Capítulo 3.

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Mari.

Desliguei a ligação e joguei o celular na cama, era a Dri dizendo pra me arrumar que a entrevista é hoje, ela vai passar aqui quando terminar de se arrumar e a gente vai.

Me deu um frio na barriga mas tenho fé que vai dar tudo certo... ou não né, vai ser o que Deus quiser. Abri o meu guarda-roupas e separei uma calça jeans de lavagem clara, uma blusa preta e a jaqueta que faz conjunto com a calça. Corri pra gaveta da cômoda e separei também um conjunto de calcinha e sutiã preto, em seguida fui pro banheiro.

Eu não sei o que me deu ontem que eu lavei o cabelo e finalizei, ainda bem porque seria o perrengão do ano se tivesse que fazer hoje em tão pouco tempo.

Já adequadamente vestida, calcei o meu tênis converse all star preto, passei perfume, me olhei no espelho arrumando o meu cabelo, taquei o celular e a chave de casa na bolsa pequena que separei e fiz uma oração rápida antes de sair do quarto.

Lúcia: Caiu da cama?-Perguntou, é estranho mesmo eu acordar cedo.

Neguei rindo.-A Dri me ligou dizendo que a chefe dela me chamou pra ir hoje.-Dei um beijo na cabeça dela e peguei uma banana na fruteira.

Lúcia: Que bom, meu amor.-Sorriu.-Não quer que eu prepare algo pra vocês levarem?

-Não mãe, tá de boa.-Deitei a casca da banana na lixeira e lavei as mãos na pia.-Vou esperar a Dri lá na calçada, tá?

Lúcia: Tá levando dinheiro?-Chegou mais perto, ajeitando o cinto na minha calça e eu fiz que sim com a cabeça.-E currículo, não precisa?

-A Dri já levou na terça-feira.

Lúcia: Tá bom.-Alisou a minha jaqueta com a mão e deu um tapa na minha bunda.-Gostosa!

-Que nem a minha mãe.-Falei rindo.-Aproveita seu último dia de descanso pra fazer isso mesmo, DESCANSAR.-Falei dando ênfase no "descansar."

Lúcia: Tá certo, mãe.-Falou ironicamente.-Vai com Deus, te amo.

-Fica com ele, te amo mais.

Assim que tranquei o portão foi só eu me virar pra ver a Dri vindo pra cá, tava gata como sempre, usando um macaquinho jeans, de lavagem escura com alcinha.

Drika: Bom dia.-Sorriu pra mim e já passou o braço no meu, já tinha virado um hábito dela e eu também tava pegando essa mania.

-Bom dia.-Sorri de volta e fomos descendo o morro.-Vamos de ônibus ou de uber?

Drika: Uber, já chamei. O último ônibus passou...-Olhou pro relógio no pulso.-Há uma hora, daqui o próximo só passa lá pras duas da tarde.

-Hm.-Murmurei.-Você avisou que eu sou preta?-Perguntei.-Infelizmente é um detalhe que pesa muito na sociedade.

Drika: Relaxa, Mari.-Ela falou.-No teu currículo tem a sua foto, lembra? E outra...-Continuou.-a dona da loja é preta também, a gerente é a filha dela, ou seja, também é preta.

-Porra.-Soltei um suspiro de alívio porque querendo ou não isso ia ter influência na decisão de me contratar ou não.-Parece que tiraram um elefante das minhas costas, na moral.

Nervosismo impede a gente de pensar mesmo, antes de entregar o currículo pra Dri eu ainda olhei a minha foto.

A gente foi conversando bastante, nisso eu fui olhando pra tudo quanto era lado, aproveitar conhecer as coisas já. Mais pra frente fica a segunda boca, chegando perto levantei o olhar vendo dois caras na laje, um em pé e outro sentado fumando.

Na hora o olhar do que tava em pé desceu e parou em mim, chega arrepiei. Lindo demais, branquinho com cara de mau, todo tatuado e mesmo estando lá em cima deu pra ver que é alto e magro, tava sem camisa, não é aqueles caras saradão mas tem o tanquinho levemente defenido, tava só de bermuda com estampa militar. A gente ficou se encarando legal, eu até queria desviar mas não conseguia, ele deu um toque no cara sentado lá que levantou e me olhou também, depois falou algo pra ele. Nisso eles foram ficando pra trás e desviei o olhar voltando a prestar atenção no que a Dri tava falando.

 Nisso eles foram ficando pra trás e desviei o olhar voltando a prestar atenção no que a Dri tava falando

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Drika Pinheiro, Dri.| 18 anos.

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