Capítulo 49.

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Mariana.

Tava na cozinha tomando um copo de água quando escutei o barulho da porta da sala ser aberta e uma voz que me era desconhecida gritando com alguém que arrisco afirmar ser o meu pai, visto que só tava eu e ele aqui em casa.

Meu uc chega trancou quando as vozes ficaram mais altas. Deveria ficar quieta aqui como o meu instinto tá mandando mas caguei pra ele e deixei o copo quase vazio sobre a bancada.

Fui andando devagar até a sala, vendo o cara que comanda a favela apontando o dedo na cara do meu pai. Quando cheguei perto o suficiente pra eles perceberem a minha presença o meu pai engoliu em seco e eu fui pro lado dele.

-Quê que tá acontecendo, pai?-Peguei na mão dele que tava toda molhada e entrelacei os nossos dedos.

Mário: Nada não, princesa.-Beijou a minha cabeça.-Tá tudo bem.-Sorriu meio forçado e quando eu ia falar escutei a risada do cara lá.

-Tudo bem?-Perguntou e riu mais alto.-Tá nada bem não mas vai ficar quando esse zé droguinha pagar tudo que deve lá na boca!-Gritou.

Olhei pro meu pai, esperando ele dizer que era mentira mas tudo que ele fez foi desviar o olhar e se afastar de mim.

Mário: E-Eu.-Passou a mão na cabeça.-Eu sinto muito minha princesa, eu te amo, não era pra você ficar sabendo desse jeito.-Soltou um suspiro frustrado.-Eu ia contar.

-Paga logo a meta que tu tá devendo, tô perdendo a porra da paciência que nem tenho já.-O cara falou e eu já tava sentindo os meus olhos começaram a lacrimejar.

Mário: Eu não ten...-Ele nem conseguiu terminar de falar porque logo o cara tirou uma glock do coldre e disparou três vezes na testa do meu pai, fazendo o corpo dele cair sem vida do meu lado na hora.

-Foi o que eu pensei.-Sorriu, exibindo os dentes de ouro e saiu batendo a porta com força.

Eu estava estática, meu corpo tava gelado e os meus olhos tavam ardendo de tanto tempo que eu tava sem piscar. Meu coração nunca bateu tão rápido na minha vida, olhei novamente pro corpo do meu pai sem vida e pra testa dele perfurada, foi aí a ficha caiu.

-NÃOOOOOOOOO.-Gritei a plenos pulmões com toda força que tinha.-Acorda pai, por favor acorda.-Pedi sentindo a minha visão ficar cada vez mais embaçada pelas lágrimas que saiam sem parar enquanto me agachava do lado do corpo dele.-Acorda pai.-Falei de novo e senti o ar começar a faltar.-Eu também te amo pai, se você me ama tanto quanto diz me prove acordando, por favor.-Pedi baixinho abraçando os meus próprios joelhos e fungando alto.-EU TÔ TE IMPLORANDO PAI, NÃO ME DEIXA, NÃO ME DEIXA, NÃO ME DEIXA, NÃO ME DEIXA.-Peguei na mão dele gelada, passando no meu rosto.

LUCCA.

Acordei no susto com a preta gritando pra caralho do meu lado e toquei no rosto dela que tava cheio de lágrimas.

-Mariana.-Chacoalhei ela levemente e ela abriu os olhos mó assustada e me abraçou com força.-Tá tudo bem.-Falei apertando ela nos meus braços e passando a mão no cabelo dela.

Mariana: Ele morreu de novo.-Fungou e eu senti as lágrimas dela molharem as minhas costas.-Ele me deixou de novo.-Falou baixinho e começou a respirar pela boca, provavelmente já sem ar de tanto chorar.

-Preta.-Fiz menção de desfazer o abraço e ela chorou mais e me apertou com força, começando a tremer.-Olha pra mim, preta.-Desfiz o abraço pegando no rosto dela, você tá tremendo, calma.-Puxei ela pro meu colo, arrumando as pernas dela em volta da minha cintura e ela escondeu o rosto na curva do meu pescoço chorando mais.

Fiquei passando uma mão nas costas dela e outra no seu cabelo, massageando até ela se acalmar.

Mariana: Que horas são?-Perguntou mó baixinho, saindo do meu colo e se encolhendo debaixo da coberta.

Peguei o meu celular, vendo que eram três e meia da manhã e mostrei pra ela.

-Cê quer falar o que sonhou?-Me deitei e puxei ela pra perto.

Mariana: Basicamente revivi o dia da morte do meu pai.-Soltou um suspiro e deitou a cabeça no meu peito, passando a perna dela em cima da minha logo em seguida.

-Sinto muito, tô ligado que infelizmente não posso fazer nada que possa melhorar a situação mas eu tô aqui.-Beijei o cabelo cheiroso dela e ela levantou a cabeça e deu um beijo no meu peito, voltando a deitar ali.

Fiquei passando a mão nas costas dela, pensando no quão forte ela é por ter passando por tanto com tão pouca idade e ainda assim se tornar a mina cheia de luz que ela é.

O barulho do meu celular tocando me fez voltar pra realidade, peguei em cima da mesinha de cabeceira e atendi depois de ver que era o 69.

Ligou pra falar que um usuário queria umas paradas aí pra agora, infelizmente nessa vida não existe feriado e muito menos horário certo pra trampar.

Passei a mão na cabeça vendo que tava quase dando quatro da matina e chamei a preta.

Mariana: Hm?-Respondeu ainda deitada do jeito que tava antes.

-Pô, 69 ligou pra mim dizendo que preciso fazer um corre rapidão, tem problema pra ti ficar sozinha?-Perguntei e ela levantou a cabeça e balançou diversas vezes com os olhos lacrimejando de novo.

Mariana: Não me deixa sozinha não, por favor Lucca.-Passou a mão no rosto, limpando as lágrimas que tinham caído.

-Não dá pra falar que não vou, preta. Vai ser rapidão.-Passei a mão no rosto dela, limpando a lágrima que caiu.

Mariana: Eu tô com medo de ficar sozinha e vivenciar tudo isso de novo Lucca.-Escondeu o rosto com as mãos.-Me leva contigo, por favor.-Fungou e limpou o rosto molhado na minha blusa que ela tava vestindo.-Eu juro que vou ficar quietinha mas por favor não me deixa sozinha.

-Tá bom.-Puxei ela pra um abraço.-Chora mais não, assim você me quebra.

-
Não sei quem chorou mais, eu escrevendo esse capítulo ou a Mari.

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