Maratona.
{1/3}Mariana.
-Cê não tem nada pra me falar não?-Cutuquei a Drika que tava quase dormindo, essa menina só sabe fazer isso quando a gente entra no ônibus, papo reto.
Drika: Tipo o quê?-Respondeu meio lerda enquanto esfregava os olhos.
-Tipo, ah Mari, troquei seu número com o Pedro do dia da praia sem o seu consentimento.-Debochei e ela revirou os olhos.
Drika: Mó tempão já, ele só te chamou hoje?
-Que nada, eu que esqueci mesmo.-Olhei a paisagem lá fora.-Ele me chamou no começo da semana passada.-Finalizei bocejando.
Drika: Ele tava enchendo muito o meu saco cara, tive que dar.-Deu de ombros.-Sem contar que ele ainda desenrolou um amigo gato dele pra mim, foi uma troca justa.
-Você com certeza é o tipo de amiga que me venderia pra um árabe em troca de dinheiro né?-Perguntei imaginando a cena.
Drika: Longe de mim.-Fez uma cara de ofendida, globo corre aquiiii.-Mas assim...-Me cutucou com o ombro.-Cê tá sabendo de algum Árabe que queira te comprar?
-Sai fora, Drika.-Empurrei ela de leve.-Tô bem de amizade mesmo.-Neguei com a cabeça e ela começou a gargalhar que nem hiena, geral tava olhando já.-Se aquieta menina.-Bocejei, descansando a minha cabeça no encosto do banco.
Drika: Cê tá com umas olheiras horríveis, hein nega, tá passando noite em claro?-Perguntou preocupada.
-Aff, sim. O máximo que eu venho conseguido dormir é umas quatro horas.
Drika: Você e o Lucca...
-Não começa, Dri.-Interrompi ela. Já sabia que ia começar a ladainha de sempre, "Você e o Lucca precisam conversar, se entender porque nenhum dos dois parece feliz com esse 'término' repentino" e blá blá blá.
Drika: Não sei quem dos dois é mais cabeça dura, Meu Deus!-Revirou os olhos.-Eu desisto de tentar colocar juízo na vossa cabeça seus masoquistas do caralho, querem sofrer? Sofram!-Fechou os olhos puta antes de deitar a cabeça no meu ombro.
O resto do caminho eu fiquei pensando no Lucca, se ele já tinha esquecido de mim, se ele não me chamava por respeitar a minha decisão ou por já ter encontrado outra pra suprir a falta que eu fazia, se é que eu fazia...
Assim que cheguei em casa já fui me trocar pra dar uma geral, não tava uma zona mas eu não tinha nada pra fazer então arrumei tudo e fiz o almoço também.
Terminei rapidão, o tempo passa tão lento quando cê não tem mais nada pra fazer além daquilo. Fui tomar meu banho após comer, meus pelos já tavam crescendo então bati a gilete, lavei meu cabelo e finalizei.
-Já tô indo.-Falei após escutar batidas no portão.-Joguei as roupas que tirei do varal no cesto e levei lá pra dentro antes de voltar pro quintal e abrir o portão.
Ana: Finalmente hein.-Passou a mão na testa, limpando o suor quando eu abri o portão.
-Cê não veio aqui por engano não?-Perguntei meio confusa e ela negou com a cabeça.
Ana: Preciso falar com você.
-Pode entrar.-Dei espaço e fomos até a sala.-Fica à vontade, pode sentar.-A menina só faltava desmaiar de tão ofegante que tava.-Quer um copo de água?
Ana: Se não for incomodar eu aceito sim.-Sentou no sofá e eu fui pra cozinha pegar rápido.
-Aqui.-Dei pra ela e ela agradeceu antes de beber tudo em apenas três goles.
Ana: Fiquei sabendo que você e o Lucca pararam de ficar, até perguntaria o porquê mas tá óbvio demais que tem a ver com a minha relação com ele.
-Gostaria de poder negar mas tem sim.-Suspirei.
Ana: Mariana eu e o Lucca já ficamos, isso é verdade.-Começou.-Mas foi coisa de momento, cara. Se for por mim você pode ficar despreocupada, a nossa relação é de pura amizade e disso jamais passará.
-Ele que te mandou aqui?-Perguntei já impaciente e me sentei no braço do sofá.
Ana: Não.-Balançou a cabeça.-Eu nem vejo ele desde o aniversário da tia Paula.
-Então suponho que você não saiba que eu sei que você tá grávida.-Falei e ela arregalou o olho.
Ana: Como você ficou sabendo?-Perguntou nervosa.-O Lucca falou pra ti?
-Relaxa, ele manteve o vosso segredinho.-Ri ironicamente antes de continuar.-...tão bem que esse foi o motivo do nosso desentendimento, eu tomei o silêncio dele como uma tentativa de esconder que ele é o pai. Por isso resolvi colocar um fim em seja lá o que foi aquilo que nós dois tivemos.-Finalizei.
Ana: Quê?-Riu como se eu tivesse contado a melhor piada do século.-O filho não é do Lucca não, Mariana.-Falou séria.-É do Negão, o cara que comanda a favela. Por isso a minha gravidez tá sendo tão sigilosa, ele e eu temos medo que façam algum mal comigo por conta dessa criança e como o Lucca é um dos poucos amigos que eu tenho acabei desabafando com ele, consequentemente ele teve que manter esse segredo junto com as poucas pessoas que sabem.-Parou de falar e tirou o celular do bolso do short, indo pra galeria e mostrando uma foto do teste de DNA onde dizia que o tal do Negão era o pai.
-Meu Deus...-Foi tudo o que consegui falar. Eu tava chocada, estupefata, mas acima de tudo, me sentindo a maior idiota de todos os tempos. Esse tempo todo ele só tava sendo leal às pessoas que ele gosta e eu aqui pensando um monte de merda.
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Nossa História. - Livro I
Romance+16| Cidade De Deus, Rio de Janeiro.📍 "Encosta o corpo no meu Preta não solta a minha mão Se for pra te ver partir Vai partir meu coração." 1° livro da triologia 'Meu Primeiro Amor.' 𝓐-𝓥𝓲𝓻𝓰𝓲𝓷𝓲𝓪𝓷𝓪. ©2021.