— É uma pena que nenhuma armadura lhe sirva bem. - O mais jovem dos sete oficiais lamenta enquanto tira a poeira de seu uniforme. - Mas é bom que essa espada tenha o tamanho ideal. Foi um presente de um príncipe dos reinos do leste, e se bem me lembro, era sua espada pessoal.
— Imagino que apenas a espada vai ser o suficiente. Para um escolhido, minhas habilidades de luta estão terrivelmente próximas do zero.
Estávamos no porão do castelo, onde muitas das sucatas, coisas esquecidas ou guardados especiais estavam acumulados, os mais antigos cultivando sua espessa camada de poeira. Lá estava minha mochila, com todas as minhas roupas, o resto de água e comida, e o meu celular. Estava com a bateria cheia, estranhamente cheia e sem sinal, como seria de se supor.
— Também pensa que não deveria estar aqui fazendo isso? - O oficial já se distraía lançando botões prateados em um anel de metal escuro do outro lado do longo porão.
— Bem... sim. Acontece o mesmo com você?
Alguns instantes de silêncio, como se o ogro ponderasse o que responder.
— Talvez. Ou não. Se não se importa, está na hora de ir até os oficiais. - O oficial se afasta sem dar pistas do porquê de tal resposta confusa.
Caminhamos em silêncio pelo palácio ainda mais silencioso. Parecia que todos ali sabiam o que estava prestes a acontecer, e os lamentos se iniciaram antes do tempo. Corredor após corredor de decoração idêntica, como uma caminho único ou um labirinto. O oficial parou diante de uma porta e se pôs ao lado.
Abri a porta, e qual não foi a minha surpresa ao dar de cara com mais dezoito oficiais, todos vestidos com o mesmo uniforme verde, que me cumprimentaram em uníssono!
— Saudamos o Mestre Felipe!
Hora de se acostumar e assumir o papel!
— Olá! Agradeço a todos vocês por conseguirem se organizar tão rápido para esta reunião de emergência. - Uma fala memorizada às pressas. Me perguntei se alguém ali realmente levou a sério aquelas palavras lançadas a esmo.
— Senhor! - Disse o ogro com a cicatriz no rosto. - Aqui estão todos os oficiais do nosso exército! - Disse batendo com o punho no peito, sua continência..
— Pois bem, me informem o necessário, o resto pode ser discutido em outro momento, depois que resolvermos nossa questão referente aos diabos vermelhos.
— Pois bem. Nós estamos aqui. - Disse um ogro entre todos aqueles oficiais, pondo o dedo sobre um ponto do mapa. - Esta é a fronteira .- Apontou um ponto um pouco acima .- A noroeste da nossa posição. Os diabos vermelhos foram vistos na floresta de Sorejade-Naomir-Tapoi.
— Desculpe, mas poderia repetir o nome da floresta?
— Sorejade-Naomir-Tapoi! Repetiu o Ogro, aparentemente aborrecido com a intromissão.
— A floresta onde vive o povo sem nome? - Perguntei.
— Sim! A própria, por quê?
— Não tenho boas lembranças do lugar! - Disse, enquanto tocava o local onde o jaguar havia me cravado a garra.
Aceitei a cadeira que me ofereceram.
— O que esperam de mim? Sejam realistas agora.
— Que nos lidere! Que nos leve à vitória em uma batalha de duzentos contra trezentos, e, acredite, eu queria muito que fôssemos os trezentos, mas não somos!
Ele precisava ser tão realista?
— Du - duzentos contra trezentos?
— Acha impossível?
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Nas Ruínas Antigas
FantasiaAté onde suas escolhas te levam? A contagem regressiva para o fim da existência já começou. Nos últimos movimentos do ponteiro, Felipe, um adolescente aparentemente comum, é transportado para um planeta em outro universo. Nesse mundo de múltiplas fa...