Neville e Eu

Capítulo 76- O Túmulo Branco

Todas as aulas foram suspensas, todos os exames adiados. Uma pequena quantidade de estudantes foram retirados às pressas do castelo nas manhãs seguintes- as gêmeas Patil partiram no primeiro raio de sol no alvorecer do dia após a morte de Dumbledore, e Zacharias Smith deixou o castelo com seu arrogante e imodesto pai. Em contrapartida, Seamus Finnigan recusou-se dogmaticamente a voltar para casa com sua mãe; argumentaram aos berros no Saguão de Entrada, e só resolveram a questão quando a Sra. Finnigan anuiu sua estadia para os funerais que ocorreriam nas próximas semanas. Ela acabou tendo muita dificuldade em encontrar uma hospedaria na vila onde localizava-se a estação de trem que trazia-nos e levava-nos para nossas famílias, Seamus acabou contando-nos, porque acorriam à aldeias bruxos e bruxas, arranjando-se para prestar as últimas homenagens ao diretor. A comunidade mágica do mundo inteirinho sentia-se incompleta e devastada em função da falência do maior e melhor comandante do colégio bruxo do Reino Unido, entretanto, os outros ministros não estavam preocupados com o rumo que a instituição de Hogwarts tomaria; estavam alarmados com o que seria da organização populacional mágica e não-mágica sem os conselhos gloriosos e perspicazes de Albus. Além do mais, os aurores e todos os setores do Ministério encontravam-se ocupados procurando os Comensais envolvidos no terrorismo sucedido dias atrás; todos exceto o setor em que Arthur Weasley trabalhava, uma vez que o filho primogênito fora atacado pelo mesmo lobisomem que infectou Lupin com a licantropia e matou o irmão mais novo de duas alunas mais velhas: Fenrir Greyback. Por benção milagrosa vinda de Merlin, o homem-lobo não estava transformado quando mordeu Bill, e, portanto, não contaminou-o com a infecção.

Assim como em nosso quarto ano, a carruagem azul-clara do tamanho de uma casa, puxada por doze enormes palominos alados, que surgiu no fim da tarde anterior aos funerais e aterrissou na orla da Floresta Proibida. Pude observar de uma janela uma mulher gigantesca e bela, de pele morena e cabelos negros, descer os degraus da carruagem e atirar-se nos braços do guardião das chaves e das terras de Hogwarts. Nesse ínterim, uma delegação de operários do Ministério, inclusive o próprio Ministro da Magia, foi acomodada na universidade mágica que, no momento, abriga jovens alunos aterrorizados e traumatizados. Harry, Rony, Hermione, Ginny e eu frequentamos a ala hospitalar centenas de vezes: Neville adquirira alta a pretexto da maldição imperdoável que afastou sua convivência com os pais, mas Bill permanecia sob os cuidados da maior e mais bela curandeira de todos os tempos. Marcadas em sua pele clara, as cicatrizes não apresentavam melhora; na realidade, o ruivo primogênito agora indicava uma nítida semelhança com Mad-Eye Moody, embora não tivesse tido suas pernas destroçadas e nem um olhos mágico que observava através da matéria física. Pelo o que Molly contou-nos, seus hábitos alimentares haviam mudado drasticamente. O que parecia ter sido modificado, é que agora ele passara a gostar muito de bifes malpassados. 

- ... e é um sorrte que el vá se casarr comigue - disse Fleur, animada, amaciando as almofadas de seu noivo - , porrque as brritanique cozinhe demás a carrne, eu semprre disse isse...

- Acho que simplesmente vamos ter de aceitar que Bill vá mesmo casar com ela, não é Rony? - murmurou Ginny mais tarde naquela noite, quando ela, Harry, Rony, Hermione, Neville e eu sentamo-nos ao lado da única janela aberta da comuna da Grifinória contemplando os jardins a anteaurora. 

- Ela não é tão ruim assim. - comentou o irmão - Mas é feia. - acrescentou na velocidade da luz, quando Mione levantou as sobrancelhas e riu relutantemente - Bem, suponho que se a mamãe pode suportar, nós também podemos. 

 - Morreu mais alguém que conhecemos? - perguntou Neville a mim, que passava os olhos pelas entrelinhas do 'Profeta Vespertino'. 

- Não. - respondi, dobrando o noticiário impresso - Ainda estão procurando meu padrinho, mas  nem sinal...

- Claro que não! - retrucou Potter - Não acharão Snape enquanto não acharem Voldemort, e, considerando que nunca conseguiram fazer isso até hoje...