Cap.48 As mentiras e o inevitável

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Estavam todos sentados agora, exceto Michael, que insistia em vigiar as árvores, talvez na esperança de que o exército do Capitão Vermelho saltasse sobre todos saindo por detrás do próprio ar.

Felipe e Violeta. Henry, Mary, Jessie. As cinco pessoas se encaravam enquanto decidiam quem falaria primeiro. 

— A notícia de sua existência provavelmente já se espalhou para além da península, e seu nome já se espalha com grande velocidade.

— Tem acesso a muitas informações? - O garoto perguntou.

— Somos mais ricos do que antes. Sei que não parece, mas temos contratos firmados com seis reinos do leste para treinar tropas de não-mágicos. Eles têm tantas semelhanças conosco... Bem, eu não me envolvo na grande maioria dos conflitos ou decisões, apenas me mantenho informado. Somos amortais, não imortais, ainda não sou imprudente o suficiente para me meter nesses assuntos. 

— Mas me chamou. Se envolveu.

— Sim. Porque isso é importante demais. Sua sobrevivência é importante demais. Veja bem rapaz, estou fazendo isso por conta própria, provavelmente indo contra o querer do príncipe mago. Podemos fornecer ajuda não programada, somos um trunfo, apesar de poucos.

— Ojavenajas pareceu não desgostar de minha iniciativa em vir aqui.

— Duvidaria disso. Mas, antes de me colocar aos seus serviços, gostaria de conversar. Sim, apenas conversar com você.

— Sobre? - Violeta indaga. A ninfa se mantém muito atenta, analisando o aspecto dos objetos ao redor.

— Felipe, o que pensa sobre a guerra que poderá começar?

Aquilo era direto demais. Felipe se remexeu na cadeira e suspirou. Afinal, por que não dizer a verdade?

— Não entendo porque estão lutando contra alguém cujo propósito é, em tese, melhorar as coisas.

— Bem, as ideias que impulsionam as pessoas às vezes podem ser obscuras.

— Se tudo for verdade, estão tentando condenar tudo ao fim. Todos querem apenas uma coisa: a pedra. Lakérfet e seu enorme poder um dia revelado através do Ermitão. Fazer o que quiser... - Felipe observa os próprios olhos em um espelho do outro lado do cômodo. Estavam verdadeiramente dourados, pareciam cristalizar e criar facetas como um diamante.

— Os condena?

— Não. Porque eu também estou atrás desse poder. Mesmo que meus propósitos sejam diferentes do que pensam.

— E por que você pensa que os outros que também querem esse poder, o querem para propósitos malignos?

— Porque não se move exércitos em um bloqueio quando pode apenas expor o que pensa.

— E você permitiria que outra pessoa pusesse as mãos no que lhe pertence por direito?

— Eu permitiria que ela voltasse no tempo e me deixasse de fora disso tudo. - Felipe aponta para o sul e para o leste, onde inimigos desconhecidos se aglomeravam em horrenda reunião.

— Não quer a responsabilidade? Poderia simplesmente sumir. Isso mesmo, poderia desaparecer, assim como nós desaparecemos por vários anos nessa terra. Poderia viver uma boa vida usando suas habilidades, ficar em paz enquanto não precisa lutar.

— Não precisar lutar... a minha própria luta? Não se deixa os outros lutarem nossas lutas, aprendi isso alguns dias atrás. Eu não vou fugir, essa opção condenaria tudo a um fim definitivo! Não são apenas histórias, eu sinto que tudo morrerá se eu não lutar para...

Nas Ruínas AntigasOnde histórias criam vida. Descubra agora