Acordei com a luz declinante de um sol se pondo.
Por quanto tempo dormi?
Ouvia pássaros cantando ao longe, sons de animais, um mundo inteiro vivia ali onde me encontrava, diferente do silêncio do lugar onde surgi, ou dos sons horripilantes da floresta à noite.
Queria saber onde me encontrava no momento.
Abri os olhos com receio de que estivesse encrencado, e que por algum motivo o destino me reservava alguma surpresa muitíssimo desagradável. Nenhuma luz azul iluminou o ambiente que caía em penumbra.
Me encontrava em um quarto feito de madeira do chão ao teto. Quando observei melhor, fiquei surpreso ao perceber que era um tronco, as paredes irregulares e o teto desnivelado. Estava deitado em uma cama baixíssima, o colchão parecia ser feito de palha por conta da espessura, mas, levando-se em conta tudo o que havia passado nos últimos dias, me sentia flutuando entre nuvens, a cama de um deus não poderia ser mais confortável.
O quarto era bem apertado, como já disse, tinha paredes e teto irregulares; era aproximadamente redondo, se não fossem as ondulações por toda parte . Velas perfumadas iluminavam o ambiente, o que proporcionaria um espetáculo agradabilíssimo, se as fisgadas na minha perna me permitissem apreciá-lo. Minha perna estava enfaixada da panturrilha para baixo, com o que parecia ser uma fibra de tecido, grossa e áspera.
Uma mesinha com duas cadeiras do outro lado do quarto, uma pequena lareira com um reconfortante fogo a crepitar compunham todo o resto da mobília daquele cômodo. A lareira foi construída com total cuidado para que nada ali queimasse.
Em cima da mesinha, uma bacia com vistosas frutas e um pote com mel pareciam ser um ótimo aperitivo. Numa reentrância do lado oposto à porta, uma pequena caverna foi escavada no ponto onde a madeira encontrava uma rocha, dois curtos e pequenos degraus ajudavam a descer para o lugar que parecia ser o banheiro, com uma pequena banheira e um orifício no chão, para que se fizesse as necessidades.
Onde esse buraco vai parar?
Não era o momento para pensar nisso. Decidi descobrir onde estava.
Se for uma prisão, pelo menos eu sou um prisioneiro com uma cela de luxo. Era aconchegante, me sentia na toca de um Hobbit.
Devido às necessidades do corpo, me aliviei naquele orifício no chão. E ainda não consegui descobrir onde terminava aquele buraco.
Voltei para o quarto, me sentei na cama e tentei raciocinar um pouco.
Seja lá quem for, me ajudou. Isso é bom.
Percebi que usava roupas limpas das que estavam na minha mochila. Os variados cortes minúsculos nos meus braços ardiam um pouco, mas já estavam muito melhores.
Quem pode ter me dado banho?
Por alguns instantes imaginei a cena, mas decidi que não importava. Eu estava limpo e seguro.
Como os sons lá fora continuavam com igual fervor devido ao fim de tarde, me levantei e caminhei até a porta de madeira que dava acesso ao exterior. Não tinha maçaneta, apenas um buraco para a chave.
Empurrei a porta. Estava aberta. Olhei por uma fresta e percebi que tudo lá fora estava calmo, a não ser a algazarra dos animais, principalmente pássaros, que se uniam em revoadas pelas copas das gigantescas árvores que pareciam sequoias, predominantes naquele lugar.
Abri totalmente a porta e dei alguns passos para fora. A ardência na panturrilha aumentou devido ao movimento, mas não liguei para esse problema. O lugar onde estava era lindo!
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Nas Ruínas Antigas
FantasyAté onde suas escolhas te levam? A contagem regressiva para o fim da existência já começou. Nos últimos movimentos do ponteiro, Felipe, um adolescente aparentemente comum, é transportado para um planeta em outro universo. Nesse mundo de múltiplas fa...