Nas Ruínas Antigas

Cap.31 Fuga

A fachada do castelo estava desolada, uma silhueta que, mesmo na escuridão, demonstrava os sinais de sua rápida degradação. Nenhuma luz iluminava o castelo, nenhum som de qualquer tipo, mesmo o de um animal, podia ser ouvido. Lançando um olhar através das janelas escancaradas, podia-se ver o interior, cujo aspecto era fúnebre e ameaçador. Felipe lançou um último olhar na direção da mansão onde boa parte do grupo aguardava.

As ninfas não permitiram que os anões seguissem, e Calebo recebeu ordem expressa para se unir aos mesmos e permanecer na mansão. Hakuja sussurrou algumas palavras, atrapalhado, o que poderia ter sido algo próximo a um pedido de desculpas, antes de desaparecer entre as roupas do ogro.

Com uma expressão de dúvida estampada no rosto, Felipe atravessa o portão da muralha do castelo. Havia algo errado, Quetzalcóatl tinha desaparecido. Mesmo sabendo do perigo, Felipe caminha até as portas abertas, observando com pesar o aspecto abandonado do interior. Caminha pelos corredores até a biblioteca de Zimo, mas ao que parecia, acabou por confundir os corredores. Havia apenas uma parede onde deveria haver uma porta. Prosseguiu na esperança de encontrar alguém, mas nada havia para encontrar além de objetos quebrados e ambientes mergulhados em completa escuridão. 

Já se distraía com isso quando um grito de alarme soou lá fora, e logo em seguida algo como um trovão soou. Materializando mais uma vez a espada de lâmina incandescente, Felipe corre o mais rápido possível até o exterior. Sai no instante em que parte da fachada se desprende e cai a três metros de distância. 

As ninfas se espalhavam como que sopradas pelo vento. Myrcia tinha um arco preparado, fazendo com que Felipe se perguntasse de onde havia surgido. Safira brandia uma lança de dois metros, enquanto Felipe se esforçava para lembrar o nome de todas elas. As apresentações aconteceram de forma apressada e em meio a todo o frenesi. Observou boquiaberto enquanto Serena escalava a muralha com extrema facilidade, se posicionando lá em cima com um arco.

Exceto Cibele e Lotus com suas espadas, e Safira com sua lança, todas as outras ninfas empunhavam arcos. Quando Lind fez seu arco desaparecer, e outro, diferente, surgir em sua mão, Felipe teve a certeza de que elas tinham seus próprios objetos interespaciais. 

— Espero que seja útil, menino. Quetzalcóatl não permitirá que saia de sua vista, agora que está aqui. - Agnes surge ao lado de Felipe como se brotasse do chão. Subitamente sem saber o que dizer, o garoto apenas acena, seu cérebro incapaz de operar próximo à mulher mais linda que havia visto em sua vida.

Não sabia atirar com arco, por isso se contentou com a espada, empunhando-a com força e aguardando. Ouviu o boom sônico antes de ver a serpente eclipsar as estrelas atrás de si, se lançando em um ataque selvagem. Entretanto, as ninfas agora estavam preparadas, e nove flechas voaram tão rápido quanto disparos de armas de fogo até a criatura. Serena, de seu ponto mais alto, conseguiu o efeito necessário quando sua flecha resvalou nas pálpebras de Quetzalcóatl. O vôo da serpente se desestabilizou. Como uma ginasta olímpica, Safira corre e joga sua lança na direção da criatura, cravando a arma entre as placas da barriga, fazendo-a despencar de duzentos metros de altura com um chiado de dor.

As ninfas se movem como um único organismo, e tão logo Quetzalcóatl tocou o chão, correntes surgiram e foram usadas para imobilizar as asas da criatura. Serena disparou mais uma flecha certeira que se instalou no globo ocular da criatura, mas longe de sua pupila, sem risco algum de resultar em cegueira. As pedras nos colares das ninfas brilhavam o tempo todo, enquanto se moviam em harmonia ao redor de Quetzalcóatl.

"Uaaaaaaargh! Não matei o suficiente se vocês para que finalmente compreendam que não podem me deter por muito tempo?" - Uma voz soou na mente de Felipe. Um arrepio percorreu seu corpo ao ouvir aquela voz dentro de sua cabeça. Era uma sensação totalmente avessa ao que sentia quando Hakuja falava.