Acordo resmungando, ao ver que fui despertado por algo, no relógio marca seis e quarenta, o que me surpreende, desde que Sonya começou a morar comigo, tenho dormido bem mais.Olhando o motivo irritante que me despertou, estranho ao ver que se trata de um número desconhecido. Se for alguma operadora me oferecendo pacotes de internet ou alguma ligação da cadeia de algum engraçadinho dizendo que sequestrou alguma filha minha eu vou ficar pistola.
-Helio falando.-Digo acariciando os cabelos de minha mulher que dorme ao meu lado.
-Oi Helio, sou eu a Stella.-Diz me fazendo arquear a sombrancelha.
-Oi Stella, quer falar com a Sonya?-Pergunto observando seu sereno rosto
-Não! Er, na verdade, tem como ela não saber que eu estou te ligando e se possível, você vir aqui no hospital?-Estava prestes a recusar mas algo em suas palavras fizeram com que eu mudasse de idéia.-Por favor, Helio, por favor, eu preciso fazer você venha pra cá e pelo amor de deus, não deixa a Sonya saber.
-Ok, chego aí em uns 50 minutos.-Digo desligando. Agora só me faltava essa. Respirando fundo, beijo a testa de minha mulher enquanto reluto em sair da cama.-Amor.-A chamo calmamente a sacudindo, coisa que não adianta muito ja que ela só se vira pra o outro lado e volta a roncar.-Tem bolo de chocolate em cima da mesa.-Digo a vendo despertar rapidamente e fazer menção de sair da cama, o que me diverte pra caramba.
-Onde? Cadê? Me dá!
-Acaalma esse coração!-Digo rindo.-So assim pra te acordar, querida, preciso sair pra resolver umas coisas hoje, tem problema se cuidar da decoração do jardim?-Digo a vendo se acalmar.
-Não amor, sem problema, bom compromisso.-diz bocejando e se deitando na cama novamente. A dando mais um beijo, me levanto da cama e tomo um banho rápido, assim como também escovo os dentes e troco de roupa e pegando minha carteira com meus documentos e dinheiro, saio de casa e pego meu carro.
O dia começa se abrir, dando indícios de que talvez mais tarde, vá fazer um pouco de calor. Enquanto dirijo até o hospital, tento não pensar muito nas razões pelas quais eu fui chamado, e ainda sem poder contar pra Sonya, o que pra mim é muito difícil já que detesto esconder algo de meu amorzinho.
Quando chego ao hospital, não me demoro muito a estacionar o carro e ir pra dentro, pedindo a enfermeira pra me levar até a sala de Stella.
Quando chego na mesma, um médico me encara com uma cara séria o que faz com que eu arqueie a sobrancelha.
-Senhor Tompson.-Me cumprimenta o médico. O dou um aceno de cabeça antes de entrar dentro da sala, encontrando Stella tossindo.
Ela funga antes de limpar seu nariz ensanguentado com um paninho.
-Oi Helio.-Diz ela com a voz fraca.
-O que está acontecendo aqui?-Pergunto encarando toda a cena. O médico com um prontuário na mão, além de um olhar de pesar, começa a me falar.
-Então senhor Tompson, como deve saber, o quadro da senhorita Stella é delicado por conta desse tumor dela e a-
-O que ele está querendo dizer é que meu quadro piorou, e minhas chances de recuperação foram de 70 pra pelo menos 40%.-Diz Stella com os olhos ardendo de lágrimas enquanto eu engulo em seco.
-O tumor está se espalhando com mais rapidez do que podemos imaginar.
-Ela não pode ser operada?-Pergunto tentando manter a calma enquanto meu coração pesa ao imaginar como Sonya ficará arrasada.
-Temos que esperar pelo menos nove ou dez dias pra que todos os exames tenham sido feitos pra ver se está tudo bem com a senhorita, esse é o mais rápido que podemos ir.
-Merda!-Exclamo passando a mão por meu cabelo nervosamente.-As chances dela são boas de sair dessa operação com vida.-Digo obtendo a resposta pela cara de pesar no rosto do médico.
-Eu diria que muito poucas, e, mesmo se ela conseguisse sobreviver, haveria graves sequelas, além de potenciais chances de que mais pra frente, esse tumor possa voltar ou até mesmo, que ela desenvolva um câncer.-Diz me fazendo respirar fundo, merda merda merda merda merda!
-Em outras palavras, ou eu vou morrer ou eu vou conseguir com que ele volte futuramente e termine o serviço.-Diz rindo amargamente.
-Precisamos avisar a Sonya, ela, el-
-NÃO!-Exclama Stella.-Eu não quero que ela saiba disso, pelo menos não por agora.
-Stella v-
-NÃO Helio, VOCÊ não entende, eu conheço Stella desde que ela era um bebê, ela vai ficar arrasada se souber agora disso, e eu de forma alguma quero deixá-la assim, no último dia antes de eu operar, eu conto tudo pra ela.
-Não, de jeito nenhum! E o que você propõe então?-Olhando de relance pra o médico, ela respira fundo enquanto diz.
-Amanhã vou ir pra casa de vocês, e vou passar uma semana com ela.-Diz engolindo seco.-Eu, eu quero aproveitar o que pode ser o que vai ser a minha última semana com a minha menina, e eu não quero, eu, eu não vou aguentar vê-la triste e abatida por minha causa, Helio por favor, me ajuda com isso, me de a sua palavra de que não vai contar pra ela e de que vai me ajudar com tudo, eu não quero deixar nenhum problema.
-Eu, eu, eu não posso esconder isso dela, isso é muito grave.
-Helio, por favor!-Diz caindo no choro.-Acha que não é difícil pra mim esconder isso dela? Esconder o fato de que eu sabia, desde que fui diagnosticada, que eu teria pouco tempo de vida? Eu estou suportando isso, suportando esse peso durante todo esse tempo, essa tristeza profunda dentro de mim, e a única coisa que me mantém em pé, que faz com que eu tenha vontade de sorrir em meio a todo esse caos, é o sorriso da minha menina. São aqueles olhinhos carinhosos e aquele jeito doce e meigo dela, e eu sei, eu sei que eu vou deixar de ter tudo aquilo se contar pra ela agora que eu vou morrer.-Diz caindo no choro. Respirando fundo, encaro o médico que permanece em silêncio no canto.
-Ela pode passar uma semana em casa?-Pergunto com a voz falha, falar parece estar se tornando uma missão difícil.
-Desde que ela tome os remédios, não vejo problemas.-Diz engolindo em seco.-Deseja ir hoje senhorita?-Pergunta o médico encarando Stella com um olhar de pena.
-Não.-Diz fungando.-Eu preciso da sua ajuda pra deixar tudo organizado, testamento, coisas financeiras, funerárias.-Diz limpando as lágrimas que insistem em cair por seu rosto.-Alem disso, eu preciso, preciso que me prometa que não vai contar nada pra Sonya. Por favor.-Diz com a voz falha.
-Eu prometo.-Digo engolindo em seco.
Naquele dia, passei o restante da manhã, assim com a tarde, cuidando de tudo relacionado as finanças de Stella, seu testamento, assim como coisas funerárias, o que foi imensamente difícil pra mim. Um peso no coração por saber o quanto minha menina vai sofrer, apertou meu coração ao ponto de eu me sentir sufocado.
Foi mais difícil ainda me forçar a por um sorriso no rosto, e afastar os acontecimentos da tarde e manhã, quando entrei em casa e me deparei, surpreso, com o lindo jardim, além de minha mulher me esperando ansiosa, com aquele olhar exótico e iluminado, me encarando com expectativa.
Stella tinha razão, se Sonya soubesse agora, ela ficaria destroçada, e, por isso, me esforcei ao máximo naquela semana, pra poder tornar tudo o mais incrível possível, pra que ambas tivessem experiências incríveis, inesquecíveis, nas quais, eu participei, e nas quais fez com que eu me aproximasse de Stella e me afeiçoasse a ela como uma grande amiga.
O peso da realidade torna tudo o que comi em meu estômago pesado, enquanto lágrimas ameaçam cair por meus olhos enquanto tiro Sonya do quarto, vendo em desespero, minha grande amiga em um mar de sangue, e, sinto uma dor lacerante ao perceber, que a sua vida, está se esvaindo e que muito em breve, vamos perde-la.
Ai meu pai amado. Eu tô arrasada por causa da Stella, sério, sem palavras.
E aí mores, o que acharam? Comentem bastante aí que logo trago outro capítulo. Beijooos.
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O juíz
RomanceHelio Tompson é um poderoso e influente juiz de Los Angeles, com um passado marcado de traumas ja superados (ou é o que ele pelo menos finge acreditar). Ele acredita que tudo em sua vida está mais que perfeito, afinal, ele é um belo homem, rico, fa...