Capítulo 25.

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Mariana.

Passou coisa de três dias desde que fui pra loja sem ter dormido, pensa num perrengue, meu Deus... Naquele dia quando eu voltei pra casa, não vi banheiro, não vi comida, não vi nada! Fui direto pra cama. Pra cês terem noção eram duas da tarde e eu só acordei no dia seguinte, por causa do alarme ainda.

Faz pouco tempo que voltei da loja, minha mãe cozinhou um empadão que aparentava estar maravilhoso, tava cheia de fome e sentir o cheiro da comida enquanto tomava meu banho não facilitava muito não.

Vesti um vestido soltinho de alça bem fininha por conta do calor, passei meu creme hidratante, desodorante, perfume e saí do quarto vendo a minha mãe colocar um pedação de empadão em uma vasilha.

Lúcia: Ainda bem que tu chegou meu amor, leva isso pra mim lá na Paula?-Perguntou sem me olhar, por estar tampando.

-Até parece que se eu disser não, tu não vai me obrigar a ir do mesmo jeito.-Dei risada, ela sempre pergunta as coisas desde que tu responda o que ela quer ouvir.

Lúcia: É já aqui na frente também, toma.-Me entregou.-Eu quero que ela prove, ela disse que nunca tinha comido empadão de atum antes, as pessoas estão mais habituadas a fazer de frango ou carne.

Minha mãe manda muito, faz empadão com todo tipo de recheio que vocês possam imaginar. Aqui não tem essa de "ai, aqui em casa não tem isso então não podemos cozinhar tal coisa." Ela sempre dá um jeito com o que tem.

-Entendi, Chef Ramsay.-Falei com ironia, rindo e ela já riu junto, revirando os olhos.

Bati no portão e enquanto esperava ser atendida senti o meu celular vibrando, era mensagem do Lucca no whats. Perguntou como é que eu tava e disse que a roupa que eu tinha deixado lá já tava limpa, que ele ia entregar pra Dri assim que ela voltasse da faculdade pra ela me entregar. Já tinha até esquecido que deixei a minha roupa lá, aproveitei que já tô na rua e falei que eu mesma vou lá pegar daqui a pouco.

Paula: Oi minha linda.-Sorriu ao abrir o portão.

-Oi, dona Paula.-Sorri de volta e ela se afastou, dando espaço pra eu entrar depois de me dar um breve abraço.-Tudo bem com a senhora?

Paula: Tudo ótimo, vem, pode entrar.-Pegou na minha mão e foi me puxando lá pra sala.-Pode sentar, fica à vontade.

-Tô bem assim, obrigada. Vim só trazer esse empadão, a minha mãe queria que a senhora provasse.

Paula: Ah, obrigada.-Sorriu.-Fala pra ela que eu agradeço muito, tenho certeza que tá ótimo. Vou comer sim.

-Vou dizer, pode deixar.-Respondi e ela me levou até a porta, nos despedimos e eu fui subindo pra casa do Lucca.

Tava um calor do caralho, e eu subindo o morro debaixo desse sol ardente, puta que pariu. Podia ter deixado ele dar pra Dri pra ela trazer, péssima mania essa minha de negar gentilezas.

Cheguei lá quase derretendo mas cheguei, dei algumas batidas no portão e não demorou muito pra ele vir abrir pra mim.

Lucca: Caralho, preta. Correu uma maratona?-Perguntou e eu fiquei um tempo viajando na carinha dele de mau antes de responder.

-Esse sol e esse calor ainda vão matar alguém um dia, escreve o que eu tô te falando.-Respondi passando a mão na testa, sentindo o suor. Que ódio, eu lavei o cabelo ontem e já deve estar um ninho.

Lucca: Entra aí.-Deu passagem.-Aproveita tomar um copo de água e dar uma descansada enquanto eu vou pegar a tua roupa.

Nem recusei, quase chorei de felicidade ao entrar na sala e sentir o frio gostoso que tava por conta do ar condicionado que tava ligado. Sentei no sofá enquanto tomava a água que ele trouxe pra mim antes de sumir no corredor.

Lucca: Aqui.-Voltou com a roupa dobrada, dentro de uma sacola branca mó bonitinha.-Até passar eu tentei.

-Ui, prendado ele.-Falei e ele deu um sorriso de lado bem breve, tão rápido quanto surgiu ele se foi.

Lucca: Longe disso, pô.-Senti um friozinho na barriga ao ouvir a voz rouca dele novamente.-Só não queimei a roupa junto com a casa por causa da minha coroa que tava no auxílio.

-Eita.-Dei risada, me levantando e peguei a sacola da mão dele, chega arrepiei na hora que as nossas mãos se tocaram sem querer.-Obrigada, vou indo então.

Lucca: Nada, pô. Te acompanho.-Respondeu.

Fomos até a porta da sala e quando fui pra abrir parei ao ouvir um barulho já muito bem conhecido por todo morador de favela.

-Cê ouviu o mesmo que eu?-Me virei, olhando pro Lucca.

Lucca: É, parecem fogos mermo.-Respondeu tirando o celular do bolso da calça moletom dele.-Vou ver com uns manos que moram lá na frente se tá tendo invasão.

Nossa História. - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora