Tento me soltar dos braços de Helio ao ver mais e mais médicos entrarem dentro da sala da Stella, sinto-me dilacerada ao tomar consciência do quão ingênua fui ao achar que Stella estava realmente bem.
Assim como me sinto estupidamente culpada por não ter percebido, por não ter notado que assim como em todas as outras vezes, Stella iria tentar ser novamente superprotetora e me esconder o seu verdadeiro estado de saúde.
-Me solta!-Exclamo irritada, tentando me desvencilhar de seus braços.
-Se acalma!-Exclama Helio levando fortes tapas.
-Como você pôde?!-Engulo em seco enquanto meu corpo tremula, a dor da traição em meu peito é tão imensa que eu não consigo respirar.-Como pôde me esconder o estado de saúde dela!-Digo vendo sua face seria enquanto seus olhos, cheios de lágrimas, me encaram com culpa. Enfermeiros e pacientes passam pelo extenso corredor, enquanto me abraço, tentando a todo custo tirar esse frio em meu corpo, essa dor em meu peito.
-Querida, ela me fez prometer que não te contaria.
-E VOCÊ POR ACASO ACHA ISSO CERTO?!-Digo caindo no choro.-Eu confiei em você, confiei que não seria igual praticamente todos os outros, confiei que eu poderia contar com você pra tudo, PRA TUDO.
-Mas você pode, por favor, eu prometi. Você não sabe o quão difícil também foi pra mim, pra nós.-Diz ele tentando pegar meus braços mas não deixo.
-Ela tá morrendo, ela tá morrendo e VOCÊ não me contou.-Digo caindo de joelhos no chão e me abraçando.
-Por favor, amor.
-NÃO ME CHAMA DE AMOR!-Berro fungando, não me importo com o grupo de enfermeiros e pacientes que se reuniu, não me importo com o frio do, não me importo com o cheiro enjoativo de álcool e coisas de hospital.
Sou pega do chão quando o quarto de Stella é aberto e vários médicos passam correndo com ela.
-STELLA, Stella.-A chamo sentindo minhas pernas fraquejarem, minha garganta falhar, um forte enjôo toma meu estômago ameaçando me fazer vomitar.
-Se acalma, por favor se acalma!-Diz Helio me prendendo em seus braços. Tento me soltar dele, desse traidor que escondeu de mim algo tão importante, mas não consigo. Não quando a mulher da minha vida foi pra sei lá aonde.-Você precisa se acalmar, me bate, me xinga, faz o que quiser, mas depois que resolvermos isso. Ela precisa que estejamos fortes por ela, você entende?-Diz Helio em meu ouvido.
-Eu não quero, eu não quero perder ela.-Digo em fortes soluços.
-Eu também não.-Diz se rendendo ao choro enquanto me abraça fortemente.
Me permito abraça-lo de volta e me entregar ao profundo choro, ao choro de uma pessoa desesperada, ao choro de alguém que não sabe realmente o que fazer.
-Eu não sei o que eu vou fazer sem ela, eu, eu não quero, eu não quero viver se a perder.-Digo chorando mais e mais e ofego ao sentir um forte aperto em meu braço.
-Nunca, nunca mais diga isso.-Diz Helio me lançando um profundo e irado olhar que faz com que eu tremule de medo.-Nunca mais diga que não quer viver. Por favor eu não posso, eu não posso te perder.
-Deveria ter pensado nisso antes de me esconder que a minha melhor amiga, a minha segunda mãe, estava morrendo.-Digo o olhando com amargura.
-Por favor, amor, não diga que quer morrer.-Diz aliviando o aperto em meus braços.
-Ela é tudo pra mim, tudo! E por sua culpa, eu não pude ajudá-la de alguma forma, eu, eu não pude! Você me tirou o direito de passar ainda mais tempo com ela, eu não vou te perdoar por isso, eu não posso te perdoar por isso.
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O juíz
RomanceHelio Tompson é um poderoso e influente juiz de Los Angeles, com um passado marcado de traumas ja superados (ou é o que ele pelo menos finge acreditar). Ele acredita que tudo em sua vida está mais que perfeito, afinal, ele é um belo homem, rico, fa...