Cap.12 O mundo é grande!

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Esperei por cerca de dez minutos, mas ninguém apareceu. Me deitei na cama e fiquei olhando para o teto, pensando no sonho que tive.

Era uma pegadinha extremamente sem graça.

Conseguia sentir a umidade que se infiltrava até o chão, cuja origem sequer conseguia imaginar. Quatro lâmpadas foscas lançavam uma parca luminosidade pelos quatro cantos do quarto, que, ao que parecia, era na verdade uma cela. 

O mais irônico é que foi exatamente assim que acordei na vila dos ogros. Em um quarto, em um lugar desconhecido.

A história de repetindo. O final poderia também se repetir?

Desta vez, ao menos o quarto era grande. A cama não era nem um pouco confortável, mas extremamente grande. Não conseguia alcançar suas bordas mesmo se esticasse os braços.

Quem me salvou desta vez, trocou minhas roupas sujas por roupas limpas e novas. Estava vestido com uma calça preta, uma camisa cinza e um casaco com um estranho desenho sobre o peito.

Me virei sobre o colchão duro até criar coragem e levantar. O piso era tão frio quanto a insinuação de umidade levava a crer. Procurei por meus tênis, mas em seu lugar tudo que encontrei foi um par de botas. Também negras.

Fiquei imaginando qual seria o humor daqueles que me detiveram. Não eram os ogros, a infraestrutura denotava isso.

Me levantei, decidido a mais uma tentativa. Bati na porta três vezes e aguardei. Esperei por um minuto, mas ninguém apareceu. Bati novamente, desta vez com mais força, mas ainda assim nenhum som vindo de fora me fez acreditar que ninguém me ouviu.

Voltei mais uma vez e me sentei na cama. Passava a mão sobre o lençol, enquanto imaginava quais seriam meus próximos passos daqui para frente.

Um quarto com uma cama e uma porta de metal. 

— Eu estou preso! - Constatei o óbvio.

Então, se este fosse o caso, não gostaria de permanecer assim por muito tempo. Se eu conseguisse ativar esse... modo berserker, uma porta de metal não seria um empecilho, pelo que minha pouca experiência me mostrava.

Meia hora depois, ainda estava pensando, no entanto, a melhor opção a meu dispor era lutar contra quem viesse abrir esta porta, e depois sair correndo como um completo maluco. Ninguém em sã consciência prenderia o precioso escolhido, aquele que é o centro de toda a palhaçada que dizem.

Mas não sentia uma gota do que havia sentido em Sorejade. Nem um pouco do calor ou da perda de controle para algo que me tornava uma estranha máquina de matar. Era tudo ou nada, e até mesmo o nada teria de servir. 

Algum tempo após isso, ouvi passos do lado de fora. Foram se aproximando, e consegui distinguir ao menos três passos diferentes. 

Três contra um não era muito satisfatório para mim, completamente normal como estava.

— Quem diria que sentiria falta daquela maldição em tão pouco tempo. - Murmurei para as velas. 

Os passos pararam em frente à porta. Ouvi o som de chaves sendo remexidas  e depois uma das chaves foi introduzida na fechadura com força. O som ecoou por alguns segundos, pelo o que percebi  que lá fora ainda teria um corredor para ultrapassar, e sabe-se lá mais quantas pessoas.

A porta foi aberta. Era pesada e rangeu muito. 

Estava em posição de lótus, em cima da cama, com as mãos unidas e os indicadores em cima dos lábios, como se pedisse silêncio. Diferente das minhas contas, não eram três, e sim quatro. Soldados em vestimentas um tanto quanto diferentes. Usavam um uniforme branco cujo aspecto remetia ao estilo de cinco séculos atrás, e não usavam armaduras. Usavam risórios elmos redondos, todos exibindo o mesmo desenho que havia em minhas roupas. Usavam também capas brancas. 

Nas Ruínas AntigasOnde histórias criam vida. Descubra agora