Capítulo 51.|📸

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Mariana.

Passou coisa de quatro dias desde que voltei da casa do Lucca, meu pescoço tava livre daquele maldito ferimento graças a Deus, tava com muito medo que ficasse cicatriz.

Segunda de noite o Lucca me trouxe pra casa, se desculpou horrores com a minha mãe que quando reparou no meu pescoço quase voou no dele, mas ficou mais calma quando eu expliquei que fui eu que insisti pra ele me levar junto.

Tava até pensando em esconder o pescoço mas não tenho maquiagem e todas as minhas roupas são de piriguete, única coisa que eu tenho que fosse talvez cobrir é moletom mas tá muito calor, pra variar.

Hoje mais cedo quando voltei da loja desfiz o curativo do meu pé que também já tava bom, pensa numa pessoa sortuda, sou eu de vez em quando.

Amanhã a dona Paula completa mais um aninho de vida e a Dri tá organizando um churras, vai só os mais próximos e vamos ficar curtido a tarde de sábado lá. Quando o Lucca disse pra mim que ela vai fazer quarenta e três anos eu fiquei chocada, eu dava pra ela uns trinta e oito/nove tranquilamente se ele não tivesse dito.

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-Olha que chique ela.-Falei abraçando a dona Paula com cuidado pra não derrubar o bolo de cenoura com cobertura de chocolate que eu fiz assim que ela abriu o portão.-Feliz aniversário, que essa data continue se repetindo por longos anos.-Sorri, me soltando dela.

Paula: Muito obrigada meu amor, entra.-Deu espaço e fechou o portão atrás de mim.-Achei que cê não fosse vir, sua mãe tá aqui desde cedo.

-Ih, o bolo deu mó trabalhão mas tamo aqui né.-Olhei pra ela, tava linda demais. O cabelo castanho dela tava com umas mechas loiras babadeiras.-Cê tá maravilhosa, sério.

Paula: Que exagero, você que tá.

Dei risada, desacreditada enquanto ia andando. Eu tava o básico do básico, vesti só um short de malha soltinho branco que era conjunto com o top de alça fina rosa que achei na sacola que a minha tia trouxe. Era um dos poucos looks que eu ainda não tinha usado. Nos pés joguei as minhas havaianas de lei e estou bem feliz assim.

Nem parecia que a tia que fazia aniversário, Drika tinha colocado uns funk pesadões pra tocar. A Dona Paula tava tão nem aí, me disse onde colocar o bolo e voltou pra mesa onde estavam a minha mãe e as amigas dela converdando e bebendo aqui no quintal.

Deixei o bolo numa mesa que tinha uma pá de comida desde salgados até doces e fui pra laje que é onde os jovens estavam.

Drika: Finalmente cê apareceu.-Passou por mim correndo na direção da churrasqueira, por pouco a linguiça e a picanha não queimaram.

Não tinha muita gente, até porque só tinha uma mesa montada. Nela tava o Ht, O Lucca que tava conversando baixo com a Ana, uns dois meninos que eu não conhecia e mais uma menina.

-Oi.-Sentei na cadeira vazia do lado do Lucca depois de cumprimentar o pessoal e ele e a Ana pararam de falar na hora, achei estranho mas fiz a plena né.

Ele me deu um selinho e perguntou se eu queria comer alguma coisa, ficou aquele clima que fica quando cê atrapalha a conversa de alguém então eu disse que eu mesma me servia.

Me levantei e fui pegar uma fanta vendo eles voltarem a conversar, tava criando um monte de paranoia na minha cabeça já. Fui até o freezer e peguei uma fanta de laranja, abri dando um gole e fui ficar com a Dri na churrasqueira.

Drika: Cê tá muito calada hoje, tá tudo bem?-Perguntou e soltou o garfo próprio para churrasco, rebolando sincronizado com funk que tava tocando.

-Ahram, só tô meio pensativa hoje.-Respondi e ela me olhou com aquela cara de quem não se convenceu mas também não insistiu.

Tava curtindo a música e conversando com a Dri quando senti dois braços em volta da minha cintura e alguém apoiando o queixo no meu ombro. Pelas tatuagens no braço soube logo que era o Lucca.

Lucca: Cê tá bem?-Deu um beijo no meu pescoço e eu só assenti com a cabeça.-Eu te conheço preta, quando você não responde falando é porque não tá. Fala comigo, pô.

-Eu tô bem, não é nada.-Falei tentando convencer ele.

Lucca: E tá distante de mim por quê?

-Só tô dando espaço pra você e a Ana conversarem à vontade, uai.-Dei de ombros.-Cês param de falar sempre que eu chego perto.

Lucca: Coisa nossa, pô. Mas cê não precisa ficar desse jeito não.

-Só acho estranho que desde que eu cheguei na favela nunca tinha visto vocês tão próximos, agora não desgrudam.-Suspirei.-Se vocês estiverem sentindo algo um pelo outro você pode falar pra mim.

Lucca: A única mina que foi capaz de despertar um sentimento fora do comum em mim foi você, pô.-Me virou e acariciou o meu rosto.

-Tá né.-Falei sentindo ele beijar a minha cabeça.

A Ana logo veio chamar ele pra mostrar algo que aparentemente mais ninguém podia ver, pois eles tiveram que ir lá pra baixo. Revirei os olhos e dei graças a Deus quando a Dri terminou o trabalho na churrasqueira, ela montou um pratão pra nós duas e quando fomos nos sentar a Ana e o Lucca voltaram.

Parei de "comer" rapidão só pra Dri tirar uma foto minha e postei no meu status do whats.

Drika: Eu tô ficando preocupada com você de verdade, cê nem tá tocando na comida direito.-Comentou pegando batata.

-Tô me um pouco indisposta.-Falei olhando a Ana e o Lucca rindo de algo.-Eu vou pra casa amiga, vou tentar dormir pra ver se me sinto um pouco melhor.-Me levantei.

Ela perguntou se tá tudo bem mesmo e depois que eu confirmei ela assentiu. Dei tchau pra todos e o Lucca veio atrás de mim.

Lucca: Já vai por quê?

-Lembrei que tenho que ajudar a minha mãe.-Falei a primeira desculpa que me veio na cabeça.

Lucca: Mas a sua mãe não tá lá embaixo?-Perguntou confuso.

-Ajudar fazendo algo pra ela, não falei que ela vai estar comigo.-Menti mesmo, queria logo sair daqui, tava me sentindo pior que sobra.

Lucca: Tá bom.-Fez menção de me dar um selinho e eu virei o rosto, fazendo ele dar na minha bochecha.

-Tchau.-Sorri e desci apressada.

Não consigo fingir que tá tudo bem quando algo não tá. Pra mim tava mais do que óbvio que tem algum segredo rolando entre ele e a Ana, amanhã se eu acordar mais disposta eu falo com ele.

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Meu Status.

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