Capítulo 46.

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Lucca.

Tirei a blusa jogando no ombro e me sentei no caixote, pegando o baseado que eu bolei e acendendo.

Traguei sentindo o corpo dar uma relaxada e soltei a fumaça vendo o Ht cantando uma música baixo e balançando a cabeça. Isso porque ele tá no plantão, imagina o que o maluco faz no tempo livre.

-Acorda pra vida, mané.-Joguei o isqueiro nele e ele se levantou destravando a arma no susto.

Ht: Para de cortar a minha onda, invejoso do carai.-Pegou o isqueiro me jogando de volta e foi pros quatro cantos da laje ver a movimentação antes de sentar de volta no outro caixote.

-A tua coroa tá mais mec?-Perguntei lembrando que a minha coroa tava quase sempre conversando com ela pra ver se acalma o coração da tia.

Ht: Porra, eu não sei o que a tia Paula tá falando pra ela não mas ela nunca mais tocou naquele assunto.-Ajeitou o boné.-Tá mó clima bom, ficar na paz é um bagulho bom demais. E tu e a preta?

-Que preta o quê truta? Da onde tá tirando essa intimidade? Pra você é Mari e olhe lá, rapá.-Falei tragando e ele rindo igual uma hiena, nem entendi nada.

Ht: Ala, todo gamadão tu.

-Falar pra tu, aquela garota é a minha paz todinha, pô.

Ht: Ih, mó papo gay, sai fora! Mó medo de acabar assim.

-É aquele ditado.-Joguei o resto do baseado no chão, amassando com o pé.-Cê pode fugir mas não pode se esconder.

Ht: Tá amarrado!-Falou fazendo o sinal da cruz e quando eu ia responder o meu celular apitou, anunciando a nova mensagem que tinha chegado no zap.

Era a Ana, perguntou onde eu tô e se tô disponível pra trocar uma ideia. Falei pra ela colar aqui e quando ela chegou eu desci da laje depois de vestir a minha blusa.

-Fala tu, ruivinha.-Falei fazendo um toque com ela que tava apoiada no muro da boca.-Cê tá bem?

Ana: Ahram.-Murmurou.-Eu ontem fui pro postinho.

-Aconteceu alguma coisa?

Ana: Eu já sei o sexo do bebê.-Falou dando um sorrisão, era bom ver que ela já não tava tão desolada. Parece que já tava se acostumando com a idéia, sacas?

Quando ela falou de bebê é que eu parei pra reparar mais nela. Tava de moletom e short então claramente as pessoas não iam reparar se ela estivesse com barrigão ou não, porém uma hora as pessoas vão começar a falar porque a Ana é o tipo de mulher que sempre gostou de mostrar mais o corpo, ela sempre disse que o que é bom é pra ser mostrado.

-Fala logo então, porra. Tá achando que é filme pra fazer suspense?

Ana: Só por você ter dito isso eu vou fazer mais suspense ainda e falar amanhã só.-Cruzou os braços.

-Até parece que cê consegue, se tu veio atrás é porque já não tava aguentando guardar só pra você. Fala logo, pô.

Ana: Ai que ódio de ti, é um menino.-Falou com os olhos brilhando e limpou a lágrima que escorreu.

-Parabéns pô.-Falei abraçando ela que me abraçou de volta e já começou a chorar.-Para de chorar mané.-Desfiz o abraço e ela riu, limpando o rosto com a manga do moletom.

Ana: Fala pros meus hormônios, talvez eles te ouçam.-Respondeu debochada.

-Cala a boca, cara, cê sempre chorou por tudo.-Virei o meu boné pra trás.-E o Negão curtiu?-Sentei na calçada.

Ana: Nossa, demais. Mandou uns vapores levarem um montão de roupinha lá em casa hoje.

-Da hora, pô. E a tua família já tá sabendo de todo rolê?

Ana: Quase dois meses que eu não volto pra casa e nem só uma ligação deles eu recebi, Lucca.-Sentou também.-Eu não me sinto mais na obrigação de contar algo tão íntimo pra pessoas que agem como completas estranhas comigo.

-Foda.-Falei e o meu celular vibrou, era a coroa me chamando pra almoçar.-Vou nessa ruiva, tenho que comer e depois ainda vou trampar.-Falei me levantando.-Se cuida.

Ana: Cê também.-Respondeu, fizemos um toque e fui descendo pra casa da dona Paula.

Mó medo de comer e ficar com sono depois, geralmente é o que acontece comigo quando como a comida da coroa, já perguntei até se ela coloca sonífero.

Tenho é que ficar acordado porque vou trampar até de madruga.

Nossa História. - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora