Capítulo 50.

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LC.

Peguei um moletom pra mim e outro pra preta porque nesse horário geralmente sempre faz frio, nem parece a amostra de inferno que é quando dá oito da manhã.

69 mandou o papo que já jogou a mochila com os bagulho aqui no meu quintal então não ia precisar passar na boca.

Mariana: Obrigada por me deixar ir com você.-Vestiu o moletom que ficou que nem uma camisa de força por conta do tamanho, só não dei risada porque ainda tava lerdão por conta do sono.

-Tranquilo, não queria te envolver nas minha parada mas é o jeito né?-Dei de ombros e me aproximei dela, tirando o cabelo que ficou preso dentro do moletom.

Mariana: Obrigada.-Levou a mão à boca, bocejando e ergueu os braços fazendo um coque no topo da cabeça.

A gente deu uma passada no banheiro pra jogar uma água no rosto e escovar os dentes antes sair atrás do endereço combinado.

Tava mó escuro e frio, pilotei a milhão, só querendo voltar pra minha cama quentinha e dormir até meio dia.

Menos de dez minutos a gente chegou em um bairro na zona norte, o cara falou que ia estar esperando na primeira rua então parei a moto na entrada.

Desci o tripé dela, guardando a chave no bolso do meu moletom e desci arrumando a mochila nas minhas costas.

-Vou lá rapidão e logo menos tô de volta, tá?-Peguei no rosto da preta, que assentiu e dei um selinho nela vendo um cara parado vestido todo de preto quase no final da rua.

Porra, não sei o que era mais sinistro, o bairro cheio de lixo jogado no chão fedendo a merda de cão, cachaça e tudo de ruim que se pode imaginar ou o fato do cara estar suando como se tivesse saído de uma maratona sendo que tá frio pra caralho.

-Porra.-O cara falou esfregando o nariz.-Demora do caralho, passa logo os bagulho.-Fez menção de chegar perto pra pegar a mochila e eu neguei com a cabeça, me afastando na hora.

Vê se pode, sair de casa uma hora dessas pra lidar com viciado, puta que pariu.

-Tu tá ligado que o bagulho não é bem assim não, quero o pagamento na minha mão aí te dou os negócio.-Cruzei os braços na altura do peito vendo ele bater na própria cabeça várias vezes.

-SAI DO MEU PÉ, PORRA.-Gritou fechando os olhos.-Eu já falei que é a última vez, mãe.-Apertou a cabeça e abriu os olhos devagar.

-Tenho todo tempo do mundo não porra, tem mãe nenhuma aqui não cara.-Tava ficando boladão já.

-Tudo bem, ela já foi.-Falou pra si mesmo.-Tudo bem, ela já foi.-Riu, mostrando os dentes amarelos e desgastados.-Pô cara, tenho dinheiro não. Mas cê pode dar os bagulho, da próxima eu pago.

-Tá tirando?-Perguntei e respirei fundo pra não cair no soco com esse cadáver humano.-Não é assim que funciona, tá achando que tá na Disney?

Dei as costas pra ele, voltando a andar na direção da moto e só vi ele passar por mim correndo rapidão e pegar algo no chão antes de puxar a preta que tava mó distraída mexendo no celular pra frente dele.

-TÁ MALUCO FILHO DA PUTA?-Gritei indo na reta dele mas parei quando ele gritou de volta ameaçando machucar ela.

-FICA AÍ ONDE VOCÊ TÁ OU EU RASGO O PESCOCINHO LINDO DELA.-Passou algo que eu reconheci ser um caco de garrafa no pescoço dela de leve e ela fechou os olhos, deixando uma lágrima cair.

-Quê que tu quer mano? Deixa ela porra, ela não fez nada pra ti cara.

-Não.-Sorriu e cheirou o pescoço dela que engoliu em seco.-Ela não fez mas você SIM.-Limpou o suor caindo da testa com a manga do moletom.-Sabe, minha mãe sempre me disse que a fraqueza do homem é a mulher.-Jogou a cabeça pra trás, rindo alto.-Parece que ela tava certa. Enfim, eu não peguei a gostosa aqui.-Apertou a cintura dela e eu dei mais um passo, foi o erro porque foi só ele ver que passou o caco fazendo um pequeno corte no pescoço dela.-Tô sendo paciente, já falei pra tu ficar longe! Da próxima eu vou me certificar de atingir uma veia pra ela morrer de vez.

-Tá tudo bem, preta, eu juro que vai ficar tudo bem.-Falei olhando nos olhos dela que só chorava baixinho mas ainda assim ela assentiu.-O que cê quer é droga né?-Tirei rápido a mochila das costas e joguei os bagulho tudo no chão do lado dele.

Ele olhou pra mim, olhou pro chão, olhou pra mim, olhou pro chão, abaixou pra pegar tudo e saiu correndo pra fora do bairro.

Suspirei aliviado e a preta veio correndo na minha direção. Abracei ela com força, sentido o coração dela bater rápido e as mãos dela apertando o meu moletom enquanto ela soluçava.

Mariana: Eu pensei que ele fo-fosse...

-Shh.-Peguei na nuca dela, fazendo ela olhar pra mim.-Eu tô aqui, eu jamais deixaria isso acontecer.-Limpei as lágrimas dela com o meu polegar e o sangue escorrendo no pescoço dela com a manga do meu moletom.-Vamo pra casa cuidar disso.-Beijei a testa dela e montamos na moto.

A gente chegou rapidão. Fui logo no banheiro pegar o algodão e a água oxigenada que tinha aqui antes de ir pro quarto.

Mariana: Me desculpa.-Pediu baixinho enquanto eu passava o algodão molhado no machucado, graças a Deus não era grande coisa, se pá até o fim da semana já nem vai ter nada.

-Desculpa por quê? Eu que te peço desculpas por ter te envolvido nisso.-Dei um beijo no maxilar dela e me levantei, indo deitar o algodão no banheiro.

Mariana: Mas nada disso teria acontecido se eu não tivesse insistido pra ir com você.-Escutei a voz dela atrás de mim e me despi, jogando a roupa no cesto.

-A culpa não foi sua, preta.-Ergui os braços dela tirando o moletom e o blusão, e jogando no cesto também.

Ela terminou de tirar a roupa enquanto eu liguei o chuveiro, esperando a água ficar quente. Em seguida entramos no box, debaixo da água e ela me abraçou, respirando fundo.

Mariana: Não vai dar problema pra ti devolver a mochila sem o pagamento?-Perguntou levantando a cabeça, pra olhar pra mim.

-Eu vou explicar a situação, se der b.o eu pago com o meu dinheiro, fazer o quê.-Desci a mão pra bunda dela, dando uma apertada e ela sorriu safada.

Ela ficou na ponta do pé e colou os nossos lábios, peguei na nuca dela, tomando o controle do beijo e desci as mãos para as pernas dela, dando impulso pra ela saltar no meu colo, coisa que ela fez na hora.

Ecostei as costas dela na parede e ela já desceu a mão pro meu pau, encaixando na entrada dela.

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