Capítulo 4

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Estou vigiando a hora, desde manhã, não param de me ligar para confirmarem sobre minha gravidez

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Estou vigiando a hora, desde manhã, não param de me ligar para confirmarem sobre minha gravidez.

Mikaela Ferrarini, mamãe da moda?

No decorrer das cinco da manhã o celular de Pietro não parava de chegar mensagem e quando pisei o pé para fora do elevador, as portas do meu prédio estavam lotadas de jornalistas e fotógrafos, foi um custo para conseguir escapar de casa. Entrei no aeroporto de óculos e com uma echarpe cobrindo minha boca e meu nariz, mas isso não foi o suficiente para passar despercebida, vi muitos flesch em minha direção, mas não parei até entrar no avião.

Pousamos às oito horas da noite e mal consigo sentir minha bunda, devo acrescentar mais vinte minutos no táxi, mas depois de tanta demora, aqui estou, parada à frente de casa sem conseguir dar os primeiros passos para entrar.

Pego minha mala e no primeiro passo que dou, os portões elétricos se abrem e a primeira imagem que vejo é a do meu pai correndo em minha direção e minha mãe um pouco atrás, retirando os saltos para conseguir correr melhor. Papai chega como um terremoto, quase me jogando no chão e mamãe, logo me aperta contra seu corpo e sinto papai dar entrar no abraço também.

Como sentir falta disso. Da família. Do amor.

─ Quando Mauricio disse que você estava no portão mal acreditei. ─ Papai diz, com lágrimas nos olhos.

─ Eu disse que podia confiar, Senhor, nunca me esqueceria do rosto da senhorita Mikaela. ─ Mauricio, o segurança, fala, acenando para mim. Saio dos braços dos meus pais e entrego um abraço ao homem de 35 anos que não mudou nada desde que fui embora. ─ Está muita crescida, Senhorita Mikaela e muito bonita também.

─ Obrigada e devo dizer o mesmo do senhor.

─ Mauricio, leve a mala de Mikaela para dentro. Venha, minha princesa, vamos entrar para que conte as novidades. ─ Meu pai diz, segurando minha mão esquerda e mamãe agarra minha mão direita e seguimos para dentro da propriedade.

Olho ao redor e as coisas não parecem ter mudados muito, a grama verde enfeitando a entrada, uma fonte contribuindo para a elegância da mansão. Ao entrar, vejo fotos minhas espalhadas para todos os lugares, em alguns porta-retratos encontro recortes de jornais que condecoram como uma sensação jovem da moda e reportagens falando sobre minhas boutiques.

─ Sempre estamos tentando acompanhar sua vida. ─ Mamãe diz, tirando o porta-retrato da minha mão e me levando para sala de estar. ─ Então, meu amor, nos conte tudo.

Nem sei por onde começar. Os vendo tão animados com a minha chegada, acredito que não seja o momento ideal para ser usar o termo “avós”.

─ Podemos conversar depois, estou louca por um banho. ─ Desvio da pergunta.

─ Claro. Mas no jantar você deverá nos contar tudo, ok? ─ Minha mãe beija minha testa, papai faz o mesmo e antes que eles joguem mais perguntas ou mais abraços, sigo para o andar de cima, recordando de como é cada detalhe, e quando meu corpo entrar em meu antigo quarto é como se minha cabeça associasse o passado, uma garota de 17 anos, achando viver no quarto mais luxuoso do mundo.

Saio do banho e encontro minha mala em cima da cama. A abro e vejo uma caixa de veludo, as típicas que recebemos com alguma joia dentro, mas no meu caso é o meu teste de gravidez. Pego pequeno bilhete ao lado dela, sorrio ao ver a caligrafia desmazelada de Pietro.

Presente para o vovô e a vovó.

Não acredito que ele guardou meu teste de gravidez. Deixo a pequena caixa sobre a cama e me visto com uma roupa leve. Havia até me esquecido como é no Brasil, o calor, o tempo às vezes um pouco seco e é até um milagre que eu tenha roupas leves ou curtas, Madrid tem uma temperatura que me faz bater o queixo.
Desço as escadas e encontro meus pais. Mamãe é a primeira a notar a caixa em minha mão, ela levanta, batendo palma e apontando as mãos na direção da caixa.

─ Sabia que iria trazer presente para a mamãe aqui. ─ Ela toma a caixa de minhas mãos e quando seus olhos deparam com o presente, sua boca abre e uma de suas mãos começa a balançar, provocando um falso vento.

─ Henrique! ─ Minha mãe da pulinhos, pega o teste e mostra para meu pai, que não revela estar surpreso. Ele sabia. Mas como?

Papai se levanta e sorrir. Me dá um abraço e um beijo curto na cabeça.

─ O Gui deve estar pulando de felicidade.

─ Não. ─ Os olhos dos dois se arregalam. Agora sim, consigo notar o espanto em suas faces. — O Gui não é o pai.

─ Tem outro namorado?

─ Não.

─ Filha, você está me assustando. ─ Mamãe diz, apreensiva.

─ Mãe, pai, o bebê foi concebido fora de um relacionamento. Foi apenas uma noite em que bebi um pouco mais da conta. ─ Abaixo a cabeça com vergonha dos meus próprios atos.

Minha mãe se afasta um pouco. A vejo respirar com dificuldade e tenho medo que ela sofra algum ataque de pânico, que a pressão dela caia, minha mãe é sensível em receber notícias fortes. Meu pai repara minha imagem e me puxa para seu corpo, beija o alto da minha cabeça e sussurra: Vai ficar tudo bem, eu estou aqui, minha princesa. Não tem nada do que se assustar, eu sempre vou estar do seu lado.

Respiro fundo, não deixando que meus olhos desistam de repreender as lágrimas.

─ O Thomas é o pai. ─ Solto e dessa vez os papeis se invertem. Mamãe volta a dar pulos de felicidade e me abraçar, querendo saber dos detalhes e meu pai se afasta, me julgando com seu olhar.

─ Como assim... o Thomas Reis é o pai?

─ Sim.

─ Ele é noivo, Mikaela. — Brada.

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