Capítulo 1

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Minha barriga parece o oceano na fase de lua cheia, não para de fazer barulho e revirar, parece até mesmo uma máquina de lavar roupa que fica girando e girando, e não para de girar

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Minha barriga parece o oceano na fase de lua cheia, não para de fazer barulho e revirar, parece até mesmo uma máquina de lavar roupa que fica girando e girando, e não para de girar. É o quarto dia desta semana que vomito pela manhã, minha barriga é uma loucura e nem se fale no gosto horrível do café da manhã que fica na boca.

Dou descarga e saio. Pietro se ergue da cama e me encara com seu típico semblante de preocupação.

─ Estou ótima. ─ Digo, pegando o copo de água de sua mão.

Tomo toda a água com a intensão que esse gosto ruim desapareça, mas infelizmente prevalece. Entrego o copo para Pietro, calço um sapato de salto e agarro minha bolsa e meu celular, encaro a tela e reviro os olhos ao ver o nome "Gui", exibindo a sexta ligação desde ontem à noite.

Sério, não aguento isso nos homens! O cara me deu um chute na bunda, mandou eu escolher entre o trabalho e ele, e depois começa a me ligar, mandar presentinho para tentar reconquistar meu coração, mas advinha? Sou casada com meu trabalho e não vou trai-lo com um idiota que não suporta o fato de uma mulher ser mais poderosa que ele.

Gui não faz a menor ideia de como sofri para ser o que sou, não faz ideia do quanto chorei para alcançar o meu nome nas revistas espanholas.

Somente eu sei o que passei nessa vida para chegar aqui, sai do Brasil fugindo de uma vida que não queria e do amor do meu melhor amigo, quando cheguei aqui, me apaixonei pela maneira de como as pessoas se vestiam, achei uma velha máquina de costura da minha avó e em dois meses ela conseguiu me ensinar o básico, no começo costurava para me distrair, mas depois que minha avó morreu e meu avô ficou doente, comecei a costurar minhas próprias roupas para economizar o dinheiro para comprar remédio para meu avô. Quatro meses da morte da minha avó, meu avô também me deixou, meus pais queriam me enviar de volta ao Brasil e eu tive que lutar para convencê-los a me deixar, me deixaram uma boa quantia de dinheiro, mas disseram que depois que acabasse, eu deveria voltar... não queria voltar, e não estava disposta a abandonar Madrid.

Na Espanha o nome Ferrarini não era conhecido, não era uma pessoa importante das quais os homens se aproximariam para se aproveitar de meu bom nome, ou para se aproximar de meus pais, por isso amo tanto este lugar, porque construí o meu legado, sozinha. Vendi a enorme casa dos meus avós, Pietro tinha problema em casa e o chamai para morar comigo num pequeno apartamento no subúrbio, juntei o dinheiro dos meus pais com o dinheiro da venda da casa, comprei uma loja na qual comecei a vender minhas próprias roupas, com o restante do dinheiro, paguei minha faculdade de moda e a de administração de Pietro, sempre estávamos revessando para quem cuidar da loja e com a ajuda de Pietro, consegui economizar em muitas coisas, ele sempre foi bom em administrar meu negócio.

No meu último ano da faculdade um homem se interessou por minha loja e me fez um acordo, queria investir em mim e com uma porcentagem dos meus lucros, fizemos uma associação só que estabeleci um contrato com um prazo de quinze anos, caso terminasse de pagar a ele tudo o que ele investiu em mim, eu seria a única dona das Boutiques Ferrarini. Este ano termino de pagar a ele e fico livre do contrato, tornando-me a única dona. Não construí minha marca do dia para noite, chorei, passei noites acordadas costurando, desenhando e controlando minhas crises de ansiedade em meio a prazos de entrega dos meus modelos.

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