irmão é? Já está assim íntimo? – Outro elfo falou, ele tinha uma aparência por demais parecida com o filho de Elrond, o que evidência o fato dele ser o seu irmão gêmeo. Aquele era Elrohir.

– Obvio...

– Que não! – completou Legolas em um tom brincalhão. Já estava começando a se acostumar com a presença de Elladan e quiça aceitando o seu parentesco. Mais quanto aos seus novos "irmãos"? Ainda não tinha formulado um conceito claro sobre eles...

Os dois reis sob a MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora