Capítulo 16.

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LC.

Tava voltando da segunda boca, fui entregar o lucro das entregas de hoje pro 69 depois do corre e meti o pé , indo pra minha goma mas quando passei pela rua do postinho eu tive que recuar pra ter certeza do que eu tinha visto.

Era a Ana, tava sentada na calçada com o rosto todo vermelho, como quem tinha chorado pra caralho.

-Qual foi?-Perguntei me agachando pra ficar da altura dela.

Ana: Eu devo ser a pessoa mais azarada que existe na face da terra, papo retão.-Passou a mão no cabelo.

-Tá fazendo o quê aqui, é essa fita da tua irmã?-Ela abanou a cabeça em negação.

Ana: Quem dera Lc, quem dera!-Repetiu e eu já fiquei meio assim só esperando ela falar, mas a menina não fazia nada além de passar a mão na cabeça e fechar os olhos diversas vezes.

-Se não é a mandada da tua irmã qual foi então?-Perguntei já impaciente também.

Ana: Eu tô grávida!-Falou de uma vez.-E nem tenho certeza de quem é o pai.-Soltou um suspiro alto.

-Caralho...Tu ficou com tantos assim?

Ana: Que nada, tu eu já descartei porque a médica disse que é de duas semanas, tirando o dia de sábado, já tinha um mês direto que a gente nem se via então não tem como ser você.-Explicou e eu nem me admirei.-Tô fazendo os cálculos aqui pra ver se é o Negão ou o Cleyton. Mas pelas minhas contas acho que é o Negão mermo.

-Tu ficava com o Negão?-Perguntei e ela desviou o olhar.-Mano, tu tem noção que os teu coroa vai surtar?

Ana: Eu não preciso de ninguém pra me pôr mais pressão não, Lc!-Falou um pouco alto.-Acha que eu queria trazer ao mundo uma criança que vai correr risco por conta da vida que o provável pai leva? Ou só pela cor de pele que terá? Que pode sofrer racismo da parte dos próprios avôs?-Falou se referindo aos pais dela, têm um preconceito do caralho com os pretos, agora dependendo do pai, o neto pode ser preto. O karma veio pra eles mermo, chega até a ser irônico.

-Foi mal.-Falei e sentei do lado dela.

Ana: Eu tô fudida, não sei o que vai ser da minha vida agora e menos ainda a reação que os prováveis pais do bebê vão ter.-Balançou a cabeça em negação e pela voz trêmula notei que ela tava se segurando pra não cair no choro de novo.-Por quê que é tudo tão difícil pra mim?-Perguntou fungando e eu abracei ela.

-Sei nem o que te falar, papo reto mermo.-Me separei dela quando ela se acalmou.-Tu já trocou uma idéia com os caras sobre esses bagulhos de ter cria pra ter uma noção de como eles vai reagir?-Ela negou com a cabeça.

Ana: Pior que não cara, era uma sentada sem compromisso, metia logo o pé depois disso.

-Te falar, não sei desse Cleyton mas o Negão eu boto fé que não vai deixar nada faltar se a cria for dele.

Ana: O mínimo né?-Riu irônica.-Afinal de contas não foi uma pica de plástico que gozou dentro de mim.

Ficamo mais um tempo trocando idéia e depois acompanhei ela até a casa dela. Chegando na minha goma fui tomar banho e me trajar pra encontrar os manos lá no bar do seu Nelson, hoje tem jogo de futebol e uma pá de cara vai se juntar lá pra assistir e tomar uma gelada.

-Coé mano?-Fiz um toque com o Ht quando cheguei no bar, os que eu não tinha muita intimidade só acenei com a cabeça.

Ht: Tranquilidade, vim pronto pra ver o Real Madrid perder.-Deu um gole na lata de cerveja dele e voltou a pôr na mesa.

-Ainda, pô.-Falei afastando a cadeira da mesa e me sentei vendo o Negão subindo o morro com a Ana no outro lado da rua.

Ht: Rolê mó aleatório.-Falou olhando também.

-O quê?-Me fiz de desentendido, não curto muito falar sobre a vida alheia não.

Ht: Aqueles dois lá, tá com a cabeça na onde se tu tava olhando também?

-Prestei nem atenção, rapá. Cala a boca e me deixa ver o jogo em paz, fifi do caralho.-Ele riu e eu vi a moça que trabalha aqui vindo com um bloquinho e uma caneta pra anotar o meu pedido.

Nossa História. - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora