Capítulo 53.

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Mariana.

Tava tirando os cabides que tavam sem roupas quando escutei a Dri gritando um Meu Deus, fui logo correndo ver o que era. Só não sei se é pelo meu espírito de maria fifi ou de preocupação né.

-Mulher, que foi?-Me joguei no pufe do lado dela vendo ela com a mão na boca, chocada.

Drika: A Paola, uma amiga minha que trabalha no postinho lá da favela falou pra mim que a Ana tá grávida.-Falou e eu arregalei os olhos e engoli em seco.

-Meu Deus...-Passei a mão na cabeça, pensando num monte de merda.

Drika: Cê tá bem, Mari?-Perguntou e eu assenti.-Você tá pálida, o que houve?

-Nada, só tô precisando jogar uma água no rosto.-Me levantei e fui pro banheiro dos funcionários.

"Meu Deus que não seja o que eu tô pensando, por favor."-Foi o que pensei enquanto fechava a porta e encarava o meu reflexo de completo desespero no espelho.

Na minha cabeça tava passando tanta coisa, ela e o Lucca de segredinho pra todo lado, ele não querendo me dizer o que era... Tudo me levava a pensar que se ele quer esconder isso é porque ele é o pai e não quer que eu saiba.

Passei a mão no cabelo, sentindo o meu olho lacrimejar e me apoiei no lavatório antes que eu caísse porque até tontura me deu.

-Não vamo chorar por antecedência, Mariana.-Abri a torneira e juntei as minhas mãos, acumulando água e jogando no rosto logo em seguida.-Eu tenho certeza que o Lucca tem uma explicação pra tudo isso, essa é a esperança na qual eu estou me agarrando pra não desmoronar agora.

Era tarde demais pra fingir que ele é só um ficante pra mim, era tarde demais pra fazer a Kátia e ignorar os meus sentimentos por ele, era tarde demais pra eu negar que todo esse tempo com ele não me fez querer ter ele sempre por perto, era tarde demais pra fingir que ele não tinha controle sobre os meus sentimentos, era tarde demais pra ignorar o jeito que o meu coração bate quando ele está por perto, era tarde demais fingir que eu não gostava dele o suficiente pra sair magoada dessa história.

Respirei fundo após fechar a torneira, sequei meu rosto e saí do banheiro após encarar o meu reflexo de acabada no espelho.

Drika: Tá melhor?-Perguntou, jogando uma garrafa de água na minha direção.

-Tô sim amor, obrigada.-Peguei a garrafa no ar e dei um gole tão grande que a água já tava no meio.

Passei o resto do expediente desejando que o tempo passasse voando pra deixar logo tudo às claras e colocar os pingos nos is com o Lucca, porém, quando tava faltando uns quinze minutos pra dar o horário o desespero começou a bater, tava com medo de como essa conversa ia acabar.

Enquanto estávamos no ônibus voltando pra casa resolvi ligar pro Lucca pra ver se ele tava disponível, atendeu no quarto toque.

📞

-Oi?-Falou com uma voz de sono.

-Oi, Lucca.-Mordi a minha unha, já nervosa.-É a Mariana.

-Resolveu parar de negar voz?-Perguntou e eu respirei fundo.

-Cê sabe muito bem o porquê de eu ter feito isso, mas ô, eu tô voltando pra casa agora e queria te ver pra conversar. Cê tá disponível?

-. Tô na minha goma, pode colar.

-Beleza.-Falei e finalizei a ligação.

📞

Olhei a Dri que tava dormindo com a cabeça apoiada no meu ombro e encostei a minha cabeça na dela, pensando em várias coisas.

{...}

Lucca: Entra aí.-Abriu mais o portão, dando espaço e eu entrei.-Tá tudo bem?-Perguntou depois que entramos na sala e sentamos no sofá.

-Sinceramente não, mas espero de coração que fique.-Respondi sentindo o meu coração dar uma apertada.

Lucca: Se for aquele assunto de novo eu já falei que é coisa boba, preta.-Tirou o boné, deixando do lado dele.

-Gravidez é coisa boba, Lucca?-Perguntei e ele olhou pra mim com o olho mó aberto.

Lucca: Como você ficou sabendo disso?-Coçou a cabeça.

-Isso não vem ao caso, o ponto é que eu já sei.-Olhei pras minhas mãos antes de continuar.-Quem é o pai da criança?-Perguntei olhando nos olhos dele e ele desviou o olhar.

Lucca: Sei não, preta.-Respondeu olhando pro nada, é óbvio que ele tava mentindo. Coisa que só fez eu desconfiar mais dele.

-Lucca.-Chamei e ele olhou pra mim.-Tem muita coisa errada passando na minha cabeça.-Olhei pra cima, tentando impedir as lágrimas de descerem.-Tudo que eu quero é que você seja sincero comigo pra gente superar isso e quem sabe um dia dar risada desse monte de mal entendido.-Limpei as lágrimas que desceram rápido.

Lucca: Chora não.-Se aproximou e pegou no meu rosto com as duas mãos.-Eu juro que se eu pudesse eu diria mas não dá.-Limpou as minhas lágrimas com o polegar.-Não por enquanto...

-Então...-Fechei os olhos, sentindo mais lágrimas descerem.-Então até esse dia chegar, o que a gente tem vai ter que terminar aqui.-Toquei no braço dele, sentindo ele acariciar o meu rosto devagar.-Pra mim não dá pra continuar com isso enquanto essa situação não se resolver.-Funguei sentindo ele beijar a minha cabeça.-Viver desconfiando de quem a gente gosta não me parece ser divertido.

Lucca: Eu tô ligado que não deve estar sendo fácil pra você preta, só te peço desculpas por estar sendo o motivo das suas lágrimas. Você merece mais...

Abaixei a minha cabeça e respirei com dificuldade, me afastando dele.

-Tá bom, então é isso LC.-Limpei o rosto com as mãos e me levantei, saindo da casa dele.

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