Capítulo 56.

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Maratona.
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Mariana.

-Cê não tem nada pra me falar não?-Cutuquei a Drika que tava quase dormindo, essa menina só sabe fazer isso quando a gente entra no ônibus, papo reto.

Drika: Tipo o quê?-Respondeu meio lerda enquanto esfregava os olhos.

-Tipo, ah Mari, troquei seu número com o Pedro do dia da praia sem o seu consentimento.-Debochei e ela revirou os olhos.

Drika: Mó tempão já, ele só te chamou hoje?

-Que nada, eu que esqueci mesmo.-Olhei a paisagem lá fora.-Ele me chamou no começo da semana passada.-Finalizei bocejando.

Drika: Ele tava enchendo muito o meu saco cara, tive que dar.-Deu de ombros.-Sem contar que ele ainda desenrolou um amigo gato dele pra mim, foi uma troca justa.

-Você com certeza é o tipo de amiga que me venderia pra um árabe em troca de dinheiro né?-Perguntei imaginando a cena.

Drika: Longe de mim.-Fez uma cara de ofendida, globo corre aquiiii.-Mas assim...-Me cutucou com o ombro.-Cê tá sabendo de algum Árabe que queira te comprar?

-Sai fora, Drika.-Empurrei ela de leve.-Tô bem de amizade mesmo.-Neguei com a cabeça e ela começou a gargalhar que nem hiena, geral tava olhando já.-Se aquieta menina.-Bocejei, descansando a minha cabeça no encosto do banco.

Drika: Cê tá com umas olheiras horríveis, hein nega, tá passando noite em claro?-Perguntou preocupada.

-Aff, sim. O máximo que eu venho conseguido dormir é umas quatro horas.

Drika: Você e o Lucca...

-Não começa, Dri.-Interrompi ela. Já sabia que ia começar a ladainha de sempre, "Você e o Lucca precisam conversar, se entender porque nenhum dos dois parece feliz com esse 'término' repentino" e blá blá blá.

Drika: Não sei quem dos dois é mais cabeça dura, Meu Deus!-Revirou os olhos.-Eu desisto de tentar colocar juízo na vossa cabeça seus masoquistas do caralho, querem sofrer? Sofram!-Fechou os olhos puta antes de deitar a cabeça no meu ombro.

O resto do caminho eu fiquei pensando no Lucca, se ele já tinha esquecido de mim, se ele não me chamava por respeitar a minha decisão ou por já ter encontrado outra pra suprir a falta que eu fazia, se é que eu fazia...

Assim que cheguei em casa já fui me trocar pra dar uma geral, não tava uma zona mas eu não tinha nada pra fazer então arrumei tudo e fiz o almoço também.

Terminei rapidão, o tempo passa tão lento quando cê não tem mais nada pra fazer além daquilo. Fui tomar meu banho após comer, meus pelos já tavam crescendo então bati a gilete, lavei meu cabelo e finalizei.

-Já tô indo.-Falei após escutar batidas no portão.-Joguei as roupas que tirei do varal no cesto e levei lá pra dentro antes de voltar pro quintal e abrir o portão.

Ana: Finalmente hein.-Passou a mão na testa, limpando o suor quando eu abri o portão.

-Cê não veio aqui por engano não?-Perguntei meio confusa e ela negou com a cabeça.

Ana: Preciso falar com você.

-Pode entrar.-Dei espaço e fomos até a sala.-Fica à vontade, pode sentar.-A menina só faltava desmaiar de tão ofegante que tava.-Quer um copo de água?

Ana: Se não for incomodar eu aceito sim.-Sentou no sofá e eu fui pra cozinha pegar rápido.

-Aqui.-Dei pra ela e ela agradeceu antes de beber tudo em apenas três goles.

Ana: Fiquei sabendo que você e o Lucca pararam de ficar, até perguntaria o porquê mas tá óbvio demais que tem a ver com a minha relação com ele.

-Gostaria de poder negar mas tem sim.-Suspirei.

Ana: Mariana eu e o Lucca já ficamos, isso é verdade.-Começou.-Mas foi coisa de momento, cara. Se for por mim você pode ficar despreocupada, a nossa relação é de pura amizade e disso jamais passará.

-Ele que te mandou aqui?-Perguntei já impaciente e me sentei no braço do sofá.

Ana: Não.-Balançou a cabeça.-Eu nem vejo ele desde o aniversário da tia Paula.

-Então suponho que você não saiba que eu sei que você tá grávida.-Falei e ela arregalou o olho.

Ana: Como você ficou sabendo?-Perguntou nervosa.-O Lucca falou pra ti?

-Relaxa, ele manteve o vosso segredinho.-Ri ironicamente antes de continuar.-...tão bem que esse foi o motivo do nosso desentendimento, eu tomei o silêncio dele como uma tentativa de esconder que ele é o pai. Por isso resolvi colocar um fim em seja lá o que foi aquilo que nós dois tivemos.-Finalizei.

Ana: Quê?-Riu como se eu tivesse contado a melhor piada do século.-O filho não é do Lucca não, Mariana.-Falou séria.-É do Negão, o cara que comanda a favela. Por isso a minha gravidez tá sendo tão sigilosa, ele e eu temos medo que façam algum mal comigo por conta dessa criança e como o Lucca é um dos poucos amigos que eu tenho acabei desabafando com ele, consequentemente ele teve que manter esse segredo junto com as poucas pessoas que sabem.-Parou de falar e tirou o celular do bolso do short, indo pra galeria e mostrando uma foto do teste de DNA onde dizia que o tal do Negão era o pai.

-Meu Deus...-Foi tudo o que consegui falar. Eu tava chocada, estupefata, mas acima de tudo, me sentindo a maior idiota de todos os tempos. Esse tempo todo ele só tava sendo leal às pessoas que ele gosta e eu aqui pensando um monte de merda.

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