Capítulo 11.

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LC.

Às vezes tenho dificuldade pra dormir e quando isso acontece eu dou um rolé pela favela e depois subo lá no alto do morro e fico curtindo a vista na laje de um casarão abandonado que tem lá perto do meu barraco.

Foi nessas quando tava voltando a subir que ouvi vozes no beco e recuei vendo o desgraçado do jp, adora caçar um b.o. Ele tava segurando o braço da Mariana e dizendo uns bagulho sobre ela estar sozinha e os caralho a quatro.

-Ela não tá sozinha.-Falei alto por conta da distância e fui até eles, na hora o maluco soltou o braço dela.

Jp: Foi mal aí, pô.-Foi se afastando com os braços levantados, como quem se rende.-Nem sabia, ela não me falou.

-Ela não tinha que te falar porra nenhuma, pela saco do caralho.-Falei mais alto.-Se liga Jp, Negão tá na tua cola.-Foi só falar o vulgo do de frente que já se afastou mais ainda.

O cara adora perturbar as mina, o que é contra as regras daqui. Uma pá de mina já foi lá reclamar com o Negão sobre as perturbações dele e desde então ele tá de olho no filho da puta, esperando só mais um a de alguma outra mina pra sentar o dedo no gatilho e descer o aço nele.

-Mete o pé.-Falei e ele meteu o flash, sumiu rapidão.

Mariana: Eu não sei como te agradecer.-Falou soltando um suspiro de alívio, tava tão quieta que até já tinha esquecido que ela tava aqui.

-Precisa não, pô.-Falei vendo ela passar a mão no braço e olhei vendo que a marca dos dedos do otário ainda estavam lá.-Tá doendo?-Apontei com o queixo.

Mariana: Nada que uma pomada não resolva.-Sorriu.

-Vamo, eu te acompanho até na tua goma.-Falei e ela balançou a cabeça em negação.

Mariana: Não quero ir agora, vou ficar girando na cama sem conseguir dormir mesmo. Preciso de respirar um pouco, relaxar.-Falou e eu assenti.

-Sei de um lugar que transmite uma paz do caralho, pelo menos pra mim.-Ela concordou e começamos a andar.-Se eu fosse você, não passaria por beco nenhum depois das nove da noite.

Mariana: Pode deixar.-Riu de nervoso.-Você e o carinha lá não se batem né?

-É tão notório assim?-Perguntei e ela fez que sim com a cabeça.-Ele fazer isso com as mina já me tirava do sério mas quando ele tentou pegar a Drika sem o consentimento dela eu fiquei com sangue nos olhos. Tiveram que me tirar de cima dele, de tanto ódio eu nem tinha visto que ele já tava desacordado, maluco ficou um mês no hospital.

Mariana: Meu Deus...-Falou admirada.-Pera, cê disse Drika?-Assenti e ela parou de andar, me olhando.-Cês já...

-NÃO!-Gritei e não pude conter a risada ao pensar no que ela tava pensando.-Ela é minha irmã.-Falei vendo ela suspirar e continuar andando.

Mariana: Ata.-Riu.-Aquela safada nunca me disse.

-Então vocês falam de mim?-Arqueei a sobrancelha, mesmo que ela não pudesse ver por conta do meu boné.

Mariana: Quê? Ér...-Passou a mão no short e desviou o olhar.-Esquece isso, tá?

-Beleza.-Concordei vendo que já tínhamos chegado no casarão, peguei um caixote que eu trouxe pra começar a subir na laje e coloquei em frente do muro, olhando pra ela.

Mariana: Não me diga que a gente vai chegar lá em cima com esse caixote só.

-Nem é tão longe assim.-Respondi.

Mariana: Infelizmente eu não possuo as habilidades do homem aranha, isso vai dar merda.-Falou e eu ri, caralho. Se pá só falei com a mina umas duas vezes e ela já me fez rir mais do que uma pá de gente que eu conheço desde menor.

-Eu vou primeiro e te ajudo.-Ela concordou com a cabeça. Subi no caixote, pisei nos blocos de concreto sobresaídos que tinha um pouco acima da minha cabeça e peguei impulso, saltando no muro da laje.

Mariana: Ata que eu vou conseguir fazer isso.-Gritou lá de baixo.

-Vem logo.-Gritei e ela continuou parada lá.-Confia.-Pedi vendo que ela ainda não tava com cem por cento de certeza.

Ela respirou fundo subindo no caixote...

Nossa História. - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora