Mariana.
Acordei com o meu celular tocando, peguei o mesmo na força do ódio pronta pra xingar a pessoa e a sua próxima geração por tamanha inconveniência, são duas da manhã, cara.
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Alô?-Falei bocejando.
Nem consegui ver quem era de tanto sono-Mar-Mariana?-Escutei a voz do Lucca meio arrastada e já sentei.
-Oi, Lucca. Sou eu, tá tudo bem?
Cê bebeu?-Só um pou-pouco.-Escutei ele falar com dificuldade e depois fungar. Fiquei preocupada real, ele não parece ser o cara que chora por pouca coisa.
-Onde você tá, consegue me dizer?-Perguntei já levantando da cama e calçando as minhas havaianas.
-Tô em casa.-Respondeu e eu escutei um barulho de vidro quebrando, até pulei aqui onde estou de susto.
-Tá bom, eu tô vindo aí.-Coloquei no viva voz e peguei um short de pano, vestindo.
-N-Não precisa, não quero que você me veja assim.
-Não faz nenhuma besteira, já já eu tô aí.-Falei e desliguei a ligação.
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Taquei o celular na cama e vesti um moletom levinho, por estar somente com blusa de alça e lá fora estar ventando. Saí na ponta do pé pra não acordar a minha mãe e fui subindo a ladeira na fé, pedindo a Deus pra não aparecer outro jp uma hora dessas.
Cheguei na frente da casa do Lucca rápido até, não sei se vim correndo por medo de aparecer um depravado sexual ou por preocupação, só sei que corri.
Bati no portão à beça e nada dele abrir, lembrei que uma vez a Dri falou pra mim que tem uma chave escondida no vaso de planta que fica na frente, a solução foi caçar e abrir no pique invasora mesmo.
Passei pelo quintal e quando cheguei na sala arregalei os olhos ao ver o caos que tava, um monte de parada jogada no chão, controle do ar condicionado, controle da tv, a mesa de centro virada, as cadeiras da mesa de jantar tudo jogadas no chão também, as almofadas do sofá com rasgões, o espelho todo quebrado, cacos de garrafa de alguma bebida no chão e na parede branca do lado da tv tava escorrendo um líquido tipo whisky, sem mencionar o cheiro forte de maconha no ar.
Lucca: Eu mandei o papo que cê não precisava vir, não mandei?-Tomei um susto, quando escutei a voz dele e vi ele saindo do corredor.
Tava com os olhos vermelhos, a voz mais rouca que o normal e com a cara super fechada. Eu acharia sexy em outras circunstâncias.
-Você claramente não tava bem e eu não tenho o costume de abandonar pessoas quando precisam de mim.-Respondi e vi ele dar um gole na garrafa de cachaça que até então eu não tinha reparado que estava com ele.
Lucca: MAS EU NÃO PRECISO DE VOCÊ!-Gritou jogando a garrafa contra a parede, fazendo eu fechar os olhos por conta do barulho horrível que fez e os cacos caírem no chão.
"Ok, Mariana, respira fundo que você consegue." Falei mentalmente, eu já tava entendendo qual era a intenção dele.
-Eu sei o que você tá fazendo, Lucca, eu não vou ficar com medo de você.-Falei me aproximando dele, ele olhou pra mim com os olhos brilhando como se quisesse chorar e então virou o rosto, e deu alguns passos pra trás quando eu me aproximei.
Lucca: Se o meu pai que é meu pai conseguiu me abandonar, quem é você pra não fazer o mesmo?-Riu ironicamente e o meu coração doeu por ele, deve ser horrível viver com costume de ser abandonado.
-Eu sou a Mariana, Lucca.-Respondi, me aproximando dele, olhando bem dentro dos olhos dele pra transmitir toda sinceridade que eu não posso pôr em palavras e quando vi que ele já não ia se afastar eu acabei com a distância entre nós, passando os braços em volta da cintura dele e depositando um beijo no peito dele por cima da blusa mesmo.
Ele ficou estático por um tempo, mas depois passou os braços em volta do meu pescoço e descansou o queixo na minha cabeça, me apertando como se eu fosse fugir a qualquer momento.
Sem falar nada eu desfiz o abraço e puxei ele pra tomar banho, antes de deitar ele na cama e perguntar o que rolou.
Lucca: Você tá aqui.-Falou incrédulo, olhando pro teto quando eu deitei do lado dele.
-Eu tô aqui.-Falei sorrindo e passando a mão no cabelo dele que tava úmido por conta do banho.-Quer me contar o que aconteceu?-Perguntei e ele passou o braço em volta da minha cintura, me puxando pra mais perto e enfiando o rosto na curva do meu pescoço.
Lucca: O pai da Drika tá de volta.-Inspirou o meu cheiro, sem tirar o rosto dali antes de me apertar mais como se eu fosse fugir.
-Mas o pai dela também não é seu pai?-Perguntei sem parar o cafuné.
Lucca: Exato.-Respondeu e eu liguei os pontos, sou tão lerdinha às vezes.
Ele disse pra mim tudo que rolou hoje e depois continuou com o rosto enfiado ali na curva do meu pescoço. Continuei com o cafuné e subi mais a coberta por conta do ar fresco que vinha do ar condicionado batendo na gente.
Lucca: Não vai embora.-Escutei ele falar baixinho e depositar um beijo no meu pescoço antes da respiração dele ficar mais relaxada, sinal de que ele tinha adormecido.
Peguei o celular dele, por sorte não tinha senha, e mandei uma mensagem pra minha mãe dizendo que tava com ele só pra ela não se preocupar amanhã quando acordar e não me vir.
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Nossa História. - Livro I
Roman d'amour+16| Cidade De Deus, Rio de Janeiro.📍 "Encosta o corpo no meu Preta não solta a minha mão Se for pra te ver partir Vai partir meu coração." 1° livro da triologia 'Meu Primeiro Amor.' 𝓐-𝓥𝓲𝓻𝓰𝓲𝓷𝓲𝓪𝓷𝓪. ©2021.