Capítulo 4

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Tomo mais um gole da minha água com gás enquanto ignoro completamente o homem atraente ao meu lado, ainda estou puta de estar trabalhando em meu horário de almoço e por estar tão perto de um homem tão estupidamente bonito.

-Bom, alguma outra dúvida?-Pergunto fechando minha garrafa.

-Por enquanto não.-Diz bebendo um pouco de sua bebida.

-Então, com licença.-Digo me levantando prestes a pegar minha cadeira.

-Eu não disse que podia ir.-Diz de forma rude me fazendo comprimir os lábios pra evitar insulta-lo.

-Estou em horário de almoço, ja esclareci todas as suas dúvidas, o que mais o senhor quer?-Pergunto com uma falsa calma o vendo me encarar com seus olhos azuis tão escuros e penetrantes, ele bebe calmamente seu suco e me assusta ao se levantar e se aproximar tanto que me sinto intimidada por seu grande porte.

-Cuidado criaturinha de língua afiada, pode se machucar se der mais um passo pra trás.-Diz com a voz rouca fazendo meu corpo esquentar e meu rosto queimar. Seu olhar não tira o meu em nenhum momento e isso me deixa desconcertada.-Por que será que você não tem medo de mim?-Diz ainda mantendo meu olhar preso no seu.

-V-você-pigarreio.-O senhor está invadindo o meu espaço pessoal.-Digo desviando meu olhar do seu ao virar meu rosto pro lado.

-Estou?-Sussurra dando uma leve risada perto do meu ouvido fazendo meu corpo ter outra série de arrepios enquanto sinto um desejo absurdo tomar conta do meu corpo.

-Sim, está.-Digo pigarreando e ofegando ao virar o rosto pra o olhar, percebendo tragicamente o quão perto de mim ele está. Tão perto que consigo ver com clareza as pequenas manchinhas amareladas em meio a uma imensidão azul escura, tão perto que se eu aproximasse minha boca, ela iria se encostar com a rosada e cheia dele. Seu rosto se aproxima de meu pescoço e prendo a respiração ao sentir sua barba curta raspando de leve em meu pescoço enquanto seu nariz inspira fortemente fazendo meu coração ir a mil por hora enquanto minha garganta seca.

-Seu perfume realmente tem um cheiro muito enjoativo, credo.-Diz se afastando me deixando desnorteada. Filho de uma cadela!-Pode aproveitar o restante do seu horário de almoço.-Diz me encarando com sarcasmo e ao verificar as horas, percebo o porque do sarcasmo.

-Faltam 15 minutos pra terminar meu horário de almoço!-Digo irada e ele concorda.

-Se apressar os passos consegue chegar ao banheiro pra escovar os dentes e tomar uma água.-Diz me lançando um pequeno sorriso de puro deboche! Irritada, pego minha garrafa de água e coloco em cima da minha mesa, logo depois minha cadeira e irritada, pego minha pasta e escova de dente, junto de minha garrafa de água e sigo em diante pra fora daquele tribunal.-Ei, está se esquecendo da sua marmita!-Com as mãos em punhos ignoro completamente ele enquanto continuo a andar.

Helio onn...

Sorrio com a audácia da pequena menina que está saindo irada do tribunal enquanto encaro o rebolar de seu quadril. É realmente fofo o jeito que ela fica quando está brava e tenta disfarçar com uma falsa educação, e é realmente atraente o jeito que ela fica embaraçada quando me aproximo. Parece até uma virgem. Penso comigo mesmo enquanto reviro os olhos bufando. Até parece que uma garota tão bonita iria ser virgem.

Pego as marmitas vazias e coloco dentro de sacolas, logo depois as descarto no lixo e resolvo sair do tribunal. Aceno a cabeça pra algumas pessoas durante o caminho até o banheiro e passando pelo refeitório, meus pés travam ao vê-la conversando com um dos advogados daqui.

Sonya onn...

-Como está indo o seu primeiro dia no trabalho?-Pergunta um homem de terno. Olhos castanhos, labios finos, pouquíssima barba, cabelos curtos e entradas, até que bonitinho. Mó carinha de pai.

-Ate que bem tranquilo.-Respondo pegando minha garrafa e a tampando. Ele olha pra além de mim e sorri acenando pra algo. Me viro e sinto arrepios dos pés a cabeça com o olhar frio que recebo do meu mais novo chefe, ele só acena com a cabeça e segue pra frente, me fazendo engolir seco.

-Ele é bem sério né?-Diz o homem ao meu lado e concordo.

Abro a porta do tribunal e ao fecha-la tomo um susto com o barulho do martelo dele que ele bate. Encaro seu rosto que se encontra com uma carranca feia me fazendo arquear a sombrancelha.

-Dois minutos atrasada.-Diz sério.

-Foi mal, me perdi no caminho de volta.-Digo dando de ombros.

-Problema é seu, na próxima não se perca.-Diz rude. Euein, homem doido. Respirando fundo, sigo pro meu lugar em silêncio enquanto beberico minha água.-Não vai falar nada?-Pergunta rude me fazendo o olhar com um olhar questionador. Será que ele está de TPM?

-E o que eu deveria falar exatamente?-Pergunto ainda o olhando.-Quer um chocolate? Talvez devesse beber um chá.

-Você realmente não sabe o quanto eu quero que você me dê um chá.-Diz me encarando com um rosto estranho.

-Por que não pediu antes?-Pergunto irritada.-Do que vai querer? Hortelã? Cha preto...?-Vou sugerindo enquanto o vejo me olhar com os olhos estreitos. Sinto que perdi alguma piada, mas qual seria? Sou totalmente ignorada ao ver as pessoas entrando dentro do tribunal e reviro os olhos deixando isso pra lá.

Ando apressada ate o estacionamento sentindo meu pescoço dolorido e meu corpo extremamente cansado. Um belo banho quente quando chegar em casa vai ser mais que bem vindo, talvez um pouco de suco de uva também, afinal, aqui é Proerd na veia. Sorrio vendo meu bebe próximo mas esse sorriso some ao ver meu chefe perto dele, o encarando.

-Anh, ola?-Digo chamando sua atenção.

-O que você quer?-Pergunta me encarando impaciente, mostro meu carro e parecendo se tocar, ele diz.-Está esperando alguém pra levá-la nesse carro? Acho que é de um dos advogados.-Diz me fazendo arregalar os olhos.

-Por que acha que eu estou esperando carona senhor?-Pergunto com os olhos estreitos.

-Por que certamente esse carro não é seu, e não vi nenhum carro feminino por aqui.-Diz me fazendo soltar um bufo irritada. Que cara mais idiota.

-Como assim, feminino?-Pergunto estreitando os olhos.

-Sabe, talvez vermelho, meio pequeno e tals.-Diz me lançando um sorrisinho debochado.-Se sua carona não chegar eu posso te dar uma carona.-Sugere me fazendo bufar.

-Obrigada mas eu não preciso de carona.-Digo pegando a chave dentro da bolsa.

-Está esperando um táxi?-Respira Sonya. Tirando minha chave de dentro da bolsa, sorrio encarando seu rosto surpreso ao me ver desligar o alarme de meu carro.-Com licença.-Digo com uma satisfação deliciosa ao ver seu rosto muito, muito surpreso.

Entro dentro do carro e após dar partida, saio de dentro da garagem, deixando varios palavrões abafados pelo som do motor e um chefe babaca com uma lição aprendida.

O juízOnde histórias criam vida. Descubra agora